A MÁGICA ACABOU
(06/09/01)

Durante dez anos a economia americana foi a grande locomotiva, puxando a produção e o consumo mundial. Através da magia do efeito riqueza, os americanos viveram dez anos de euforia, consumindo de tudo. Com o mundo trabalhando ativamente para atender a demanda aquecida pelo consumidor americano.

Qual o segredo? Qual a mágica? O cambio mantido adequadamente para cada mercado teve a sua participação decisiva. A Bolsa e sua fascinante trajetória ascendente , ano após ano, nos anos 90, criaram a euforia e a sensação de riqueza que a supervalorização das ações propiciaram, estimulando a população americana a consumir.

O indivíduo aplicava dez mil dólares, em pouco tempo sentia-se possuidor de cinqüenta mil. Pura mágica das valorizações. Ora, quem de repente se vêpossuidor de uma riqueza aumentada 5 a 10 vezes, em pouco tempo, sem ter feito nada para isso, fica mesmo dominado pelo desejo de consumir, de comprar. Com tanta gente comprando, Greenspan teve muito trabalho para segurar a inflação. O dólar forte ajudou muito barateando as importações.

Ademais, a euforia americana atraía capitais do mundo inteiro querendo participar da mágica das valorizações intermináveis. Os Estados Unidos, como polo dinâmico, recebia mercadorias e capitais do mundo inteiro, num dos mais fascinantes capítulos da história econômica.

Tardou, mas surgiram analistas objetivos confrontando o preço de ações com o patrimônio e o lucro das empresas. Aícomeçaram a ser observados algumas incoerências na riqueza virtual, na valorização fictícia. A bolha começou a murchar, assustando a muitos, provocando prejuízos, tanto para investidores de dentro como de fora dos Estados Unidos. Amargaram perdas investidores locais e internacionais. Outros ganharam muito saindo na hora certa.

Nos Estados Unidos a Bolha inflamou de forma enebriante. Nos países que adotaram o dólar como âncora as importações ficaram baratas. Tudo favorecia o consumo, a expansão da economia. Grandes movimentos de transferência de rendas e capitais financeiros. Europa e Japão tinham oportunidades de ampliar exportações. O Japão não melhorava a sua situação, mas também não piorava.

Mas a mágica das valorizações sucessivas atingiu o pico. Os países que adotaram o dólar como âncora se viram diante de déficits brutais. A Europa e Japão não dinamizaram as suas compras. E de todos os lados se falam em desaceleração das atividades.

Crise nos Tigres Asiáticos. Crise na Rússia. Brasil balançando. Argentina insolvente. Estados Unidos em pouso sereno.Assim, a grande massa de pobres ficou mais pobre. A riqueza se concentrou ainda mais em poucas mãos, mas o planeta mostra evidentes sinais de estresse. As atividades humanas também, surgindo diariamente acontecimentos desagradáveis e maléficos, porque com as reengenharias de custos, tudo se acha meio desarranjado, fora de lugar, com pessoal novo desconhecedor dos detalhes e também sem grande interesse em conhecer, porque não há esperança de melhora no horizonte visível.

Agora, após mais de uma década de transferência de riquezas, parece que nada mais interessa. Que se dane o mundo com a desordem da economia. O Estado, sem recursos, vai perdendo a sua finalidade. O planeta já conta mais de seis bilhões de habitantes, sem que ninguém se sinta responsável por essa excessiva carga humana. As atitudes de indisciplina põem em risco a convivência equilibrada. Os recursos naturais se tornam escassos. A água vai sumindo rapidamente, nas nascentes, nos rios, no subsolo.

Onde estarão os pensadores? No século 21 quem ainda pensa? Todos percebem que algo está errado, mas ninguém analisa, ninguém faz nada. As teorias dizem que tudo será resolvido. Ora, as teorias muito pouco têm a ver com a realidade material e menos ainda com a realidade espiritual da humanidade.

Caminhamos para um futuro desconhecido, um túnel sem luz no final, porque esse túnel tem uma inclinação para baixo e no fundo não há luz, só miséria e sofrimentos. Quanto mais avançamos mais escuro fica com a desumanização do ser humano.

Acabou a mágica econômica. Acabou a mágica da absolvição dos pecados, pois não foi para isso que Jesus foi executado, como muitos querem acreditar. A Sua execução nada mais foi do que a condenação de um inocente. Um crime que nada tem a ver com a Sua missão. Agora é a hora da colheita, justa e inexorável, sem mágicas. A cada um, aquilo que fez por merecer de bom ou de mal.

Somente na busca do caminho ascendente o ser humano poderá encontrar a Luz da Verdade que, finalmente o conduzirá para fora do caos por ele mesmo criado com sua indolência e mentiras hipócritas destinadas a acobertar os seus mesquinhos interesses. Necessitamos de um novo Iluminismo que se fundamente na luz do saber verdadeiro. A Luz da Verdade, que como um raio, ilumine a escuridão da ignorância e da indolência espiritual, indicando o caminho de retorno à essência humana.