BUSCANDO PELA PAZ
(04/02/2003)

Sofrimentos, misérias, destruição, violência. Mas estamos em tempos de paz, e se estivéssemos em guerra? Os seres humanos não se entendem na esfera doméstica. Os conflitos tendem a se alastrar pelo mundo. Todos os dias os jornais falam em guerra e em preparativos para guerra. No que isso poderá resultar? Quem poderá prever exatamente as conseqüências de uma guerra no Oriente Médio? Assim os seres humanos estão percebendo que as coisas estão mudando, estamos vivendo numa época de turbulências na qual o desalento vai tomando conta face a destruição da esperança de melhoras gerais. Mas quem nesse meio está realmente buscando por Deus com humildade e seriedade?

O mundo pressente que a era em que vivemos agoniza, e que finalmente deverá surgir o real conceito da vida e que enfim os seres humanos buscarão em sua existência terrena o reconhecimento e o amadurecimento espiritual. Contudo, estamos na fase de transição e todos os erros acumulados durante séculos se agitam instabilizando a vida, devendo ser saneados antes que possa surgir uma nova era de paz e felicidade.

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O ser humano afastou-se do lado da felicidade da vida por livre decisão, e terá que reconhecer efetivamente que é um ser dotado de espírito, o qual deve ser atuante para que alcance realizações duradouras em consonância com as leis da Criação. Mas o ser humano se deixou dominar pelo raciocínio, produto de seu cérebro, parte de seu corpo terreno estreitamente ligado a matéria. Assim a vontade cerebral anda sempre em busca da satisfação das vaidades e de vantagens terrenas, sem considerar o grande todo, compreensível apenas através da participação consciente do espírito.

Acorrentando-se ao cérebro e à matéria, o ser humano exclui a principal finalidade da sua vida não aproveitando a sua existência terrena para o reconhecimento espiritual e a sua indispensável evolução. Assim, ao invés de construir beneficiando, cria um mundo áspero e artificial que não consegue subsistir, produzindo instabilidade, miséria e sofrimentos. O domínio do cérebro produziu seres humanos cruéis e insensíveis, dominados pelo medo e capazes de tomarem decisões brutais e destrutivas.

Ao final do ano 2002 o mundo se encontrou em Johanesburgo para realizar a Cúpula sobre o Desenvolvimento Sustentável, para deter o avanço da miséria e das agressões ao meio ambiente. Enfim os seres humanos se vão apercebendo que não deram o tratamento adequado para a preservação do meio ambiente, e que as condições de vida tendem a uma permanente deterioração. Mas nos bastidores, a crise com o Iraque acabou sendo o tema dominante, pois efetivamente se trata de uma questão problemática para a paz. Contudo a questão do meio ambiente também é prioritária, pois sendo o ser humano criatura, ele é parte, e o que for feito contra o meio ambiente, estará sendo feito contra todas as criaturas.

Os seres humanos não deram a devida atenção ao meio ambiente nem ao problema do crescimento populacional, pois a explosão demográfica traduz a falta de adaptação às leis da Criação, representando um grande embaraço para o crescimento sustentável com a progressiva melhora da qualidade humana e do adequado preparo para a vida. Milhões de pessoas estão sem emprego, centenas de milhões passam fome e moram pessimamente. O problema se agrava ainda mais com o continuado crescimento da gravidez precoce entre meninas desde os 12 anos de idade. Em compensação os seres humanos demonstraram muita competência para construir armas terrivelmente destrutivas, sejam químicas, bacteriológicas ou atômicas, o que evidencia o baixo nível espiritual da humanidade.

Efetivamente o mundo tem sido movido a petróleo e dinheiro, as duas âncoras do poder, e onde existem reservas sempre ocorrem focos de tensão. A situação de conflito entre os Estados Unidos e Iraque vai ampliando divergências irreconciliáveis, que a cada dia se tornam mais difíceis de serem solucionadas de forma pacífica através de mútuo entendimento, as quais se agravam devido a preconceitos étnicos e religiosos, apesar dos esforços de muitos pela busca de soluções pacíficas. Meritória a atitude do novo Presidente do Brasil. Tendo em em mira uma solução pacífica, Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o mundo precisa de paz e não de uma nova guerra.

No que isso vai dar, é provável que ninguém saiba exatamente, mas trata-se de um grave problema, e como advertiu a Liga Árabe, uma guerra contra o Iraque poderá abrir as portas do inferno no Oriente Médio. Outras hipóteses cogitadas seria o agravamento do equilíbrio mundial através do acirramento das insatisfações entre Europa e Estados Unidos, e a incerteza das conseqüências econômicas, políticas e sociais. Onde estiverem envolvidos petróleo e dinheiro, a lógica prevalecente entre os seres humanos escravizados ao intelecto, é a do poder e domínio, e nesse ambiente imperam os ódios e os temores, impedindo uma real felicidade.

Enquanto os grandes interesses se degladiam movidos pelas cobiças, e ódio cego, o sofrimento recai sobre as populações que confiantes aguardavam que os partidos as conduzisse para dias sempre melhores. É a atuação dos fios do destino entrelaçados pelos povos, nações e indivíduos.

O ser humano está em descrédito. O seu passado não revela nada de bom. Guerras e conflitos sempre foram os meios decisivos preferencialmente utilizados em suas lutas pelo poder. O que se poderá esperar do continuado destaque dado pela mídia e dos continuados preparativos para a guerra forjando um crescente foco de tensão? Dessa forma fica camuflada a autocrática decisão de alguns grupos mais interessados, enquanto os pensamentos das massas acabam sendo dirigidos para a questão da guerra como um evento corriqueiro da humanidade, enfraquecendo-se os pensamentos apaziguadores.

Existem manifestações que se opõem à guerra, mas a busca pela paz requer um amplo fortalecimento para que tenhaêxito, e principalmente o ser humano deverá ansiar pela paz no âmago do seu espírito, e não apenas em seu cérebro facilmente influenciável.

A busca pela paz deve começar em casa, no lar, no bom entendimento entre os cônjuges e entre estes e seus filhos. A paz deve ser buscada nos ambientes de trabalho entre os trabalhadores, entre estes e os empresários. A paz deve ser buscada pelos integrantes da administração pública, sejam eleitos pelo voto ou empregados do Estado. A paz deve ser buscada com sinceridade, sem hipocrisia e falsidades. Então, quando todos ansiarem pela paz ela surgirá naturalmente. Mas atualmente predominam os sentimentos de ódio, medo e vingança, e os acontecimentos tendem para aquilo que for preponderante na vontade humana, e não há como escapar das conseqüências, boas ou péssimas terão que ser saboreadas pelos seus geradores.

“Falhará e desabará tudo o que não vibrar no sentido e nas leis desta Criação, pois então isso não somente perderá todo o apoio como também criará correntes contrárias, que são mais fortes do que qualquer espírito humano e acabam sempre por derrubá-lo, bem como a sua obra.<br>Sintonizai-vos, pois, finalmente na perfeição da harmonia da Criação, então encontrareis paz eêxito.” (Mensagem do Graal , de Abdruschin, Vol. 3 – Mulher e Homem).