MONOTEÍSMO E INTOLERÂNCIA
(04/02/2002)

Neste Planeta somos todos peregrinos. Espíritos humanos que ganharam um corpo terreno, para através de sua peregrinação pela materialidade adquirir autoconsciência. Mas a grande maioria dos seres humanos se esqueceram dessa realidade, e andam pela vida às cegas, trombando por todos os lados, gastando o seu precioso tempo com brigas e futilidades, cuidando mal do seu corpo, o seu mais precioso bem.

imagem

A vida é transitória e fundada em etapas. Somos todos criaturas humanas. Isso de pronto indica que há um Criador, e como tal é Único. O monoteísmo não desliza para a intolerância e perseguição como apontou o historiador francês Jacques le Goff, em entrevista para a Revista Veja. Quem o faz são os seres humanos que se dizem monoteístas, porque monoteísmo é um fato real, já as religiões que os seres humanos criaram, caminhando lado a lado com os negócios de Estado e assuntos mundanos, despertaram a sedução que o poder exerce sobre os humanos, sedução essa que entra em conflito com a aspiração pela espiritualidade. E, uma espiritualidade que não se volte para o aprimoramento do ser humano e da qualidade de vida, é qualquer coisa que se queira, menos espiritualidade.

“As religiões têm uma vida externa à alma. Seus líderes têm que lidar com o Estado e os negócios do mundo, e freqüentemente sentem prazer nisso”... “É muito freqüente que padres, rabinos, imãs e xamãs se deixem absorver pelas ambições mundanas tanto quanto os políticos comuns”.(Do Prefacio do livro Islã, de Karen Armstrong).

De fato, “a sensação de poder ou de influenciar no processo decisório e na definição dos projetos é um dos maiores motivadores do comportamento humano,” (Milton de Oliveira, em Energia Emocional).

Mas, os políticos convivem num sistema onde prevalece o imediatismo das custosas campanhas eleitorais para atrair a escolha dos eleitores. A conquista dos eleitores gera uma instabilidade de comportamento que é reprogramado em função das pesquisas de voto. Então fica fácil perceber que não existe nenhuma estabilidade entre os políticos que vão alterando as suas posturas conforme as necessidades de agradar ao eleitorado e aos financiadores das campanhas.

Para os cristãos, Jesus Cristo é a figura principal, o prometido Enviado de Deus para salvar os seres humanos. Para os muçulmanos, Maomé é o grande profeta que recebeu as revelações. Para o povo judeu, Moisés é o libertador que recebeu as Tábuas das Leis de Deus. As três religiões têm em comum a crença em um Deus Único.

Ora, sendo Único, é lógico que também seja o Deus de Lao-Tse, Budha e Zoroaster, sábios que ao seu tempo trouxeram ensinamentos de fé para o seu povo, através do descortinar do funcionamento da Criação.

Jesus esclareceu que não retornaria mais, que voltaria para junto do Pai, mas que viria o Filho do Homem. Há sobre isso muitas dúvidas e poucos esclarecimentos. A situação fica mais perplexa com a divulgação de documento aprovado pelo Vaticano, (ESP 19/01/02), afirmando que “a espera dos judeus pelo Messias não é em vão. Então afirma-se que virá um Messias, esperado pelos Judeus, mas aquele que virá, terá as mesmas características do Jesus que já veio”. Não deixa de ser um fato positivo que assinala alguma sintonia, porem ainda falta clareza. Muitos livros já foram escritos sobre o assunto, mas o saber sobre as leis de Deus na Criação deverá progredir muito, trazendo as respostas corretas que eliminem o desconhecimento.

Seria isso um indicativo do inicio de uma aproximação das religiões em torno do saber do Deus Único e suas Leis na Criação?

Os jovens ficam sempre afastados dessas questões que poderiam trazer disciplina e maturidade. Ao invés disso a sua rebeldia é canalizada para fins de consumismo ou condicionamentos psico-sociais. Na confusão em que os seres humanos transformaram a vida, os jovens são permanentemente desviados da luz do saber, prostando-se desanimados e sem esperança por não conhecerem o real sentido da vida. São peregrinos que perdem o rumo na escuridão das teorias engendradas pelos mais velhos. Perdem o seu tempo sem ânimo para buscar a Luz da Verdade, e, com a energia que dela promana, alegrar a alma e evoluir.

Num mundo de transitórios peregrinos jamais poderá haver o permanente domínio de um poder terreno absoluto e global. Isso é anti-natural, mas o desejo egocêntrico de poder e domínio absoluto é prerrogativa de seres humanos que se desgarraram de sua essência espiritual, afastando-se do saber das leis da Criação. Uma loucura, um desatino que só o verdadeiro saber poderá demonstrar. A Criação e as leis que a regem são unas, mas a beleza dos povos está na sua individualidade e diversidade, e não na padronização dos costumes e robotização mental, fruto do sufocamento da intuição humana em sua ligação com o espiritual.

“Permitido vos é peregrinar através das Criações!

E durante a peregrinação não deveis causar sofrimento a outros, que igual a vós também peregrinam através da Criação, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça!” (Abdruschin, na Mensagem do Graal, Vol.3, pg. 105)