RESISTIR COM CORAGEM
(18/12/2004)

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Em sua existência terrena o ser humano deve ser forte e buscar com tenacidade a realização de suas metas, pois a natureza coloca à nossa disposição tudo de que necessitamos para uma sobrevivência condigna. Devemos porém tomar cuidado para não prejudicarmos o próximo ao satisfazer nossos desejos.

No aterrorizante filme “Mar Aberto” (Open Water), dirigido por Chris Kentis, os personagens interpretados por Blanchard Ryan e Daniel Travis, foram esquecidos em alto mar. Diante do pânico, facilmente desistem de permanecer vivos no aguardo do socorro que viria, entregando-se sem oferecer maior resistência. O público abandonou o cinema com indignação pelo procedimento antinatural, pois tudo quanto é antinatural vem a ser uma revolta contra as leis naturais, isto é, Divinas.

Por mais aflitivas que sejam as condições, nós temos que ser lutadores até ao último momento sem perder o equilíbrio emocional, pois viver é lutar para que possamos preencher a finalidade de alcançar o caminho da evolução através da existência num corpo terreno. Contudo, a mente humana desconectada da intuição é facilmente influenciável. Atualmente predominam as mensagens caóticas e derrotistas, procedentes do mundo das trevas, que levam os seres humanos a acreditar que a vida é ruim mesmo e que a morte é o alivio através do qual tudo se acaba.

Essa idéia é falsa. É dever dos seres humanos buscarem por uma atuação mais elevada em sua existência terrena. Se a vida está áspera, a culpa cabe aos próprios seres humanos que não quiseram espiritualizá-la, transformando-a com frieza numa arena violenta. Temos que estar vivos e ativos na Criação para não sermos como sombras mortas sem perseverança, sem visão da vida. No livro a Arte de Comandar, o Professor Francesco Alberoni mostra com muita propriedade a sedução para a desistência de lutar para por fim à tensão. Tomando como exemplo um curta-metragem de Akira Kurosawa, o Professor descreve a importância e necessidade da resistência com base na esperança: “Alguns soldados são colhidos pela tempestade. Um grande cansaço se apossa deles, uma necessidade irresistível de abandonar-se, de adormecer. Kurosawa representa a tormenta como uma mulher lindíssima, que toma cada soldado nos braços, envolve-o em véus quentes, embala-o em seu seio e o faz adormecer. E o sono significa a morte. Mas eles resistem, encolhem-se juntos, aquecem-se mutuamente e, pela manhã, quando a tempestade acaba e o sol aparece, percebem que o acampamento está ali ao lado a poucas centenas de metros.”

Quando algo nos aflige, não podemos deixar que o pânico e o desespero tomem conta de nosso ser, mas sim devemos manter o ambiente iluminado, livre da influência dos pensamentos e sentimentos negativos. Temos que examinar a situação com serenidade, evitando ficar cismando com pensamentos obsessivos, para que a intuição possa se elevar e receber a Força da Luz e o auxílio para a solução. Acresce que estamos vivendo sob a irradiação do Juízo Universal, o que torna tudo mais difícil porque de todos os lados predominam pensamentos e sentimentos negativos que nos sobrecarregam roubando a paz interior. Temos que estar preparados para resistir aos vendavais purificadores que se aproximam vigorasamente.

Deveremos sempre ser lutadores para atingirmos nossas metas e nossos ideais buscando sempre novas soluções, desde que não provoquemos sofrimentos ao próximo, fugindo da inconstância, da hesitação e da indolência. Assim a vida se tem tornado cada vez mais vazia, sem sentido, porque o ser humano desconhece o significado dela. Desistiu de procurar, pois que na busca iria se tornar personalidade individual, o que não era do agrado dos manipuladores das massas em beneficio próprio. Temos que ser fortes para resistir e sábios para encontrar as soluções, escapando do medo que se espalha pelo mundo, medo do futuro incerto que nos aguarda como resultado das ações humanas distanciadas das leis da Criação.

Muitos seres humanos não conseguem reconhecer a atuação das leis Divinas na Criação devido ao seu embotamento, à sua superficialidade e indolência. Para Abdruschin, no livro Respostas a Perguntas, “tais seres humanos comem e bebem, pensando apenas na obtenção de vantagens terrenas, mas em nenhum momento perguntam de onde se origina a bela Criação à qual pertencem, e como ela se mantém. Tomam e usufruem, sem querer investigar a respeito do Doador”.

Tudo na vida tem solução, desde que saibamos caminhar favoravelmente no sentido das leis da Criação. Agir contra elas, por teimosia ou ignorância, dá no mesmo, num inevitável escorregão que pode nos derrubar num buraco fundo sem luz nem alegria. Por isso mesmo deveremos buscar pelo reconhecimento do caminho que eleva, já uma vez mostrado por Jesus, e que acabou sendo perdido pela humanidade.

“Não houve até agora quem pudesse indicar de modo visível e nítido o caminho para o Supremo Templo do Graal, para o ponto mais alto da Criação, para onde a Mensagem de Jesus já apontou uma vez. O caminho para aquele Templo que se encontra no reino do espírito como o Templo do Altíssimo, onde só existe o puro culto a Deus. Não imaginado apenas figuradamente, mas existindo em toda a realidade”. (Mensagem do Graal, de Abdruschin, Vol. 2, O Que Tem o Ser Humano de Fazer para Poder Entrar no Reino de Deus?).