OS EMERGENTES DESAPARECERÃO?
(03/08/2001)

Qual será o destino dos países emergentes que descuidaram de suas contas internas e externas e vivem acumulando déficit sobre déficit, ano após ano, num continuo processo de deterioração de suas contas? Eis uma questão dramática, pois envolve o destino de milhões de seres humanos.

O que se colhe no presente é o futuro como fruto do passado. O exemplo da moda é a Argentina. A sua decadência explica a decadência dos demais países emergentes. O que primeiro faltou não foi capital, faltou principalmente seres humanos educados, com preparo para a vida, para construir, para beneficiar.

Os países emergentes da América Latina, receberam desde a fase de sua descoberta uma população ávida pelo enriquecimento fácil, com um pé aqui e outro na Europa, onde queriam exibir os frutos de suas conquistas. Tal hábito perdura até hoje. Estima-se que a dívida externa da Argentina não seja muito superior à riqueza que os argentinos possuem lá fora, em contas bancárias normais ou em paraísos fiscais. No Brasil não é muito diferente. Isso também traduz a falta de confiança, por isso a fuga de capitais não cessa, elevando continuamente a cotação do dólar, fragilizando continuamente a economia interna.

Com o desemprego crescente, com a redução dos investimentos, com o rebaixamento educacional, com a falta de disciplina o que poderemos esperar para os próximos anos? Pela hora da convocação dos mágicos, mas não há coelho que resolva os problemas dos déficits crônicos.

Os produtos importados tomaram conta das lojas e supermercados, e as indústrias definharam. Mas agora a economia vive um momento crítico. A retração do consumo afeta o volume das vendas das empresas e o comércio exterior passa a apresentar inadimplência. Então, até vender para o exterior passa a ser um negócio perigoso.

No Brasil estamos convivendo com elevado déficit nas contas externas. Como cobri-lo? Indo ao FMI, ano após ano, com o pires na mão. Mas o governo americano já se pronunciou quanto a Argentina para que não se iluda. Insolvência sistemática não se resolve nem com a participação do FMI. Já o caldeirão social está esquentando, tendendo à fervura.

Será que o Brasil também caminha para a insolvência? É lamentável. Um país tão ricamente dotado, e em que penúria nos encontramos. Os fluxos financeiros buscam os lucros como meta prioritária. Então, tudo na vida passou a se subordinar à frenética busca da acumulação financeira que moldou a esperteza humana, sempre colocando mantos vistosos para acobertar o interesse prioritário pelo dinheiro em todas as transações relativas a mercadorias ou serviços. Assim tudo tem sido posto de lado, inclusive a ética e a responsabilidade, desde que a imagem externa não deixe isso muito transparente. Por fim essa tecnologia astuciosa foi também incorporada pelo marketing eleitoral, mostrando a precariedade da sociedade humana no limiar do século 21.

O sistema funciona, as mercadorias são produzidas e postas a disposição da população. Mas a variável financeira introduziu desajustes que ainda estão por serem solucionados, tais como, o da ociosidade da capacidade produtiva instalada, a marginalização de grande parcela do contingente de mão de obra, a tendência para a concentração da renda, a reciclagem de resíduos, inclusive radioativos sem danificar o meio ambiente, e não por último, os déficits dos países emergentes.

Para tudo isso, faltaram seres humanos qualitativamente aptos para impedir o surgimento dos desajustesEm política internacional ainda não atingimos o estagio de real consideração, não há amizade, apenas interesses econômicos. E na turbulência que estamos vivendo, não há o que se possa esperar de benigno.

Assim como a Argentina, o Brasil tem pela frente um futuro ameaçador porque não foi tratado como morada, como pátria terrena, porque se antes era o ouro, hoje é o dinheiro que domina a cabeça dos seres humanos que se agarram a riqueza material como a finalidade principal para as suas vidas, ao invés de construir beneficamente, para a humanidade inteira viver em paz e harmonia com respeito às Leis da Criação.