GLADIADORES E SAMURAIS EM TEMPOS MODERNOS
(11/11/2004)

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Atualmente o viver se tornou áspero, sem coração, dominado pela frieza do raciocínio.

Há poucas coisas que nos alegram, enquanto dificuldades de todo tipo atravancam a nossa mente, impedindo a visão clara, sugando nossa energia, provocando desânimo.

Nos vemos colocados diante de opções demais, coisas demais para lembrar, coisas demais para fazer, acontecimentos demais para acompanhar. Pessoas demais para manter contato. Exigências demais para serem cumpridas. Como sobreviver nessa arena frenética e desafiadora ficando longe das confusões, mantendo a energia interior, canalizando-a para os objetivos prioritários de nossas vidas?

Hyrum W. Smith, nos oferece algumas recomendações no livro “O gladiador moderno”: Na arena moderna temos que definir nossa missão como profissionais e seres humanos, passando a traçar um plano para nossa carreira e para nossa vida pessoal, objetivando alcançarêxito com dignidade e com o apoio de todos que nos cercam. (Prefácio do livro citado).

O ser humano terreno deve continuamente buscar pela sobrevivência e o melhor modo de viver. Maximus (do filme O Gladiador), general de uma legião do Império Romano, foi vítima de uma conspiração golpista para a conquista do poder. Escravizado e jogado nas arenas como gladiador, com sua disciplina e liderança, traçou sua estratégia de ação e ganhou a confiança e o apoio do povo. “Se ficarmos juntos podemos sobreviver...”

Os modernos gladiadores estão tentando sobreviver num mundo fortemente competitivo e em constantes mudanças. É necessário possuir uma visão mais ampla de tudo o que acontece no caos a nossa volta. Saber motivar os companheiros. Aplicar o treinamento e os conhecimentos constantemente adquiridos...

Somos continuamente bombardeados pela televisão, e-mails, celular, reuniões, pessoas, relatórios. São muitas as tarefas urgentes. Temos que olhar para tudo isso com clareza e simplicidade para nos concentrarmos no que é realmente importante para nossas vidas.

Indispensável manter a paz interior e o controle de nossa vida, fazendo uso da reflexão intuitiva.

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Sensei Jorge Kishikawa, nos oferece um outro livro no qual se refere ao filme “O último samurai”, ressaltando a importância dos princípios numa época decadente de valores. Para Sensei Jorge, vivemos um momento de perda geral de valores, de descrédito das instituições, da ausência de ideais. A população se torna indiferente quanto à política. No plano espiritual, essa indiferença se traduz no avanço de cultos materialistas e doutrinas extremistas, em detrimento das grandes religiões que não conseguem oferecer respostas e conforto aos seus bilhões de seguidores. Os jovens não respeitam os idosos. O homem destrói a natureza, polui os mares e a atmosfera.

A cada manhã, quando nos levantamos, deveremos ter na mente o bem que faremos nesse dia. Coragem, determinação, honra, altruísmo, compaixão, disciplina, respeito aos mestres, defesa da verdade, valores em falta na sociedade mundial deste início de terceiro milênio, todos eles integrantes da ética dos samurais.

“Ainda não encontrei um samurai brasileiro que não tivesse relaxado em algum momento depois de uma grande batalha, apesar dos dias de guerra continuarem. A maioria sente que se pode dar ao luxo de afrouxar e desatar os cordões do elmo após a batalha. Não estão preparados para um segundo ataque...”

“Os ocidentais são cultos, lêem muitos livros e pensam muito. Acho que ficam tão confusos que não conseguem mais ser simples. O samurai, um homem de ação, não pode ficar confuso ou indeciso no meio da batalha...”

“Enquanto muitos gastam o seu tempo fazendo críticas, gaste o seu aperfeiçoando-se. Almejando a melhoria no que faz estará elevando sua espiritualidade e suas habilidades, afastando-se dos pensamentos negativos da inveja, da insegurança e do ódio ao seu concorrente...”

“Desde que haja um samurai na empresa, sempre haverá alguém que estará 24 horas lutando por ela...”

“Levante-se cedo e apresse seus passos durante o dia. Enquanto há claridade e o sol não se pôs, não há um minuto a perder no Caminho da Vida...”

(livro “Shinhagakure - Pensamentos de um Samurai Moderno”).

Que ensinamento extrair disso tudo? O que deveremos aprender com o gladiador e os samurais?

Neste momento aflitivo da humanidade torna-se imperioso aguçar os sentidos, melhorar o condicionamento físico, ter coragem, autocontrole, disciplina. Tudo isso deve ser empregado no estudo das leis da Criação para segui-las com humildade, para caminhar favoravelmente acompanhando o fluxo da vida, construindo e beneficiando, e não em sentido contrário, destruindo e emporcalhando o mundo. Os seres humanos devem ser estimulados a utilizar o melhor de si em tudo o que fizerem.

O exemplo desses guerreiros deve nos capacitar a agir com segurança. A principal arma a ser empregada deve ser a energia de nosso espírito, a vontade intuitiva fortalecida pela Luz da Verdade. É através dela que alcançaremos uma visão abrangente da vida, e que nos capacitará a agir com clareza, simplicidade e naturalidade, em meio ao caos reinante de acontecimentos desarmoniosos, dificuldades de relacionamento, pessoas aflitas, trânsito difícil.

O importante é não perder o foco, a visão daquilo que é realmente importante em nossa vida. Contudo, a determinação do que é realmente importante não deve partir do cérebro do raciocínio, manipulado pelas múltiplas influências externas a que está sujeito, mas sim partir do eu interior, da intuição que manifesta o verdadeiro querer, de dentro para fora.