DA VINCI, A DECODIFICAÇÃO
(16/08/2004)

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Os livros “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, e “Quebrando o Código Da Vinci”, de Darrel L. Bock, com suas minuciosas pesquisas, estão polarizando as atenções dos estudiosos pelas dúvidas que suscitaram. Contudo, as incompreensões sobre a vinda de Jesus, permanecem até hoje. Não encontraremos a realidade verdadeira no Código Da Vinci nem no seu desmonte, pois ambos estão estruturados em bases puramente intelectivas que sempre se inclinam para a influência e o poder terreno. Os seres humanos de raciocínio não gostam de perder a influência junto ao povo.

Mas os códigos não se fundamentaram nas leis da Criação, portanto não contêm lógica e coerência. As lacunas são inevitáveis. Apontá-las não oferece muita dificuldade para o raciocínio lógico. O difícil mesmo é apresentar a realidade dos fatos em toda a sua abrangência. Todo o aparato de fatos e personagens acessórios se situam à grande distância da realidade espiritual da vida.

Os seres humanos estão sempre lutando para manterem as regras estabelecidas pelo raciocínio, e que lhes sejam mais convenientes. Mas houve uma cisão entre os seres humanos. Assim, cada grupo procura defender encarniçadamente as suas regras achando-as mais adequadas que as regras dos outros.

Ao trazermos a discussão de ocorrências espirituais para o plano material do raciocínio, a confusão só tende a aumentar reduzindo a possibilidade de compreensão de tudo aquilo que se situa além da matéria.

O fundamental seria pesquisarmos o significado da vida: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? E nesse contexto examinar qual foi a determinante para a vinda de Jesus. Isso é o mínimo que um ser humano deve fazer. Perseguir a verdade com tenacidade, sem ficar detido aos pequenos e rotineiros fatos que envolvem a vida terrena, isto é, a existência temporária num corpo de carne e sangue.

Abdruschin, autor de “Na Luz da Verdade a Mensagem do Graal”, escreveu que luz deverá haver agora aqui na Terra. E também, que é chegado o tempo em que tudo quanto é malsão, produzido pelo cérebro humano será arremessado para fora da Criação. Segundo o autor é muito fácil para os seres humanos acreditarem em coisas incríveis, pois para isso não há a necessidade de esforço em pensar ou examinar.

Porém, tudo deve ser examinado segundo as leis Divinas naturais. Somente a falta de raciocínio lúcido aceita as coisas incríveis que não condizem com as leis naturais, seja o nascimento de um corpo terreno, seja a sua decomposição.

Desde longa data os seres humanos se têm colocado contra a Vontade de Deus que se expressa nas leis naturais da Criação. Afastando-se da Luz, afastaram-se da felicidade e alegria, produzindo sofrimento, miséria e destruição.

Assim, a idolatria e o sufocamento do espírito espalhou-se por toda a Terra, culminando na colossal decadência espiritual no Egito dos faraós.

Os ensinamentos outorgados a Moisés assinalaram o início de um novo ciclo de progresso espiritual que culminaria com a vinda do Filho de Deus. Nascido humano, apenas o seu corpo terreno era igual ao dos demais seres humanos, e portanto sujeito às mesmas leis naturais. Porém, em sua essência nada havia de semelhante.

Mas a Mensagem proveniente da Luz através de Jesus, não encontrou eco entre os seres humanos cujas almas estavam lacradas pelas restrições do raciocínio, acabando por ser assassinado. Novamente as trevas se estenderam sobre toda a humanidade.

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Então, ficarmos agora discutindo se Jesus foi casado ou se teve filhos ou não, são meras conjecturas que não trazem nada de esclarecedor para o que realmente importa, contudo inquietam as religiões. Da mesma forma como o fez o filme “O Corpo”, sobre a descoberta de uma tumba em Jerusalém, na qual uma arqueóloga encontra um esqueleto de alguém que, de acordo com as evidências, foi crucificado na época em que Poncius Pilatus era governador romano. Um estudo mais aprofundado leva a pesquisadora a crer que aquele poderia ser o corpo de Jesus Cristo.

Tudo isso é muito bom para o comércio de livros, mas não vai fundo na essência dos ensinamentos trazidos por Jesus para o bem dos seres humanos, não com o intuito de criar e desenvolver igrejas e religiões terrenas, surgidas nos moldes empregados pelos escribas e fariseus tantas vezes por Ele combatidos pelo mau uso que faziam dos templos, visando influência e poder sobre as populações. Diante das lacunas apontadas é compreensível que isso provoque inquietação e dúvidas, assim como, segundo Abdruschin, os representantes da religião terrena não se conformaram com a legítima doutrina apresentada por Jesus, o portador da Verdade, a qual não se enquadrava à sua própria organização.

Da Mensagem original de Jesus, que na essência era uma explicação do funcionamento da Criação e suas leis, pouco restou, pois Ele mesmo não deixou nada escrito. E, somente muitos anos mais tarde começaram a surgir as primeiras anotações, feitas de memória ou através de relatos pessoais de quem tinha ouvido falar alguma coisa, as quais foram sendo ajustadas segundo as restrições humanas para compreender o que é de natureza espiritual. Essa é a grande decodificação que está faltando.

Dan Brown exagera na sua ficção histórico-religiosa, chegando a se afastar da verossimilhança nos fatos relatados. Darrel Bock rebate com firmeza: “Mostramos o que existe por trás do Código Da Vinci e o código secreto dos escritos gnósticos aos quais se refere o megacódigo. O Código Da Vinci não é uma mera obra de ficção disfarçada de quase realidade. O livro reflete um esforço para representar e, em alguns casos, reescrever a história, com o uso seletivo de evidências antigas que ironicamente apontam para um desmentido da história antiga. Reflete ainda um esforço para redefinir uma das forças culturais mais importantes nas bases da civilização ocidental.: a fé cristã....Trata-se de uma realidade virtual.”

Contudo, em sua conclusão, Dan Brown ressalta o que realmente é imprescindível para esta geração, se realmente quiser encontrar o sentido da vida: a busca pelo Santo Graal, pois, foi para transmitir essa urgência que Maria Madalena dedicou a sua vida.