DIGNIDADE HUMANA
(08/03/2002)

Não deixa de ser uma bela demonstração de cidadania planetária o encontro do secretário de Estado norte-americano Colin Powell, com jovens de todo o mundo realizado pela MTV. Respondendo com desenvoltura e simplicidade as mais variadas questões sobre terrorismo, AIDS, pobreza e desemprego, demonstrando um grande interesse pelo futuro da humanidade.

No rumoroso debate o Secretário fez importantes observações sobre o trabalho. Conforme comentou o que traz dignidade ao ser humano é a possibilidade de trabalhar para conseguir o sustento para si e para a família, sem precisar de ajudas na forma de vexatórios donativos.

E de fato, ter essa possibilidade de alcançar a dignidade humana, concede a esperança de poder se tornar melhor, conduzindo seus descendentes para a real evolução como seres humanos. Mas, exatamente o oposto disso tem conduzido muitos à marginalização.

Trabalhar é muito importante, contudo o que se observa na maioria dos países é um aumento da população e redução no número de empregos. Ademais, o trabalho não deve ser considerado como um castigo. O trabalho é para ser desenvolvido alegremente. As condições que rodeiam o trabalho devem ser tais que os seres humanos não o sintam como um pesado fardo, devendo ser a atividade criativa do ser humano em complemento da grande obra da Criação que nos concedeu este maravilhoso planeta como morada, lar. E, nessas condições o ser humano tem aumentada a sua eficiência e capacidade de realização.

O Brasil esbarra na limitação do comércio exterior deficitário nos últimos anos. O crescimento fica engessado para que as importações não aumentem aumentando o déficit. Os juros elevados freiam a economia, o que também um meio de conter as importações, contudo, o país não cresce e não são gerados novos empregos. As elites deram pouca atenção a importância da dinamização do mercado interno, aumentando a circulação e consumo de bens aqui produzidos como forma de gerar empregos e renda.

Na vida do cidadão norte-americano o dinheiro se reveste de importante significado, mas cabe destacar a permanente preocupação das elites governamentais e empresariais em dar trabalho para a população. Por outro lado o cidadão americano geralmente é um trabalhador dedicado, porque ele acredita que o trabalho é o tributo em retribuição pela segurança que o Estado oferece aos seus cidadãos, e se esforça para fazer o melhor.

Mas a época é crítica, porque com a desaceleração da economia, diminuem as vagas e declinam os salários que são a motivação básica para a dignificação do ser humano. Nos países atrasados a situação é ainda mais crítica porque os níveis salariais são incomparavelmente menores. Então, a pessoa que gasta muitas horas no trajeto de casa para o trabalho e vice-versa, e trabalha muitas horas, ao chegar o dia do pagamento tem sempre uma frustração, porque o seu ganho é insuficiente para as necessidades essenciais, que dirá para outras que gostaria de satisfazer, face a influencia da poderosa máquina de propaganda que atravessa o mundo anunciando de tudo. Este é um problema que nunca foi equacionado. Ao contrário, as empresas transnacionais, buscando reduzir os custos, estão sempre transferindo as suas fábricas para as regiões de menores salários, e menor rigor na preservação ambiental.

Assim, frustra-se o que deveria ser um consenso entre as nações: criar as condições para a prosperidade humana acompanhada de verdadeira evolução. Alcançar a prosperidade e a evolução do ser humano, são objetivos inseparáveis. Mas exatamente aítem surgido as maiores aberrações. Os muito ricos se tornam superficiais e insatisfeitos e os muito pobres, embrutecem e se tornam descontentes. Em ambos os casos há um afastamento das atividades mais nobres.

A consciência do sustento pelo próprio ganho é um dos mais importantes fatores da estabilidade social. "Só que aídeve permanecer, como algo evidente, uma disposição certa entre trabalho e repouso, bem como deve ser dada a recompensa correta a cada trabalho prestado, devendo prevalecer aíum equilíbrio severamente justo!" (Mensagem do Graal, de Abdruschim, Vol.3 – pág.67).