ANSEIOS POR MUDANÇAS
(13/09/2002)

Ultimamente se tem observado um certo anseio por mudanças em função do desassossego da vida moderna, ao mesmo tempo em que o aumento da pobreza e da miséria estão progressivamente afligindo um maior número de pessoas e famílias. Atualmente grande parcela da população está vivendo de “bico” extenuante para obter algum dinheiro e consumir o mínimo indispensável, posto que tudo acabou ficando precário, inclusive o trabalho. A modernidade não está permitindo que se aspire por melhorias qualitativas no nível de vida. São muitos habitantes para um planeta de recursos limitados, geridos de forma hedonista. Afora a isso as condições gerais de vida se vão complicando de tal sorte que aqueles que enxergam a vida tal como ela está, percebem de pronto que não há margem para grandes mudanças a serem promovidas pelos seres humanos. Essa frustração leva muitos para o caminho da violência ou do terrorismo.

Paralelamente as análises e projeções das condições ambientais apontam para uma situação preocupante. Tudo tende a se tornar mais precário e insuficiente, desde a água potável e saneamento, alimentação, saúde e energia. A ONO prevêque em 20 anos, metade da população não terá água suficiente para uma existência condigna. A população tende a crescer aumentando a pressão sobre o ambiente. A cobertura florestal vai cedendo espaço para terra seca e habitações precárias. Não haverá empregos nem escolas suficientes. As doenças e a violência urbana tenderão a aumentar.

Joseph E. Stiglitz, Premio Nobel de Economia de 2001, descreve no livro “A Globalização e seus malefícios”, que os procedimentos do FMI para a concessão de empréstimos, nem sempre trazem os resultados esperados em termos da melhoria das condições de vida das populações, por se aterem principalmente aos aspectos de controle da gestão orçamentaria com a manutenção das despesas abaixo das receitas para que seja evitada a inflação, sem que sejam levadas em consideração as condições em que mesmo um país africano pobre pode desfrutar de um crescimento estável. Assim, em geral os empréstimos concedidos não se fazem acompanhar do crescimento esperado, mas de um aumento da miséria.”

Examinando o caso do Brasil, foi permitida uma fragilização da base exportadora face a supervalorização do Real, tudo feito com a aprovação do Fundo. Então não se poderia esperar que o País pudesse rapidamente ampliar o volume de suas exportações, assim o déficit em conta corrente manteve por longo período a sua tendência de ampliação, sendo geralmente financiado com novos empréstimos. O destrato da administração publica não é de hoje, é uma herança do passado colonial que não via o maravilhoso País como o lar, mas como fonte de riquezas a serem exploradas em caráter imediatista, levando-as para além mar. Assim chegamos à constrangedora situação do maior aperto fiscal desde a implantação do Plano Real, e a nação toma conhecimento disso exatamente na semana da pátria. Quando conquistaremos a efetiva independência para uma vida alegre e pacifica. Na próxima década, no próximo século?

Mas não podemos dizer que o FMI seja o responsável pela miséria humana que se alastra sobre o Planeta. Ela tem antecedentes anteriores à própria criação do Fundo, pois está enraizada no cerne dos seres humanos que se deixaram levar pela sedução do poder. Houvesse maior evolução espiritual humana e outras seriam as feições do mundo.

Secularmente, sempre que os seres humanos receberam uma Mensagem da Luz para darem um direcionamento benéfico às suas existências, tinham que enfrentar a oposição dos privilégios das castas que mais se beneficiavam com a situação em desarmonia com as leis da Criação. Não foi diferente com Lao Tse diante dos mandarins chineses. Os persas acabaram relegando a plano secundário os verdadeiros ensinamentos de Zoroaster. Jesus também não queria um culto a sua pessoa, apontando sempre para a importância de Sua Palavra, que dispensava a necessidade de intermediários entre a criatura humana e seu Criador. A historiadora Karen Armstrong relata que o Profeta Maomé recebia forte oposição das elites econômicas que se sentiam ameaçadas pela nova doutrina. Isso tudo deu ao mundo feições muito diferentes daquelas que deveriam se desenvolver de forma sadia, produzindo paz e real evolução para a humanidade.

Contudo, as leis da Criação estão cobrando dos seres humanos o que eles fizeram com o tempo que lhes foi concedido para evoluírem em seu corpo carnal. Assim, em todos os setores da atividade humana passam a ocorrer transformações turbulentas e em aceleração, e muitos conceitos de vida se vão tornando supérfluos nestes tempos de ser ou não ser humano!

Mas futuramente, quando finalmente os seres humanos reconhecerem e aplicarem na sua vida o conhecimento das leis da Criação, as mudanças positivas virão automaticamente como resultado das atitudes de seres humanos evoluídos, voltados para o beneficiamento do seu lar na Criação.