POR QUE AMO AS BALEIAS, OS GOLFINHOS E TODOS OS ANIMAIS
(09/09/2004)

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“Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas assum preto cego dos zóio
Não vendo a luz ai, canta de dô
Tarveis pur iguinorança
Ou mardade das pio
Furaro os zóio do assum preto
Pra ele assim, canta mio”
(Assum Preto, Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira)

Os animais não dispõem de raciocínio, agem guiados apenas pelo instinto. A gente não vêfilhote de baleia pedindo dinheiro pelas ruas. As baleias e os animais que vivem na natureza procriam com sabedoria, quando se sentem seguros da subsistência de sua prole, apesar de, muitas vezes, verem o seu habitat destruído pela falta de responsabilidade humana.

Mas os seres humanos estão mais preocupados com a saúde das finanças, do dinheiro por eles inventado, mas que como uma fera descomunal ameaça destruir tudo se não for enjaulado. Os governos através de suas dívidas sugam as disponibilidades virtuais que se acumulam contabilmente. Ainda não se descobriu a fórmula de controlar a depreciação da moeda sem inibir a produção e o consumo. Preocupados com a preservação do dinheiro se esquecem da saúde ambiental, perdendo a noção do valor da vida e de tudo o que vive.

Se houvesse com a preservação do meio ambiente, a mesma preocupação que há com a preservação do dinheiro, então estaríamos com uma qualidade de vida mais humana e bem melhor, pois é no meio ambiente, na natureza, que está a verdadeira riqueza para a preservação da vida, nossa e de nossos descendentes.

De todas as criaturas, a única irresponsável com a procriação é o ser humano. Antes de gerar um filho, homem e mulher deveriam pensar que uma criança, para alcançar pleno desenvolvimento, necessita de um lar onde paz e alegria sejam elementos naturais. Mas exatamente pela falta disso, o mundo está superpovoado de pessoas descontentes e despreparadas para a vida, jogadas pelas ruas, entregando-se às drogas, fazendo a violência urbana explodir, intensificando os atos de terrorismo pelo mundo.

Exatamente nisso está a diferença entre o ser humano e o animal, pois o ser humano dispõe de livre vontade, e mesmo assim vai gerando filhos sem se preocupar com as conseqüências.

Nunca se ouviu falar que uma baleia ou qualquer outro animal tenha invadido uma escola, fazendo reféns crianças indefesas e seus pais, ameaçando explodir tudo, como na tragédia ocorrida na cidade russa de Beslan, que vitimou centenas de pessoas.

“Assum Preto”, música do repertório de Luiz Gonzaga, retrata uma cena que era muito comum nas ruas das grandes cidades do Brasil, a de um predador vendendo um pássaro que foi cegado por mãos humanas para ser vendido como animal de estimação. Essa tragédia ambiental somente foi revertida com a entrada em vigor da lei federal N° 5.197, de 03 de janeiro de 1967 que estatui em seu artigo 1º.:

Artigo 1° - Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedades do Estado, sendo proibido a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha.

Assim temos alcançado algum progresso, pois novo aperfeiçoamento veio através da lei federal Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, no artigo 32 que diz:

”Art. 32 - Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Parágrafo 1º - Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.”

Mas com o aumento da miséria e a ampliação de hábitos errados, como a moda de vestir-se com peles de animais silvestres, por pura vaidade, não faltam apanhadores dispostos a caçar brutalmente os animais em seu habitat natural com armadilhas e, após a retirada de suas peles, abandonar as carcaças como lixo. Trata-se de um crime hediondo contra a natureza que poucos percebem ou querem saber neste caótico mundo criado pela ignorância humana.

A vida, seja humana ou animal, requer respeito e consideração. Por isso tudo, esta não seria a hora de que o governo do Estado do Rio Grande do Sul desse amparo a uma lei contra a vida dos animais, sancionando o projeto de lei 282/03 que permite o sacrifício dessas inocentes criaturas, que são postas na Criação com finalidade determinada, embora nem sempre perceptíveis aos nossos olhos. Assim a lei gaúcha vem assinalar um vergonhoso retrocesso para o Brasil.

Se quisermos banir a miséria do Planeta temos que voltar as atenções para a natureza e suas criaturas, respeitando-as, pois elas também fazem parte do contexto das leis da Criação, as quais, quando respeitadas, proporcionam apenas benéficos efeitos, promovendo paz e harmonia. Contudo, devido a ridícula presunção e pretensa sabedoria humana, estamos indo contra o atuar dessas leis, provocando sofrimentos e misérias.