TRAJETÓRIA DECADENTE
(18/04/2002)

Falar em decadência é sempre uma situação que não agrada, principalmente quando se trata da humanidade, da civilização humana com tantos feitos grandiosos, mas ao mesmo tempo com tantas manchas em sua história. O século 20 com suas guerras, sua violência urbana e suas mazelas decorrentes da exploração colonialista, produziu uma verdadeira extinção de seres humanos em massa. Lamentavelmente, a julgar pelo seu horrível início, o século 21 promete ser ainda pior.

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Para o historiador americano Jacques Barzun, a cultura ocidental está perdendo energia, produzindo estagnação, tédio e desencanto. Em entrevista para a revista Veja, afirma que nos anos 50 chegou a ter a impressão de que nos encaminhávamos para uma reviravolta positiva, mas acha que foi um engano de sua parte. Avalia que esse intervalo não durou quase nada e a trajetória descendente se acentuou no fim dos anos 60.

E no entanto, esse curto intervalo de quase duas décadas, teria possibilitado uma grande mudança de rumo, se os humanos, após os enormes sofrimentos da guerra tivessem se esforçado em compreender a vida e sua finalidade com a indispensável seriedade. Ao invés disso deixamos de dar às novas gerações o devido preparo. Assim o mundo tem caminhado para uma situação de instabilidades econômicas e políticas. Então, sem uma ética espiritual, sem lideranças qualificadas, e com uma geração despreparada, o viver se torna perigoso e as fronteiras se tornam mais susceptíveis a se transformarem no palco de conflitos armados.

Para o cientista político José Luís Fiori, em Cadernos Le Monde Diplomatique, após a Guerra do Golfo surgiu um buraco negro no lugar da Guerra fria, e se poderia concluir que está guerra ao invés de conduzir a humanidade para um novo patamar civilizatório e contribuir para a universalização dos valores construídos pela razão cosmopolita da Europa iluminista, pode ter sido apenas a ante-sala de uma nova era, que será caracterizada pela força e pelo medo, instalados dentro da própria coalizão vitoriosa.

Há dois milênios Jesus anunciava a paz na Terra para a alegria dos seres humanos. Mas os Seus ensinamentos foram postos de lado e apresentados desfiguradamente. Houvessem eles sido assimilados corretamente pelos seres humanos daquela época, muito diferente seriam as atuais condições de vida da humanidade. Paz e beleza estariam presentes nas realizações humanas. Mas, com o progressivo evoluir da presunção chegou-se ao atual estagio em que os medos açulam os ódios, e os ódios promovem violentos ataques intranquilizando o mundo.

A trajetória descendente que a humanidade descreve, tem a ver com o seu distanciamento das leis da Criação, posto que tudo que o ser humano constrói amparado exclusivamente em sua vontade intelectiva de domínio e poder, não se assenta sobre uma sólida base real, tendo por isso mesmo que escorregar em declive, em direção ao fracasso, aos abismos da destruição. Raciocínio e espírito devem caminhar juntos. Com o espírito guiando o raciocínio, as realizações recebem calor humano produzindo benefícios e se tornam duradouras.

E no entanto, mais do que nunca os seres humanos necessitam da alegria que a paz proporciona. Mas para isso deverão semear a paz. Muito ódio foi e continua sendo semeado. Então, antes que possa surgir a paz, surge a colheita dos ódios. Os noticiários refletem a vida, eles só apresentam ocorrências lamentáveis e violentas, não propiciam nenhuma alegria. O mesmo se dá com os filmes e a programação da televisão. São apresentadas principalmente criaturas entediadas e vidas vazias.

Uma grande turbulência perpassa pelo mundo, seja nos governos, no trabalho, nas famílias, e também nas religiões. É uma grande fermentação que agita tudo, impulsionando a colheita daquilo que foi semeado. É o fenômeno de transformação universal tantas vezes anunciado, mas que raramente foi examinado com seriedade pelos seres humanos.

“Hoje, na hora da grande transformação universal, na época do Juízo Final, já há muito anunciado, não mais podem persistir erros. Serão descobertos pela luz da verdade.” (Em: O Livro do Juízo Final), cuja finalidade, conforme ressaltou a autora Roselis von Sass, é despertar o anseio pela verdade e também conduzir para a verdade!