ALEGRIA DE VIVIER
(20/07/2004)

A vida é uma festa, basta olhar para as maravilhas da natureza para perceber isso. Mas, nesta fase tumultuada que o mundo vive, muito facilmente as pessoas estão se deixando vencer pelo desânimo e pelo cansaço, sem conseguir encontrar um caminho que conduza para a natural alegria de viver.

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“Psiquicamente, o desânimo se relaciona a um consumo excessivo de reservas emocionais e motivacionais através de catexias, ou investimento de energia psíquica. Quando essas reservas são totalmente consumidas, surge um sentimento de que não há mais nada a ser feito, o que amplia pensamentos distorcidos e atitudes negativas em relação a si próprio e à vida de um modo geral, e isso culmina em uma sensação de esgotamento físico e mental.”(Chafic Jbeili, Superando o Desânimo, Edit. Nobel).

Jbeili descreve com muita clareza a diferença entre ânima e motivação: Quando se trabalha a ânima das pessoas , elas passam a descobrir o significado da realização de seus afazeres, culminando na prestação de um melhor serviço, tanto em relação a clientes como filhos, marido ou mulher, amigos e demais pessoas de seu convívio diário.

Contudo, tendo os seres humanos se distanciado do real sentido da vida, e, pensando na dinâmica espiritualista, para uma existência repleta de plena alegria por existir, há que se alcançar a verdadeira ânima. Por outro lado, o materialismo dominante procura oferecer um sucedâneo através do consumismo, sem jamais chegar a preencher as necessidades inerentes ao espírito. Ademais estamos vivendo numa fase muito áspera, na qual proliferam múltiplas influências negativas que provocam ansiedade, inquietação e temores, gerando uma crescente instabilidade emocional com o aumento da violência e da criminalidade em escala mundial.

Examinando aspectos ligados à origem da criminalidade violenta, Otavio Frias Filho, escreveu no jornal FSP, (15/jul/04), “que haveriam elementos psicológicos ligados aos valores que presidem a sociedade em que vivemos: impaciência, consumo ostensivo, afirmação de imagem pessoal à custa do próximo. Estamos imersos nesses valores. Os filmes do americano Quentin Tarantino, por exemplo, que estetizam a criminalidade violenta, podem não produzir novos criminosos (os especialistas nunca chegaram a uma conclusão sobre esse ponto), mas sem dúvida fornecem um estilo a ser imitado - na medida em que a realidade física permita imitar o vale-tudo do espaço virtual onde ocorrem essas criações.”

Então, urge buscar por essa ânima vital que nos distingue como seres humanos. Essa é mesma uma obrigação da qual não podemos fugir sob a pena de não preenchermos a real finalidade da vida, o que fatalmente leva ao vazio existencial, agravado por um mundo cheio de problemas e dificuldades, que abatem o ânimo de jovens e adultos e até de crianças, pois vêem apavorados como a vida se torna pesada e violenta, sem um sentido mais nobre, sem a esperança de um futuro melhor, proliferando as incitações para atitudes de apatia geral ou agressivas e violentas. Muitos acabam se deixando envolver pelo descontentamento e inveja, desconfiando de tudo e de todos, criando um mundo feio e opressivo ao seu redor.

Mas os seres humanos dotados da ânima real produziriam outro estilo de vida, mais nobre e leal, para uma ação voluntária benéfica, voltada para uma construção sadia e duradoura. Mas para tanto teriam de ser profundos conhecedores dos mecanismos que regem as leis da Criação. Como isso é praticamente desconhecido, é por aíque deverá ter inicio uma busca, se é que realmente desejamos um novo direcionamento que conduza as atividades humanas para uma nova era de evolução real.

“Temos de aprender finalmente a distinguir entre o espírito e o raciocínio, entre o núcleo vivo do ser humano e o seu instrumento! Se esse instrumento for colocado acima do núcleo vivo, como tem acontecido até agora, sucederá algo insano que há de trazer já de origem o germe da morte, e assim, aquilo que é vivo, o mais sublime, o mais precioso, será sufocado, atado e separado de sua indispensável atividade, até que, inacabado, se erga livremente dos destroços do inevitável desmoronamento da construção morta.” (Mensagem do Graal, Na Luz da Verdade, de Abdruschin, dissertação Era uma Vez).

No Brasil a alegria espontânea da população tem a sua origem numa reduzida sobra de conexão intuitiva, que tem sido mantida pela simplicidade de um povo que reconhece a existência de um Criador Todo Poderoso, sem se prender aos artifícios intelectivos que despertam a mania de grandeza e a maldade na cabeça das pessoas que se acorrentam ao raciocínio em detrimento do espiritual, sufocando a intuição. A alegria, a criatividade, o anseio de evoluir e ser feliz, não podem ser jogados fora, pois constituem o que há de melhor no coração brasileiro. Urge que sejam cultivados e fortalecidos pelos pais, educadores entre os quais se inclui a mídia.

Agora mais do que nunca necessitamos utilizar as capacitações do coração, para não decairmos na vala comum dos ingratos seres humanos, robotizados e dominados pela indolência espiritual e que, desanimados, estão perdendo o interesse pela vida, pois acabaram soterrando a ânima vital que conduz à verdadeira alegria de viver! Pois, alegria é a expressão da gratidão ao Todo Poderoso por Sua imensa bondade!