A PAIXÃO DE CRISTO
(15/03/2004)

Essa infeliz expressão “A Paixão de Cristo”, dá bem a medida da incompreensão humana sobre a vida e os ensinamentos de Jesus. A expressão em si não diz nada, e da forma como foi construída apenas afasta a mente humana da verdade. O mesmo se poderia dizer do filme de Mel Gibson que se restringe apenas às últimas doze horas da vida terrena de Jesus, horas que foram marcadas pelo injusto sofrimento.

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O que se poderia esperar do filme, tão superficial como tantas outras versões em que os seres humanos, segundo o seu restrito modo de ser, pretenderam mostrar o significado da vinda de Jesus a esta estrela tão obscurecida pelas trevas dos erros humanos. É indispensável sair da superficialidade buscando uma visão abrangente da trajetória espiritual da humanidade. Sem isso não há condições de compreender o significado da vinda de Jesus, nascido judeu conforme as profecias, porém voltado para os espíritos humanos em geral.

Não foi diferente com o filme do italiano Píer Paolo Pasolini, que criou para Jesus uma imagem de revolucionário socialista, que tanto atraiu a juventude descontente nos anos 60. Poncio Pilatos, que estava muito bem informado sobre o conteúdo ético dos ensinamentos de Jesus, gargalhou quando Ele foi apontado como um perigoso revolucionário subversivo.

Certamente não poderemos comparar Jesus com os demais seres humanos. Sua sabedoria e visão são de abrangência total, isto é, transcendem ao puramente material, indo além do espiritual até ao Divino. Portanto, muitas de suas atitudes não foram devidamente compreendidas pelos seres humanos em sua restrição intelectiva. Sempre foi altivo e severo, principalmente com aqueles que empregavam a astúcia intelectiva para, ardilosamente, satisfazer as suas cobiças. Em seu misericordioso amor, sensibilizado com o sofrimento alheio, sempre queria prestar auxílio. Os seus ensinamentos visavam a alegria da paz para os seres humanos de boa vontade.

Atualmente, a paz e a compaixão pelos sofrimentos alheios são praticamente desconhecidas. O orgulho e o egoísmo constituem a grande perdição. Ao se entregarem a eles, os humanos perdem a humildade espiritual, tornando-se arrogantes. A história é pródiga em exemplos. Do faraó Setti a Caifaz; de Salomão a Nero, muitos falharam porque de bom grado sufocaram a humildade espiritual.

Como conciliar a incoerência de que Jesus, com o seu sofrimento tenha assumido os pecados dos seres humanos, se a doutrina da Igreja Católica diga, desde o Concílio de Trento, que a Paixão de Cristo pesa sobre toda a humanidade? (Época, 15/03/04).

A morte na cruz nunca foi desejada ou planejada. Foi uma conseqüência da reduzida receptividade humana e que posteriormente foi apresentada como deliberado ato de sacrifício, para reforçar os conceitos que foram distorcidos pela precária memória humana que, simplesmente, esquece o que não entende. Assim a morte cruel acabou sendo erroneamente interpretada como a escada do sacrifício por onde os seres humanos pecadores se elevariam. Um conceito cuja aceitação implica num rebaixamento da justiça divina.

Assim, a cada absurdo, um novo absurdo foi acrescentado, sem que os seres humanos despertassem de sua sonolência espiritual. A intelectualidade resolve os absurdos dissecando os fatores externos, sem contudo penetrar na seqüência lógica da questão.

O filme enseja uma ilusão de ótica. Judeus e romanos assumem um papel simbólico. As chocantes cenas de violência representam na verdade uma admoestação para toda a humanidade, o selo da recusa humana, através do livre arbítrio, aos ensinamentos originais de Jesus, que sempre indicavam que o novo saber deveria se juntar ao antigo saber, pois se destinavam ao espírito humano, independentemente do local do seu nascimento na Terra. Em sua essência, toda a crueldade mostrada pelo filme, representa uma acusação contra a própria humanidade, pois os ensinamentos originais não foram compreendidos em sua abrangência espiritual nem postos em ação, e por isso mesmo logo esquecidos. Foram então adaptados aos desejos de poder e dominação desenvolvidos pelos seres humanos presos e restritos à efêmera vida material, eliminando o saber sobre as múltiplas reencarnações da alma.

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No livro “Jesus o Amor de Deus”, editado pela Ordem do Graal, há a menção de que Ele, Jesus, era o enviado da misericórdia divina. “Depois de mim é que virá o Filho do Homem para desencadear o Juízo... mas, o tempo exato para isso, só o Pai o saberia, tratando-se portanto de duas pessoas diferentes”.

- “Haverá por esse tempo uma luta tremenda em busca de poder, como jamais se presenciou na Terra. O ódio cegará os povos e os desencaminhará. Todos desfrutarão passageiramente dos prazeres deste mundo até a saturação. Tudo então se encaminhará com espantosa velocidade para o fim. O Deus que os antigos judeus adoram sob o nome de Jeová estenderá então a Sua magnificência também sobre esta Terra. Então habitareis num paraíso terrestre.”