LONGEVIDADE E MORTE PREMATURA
(09/01/2005)

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"Se não levares a morte a sério
A vida te pesará em sua seriedade.
Se viveres com o pensamento na morte,
A vida não te atingirá.
Se caminhares pela vida,
Não olvidando a morte nem o depois,
A vida passará sem que lhe sintas as agruras."
(Do livro Lao-Tse, editado pela Ordem do Graal na Terra)

Ninguém morre na véspera. Cada um tem a sua hora. Os seres humanos que tiveram a permissão de passar algum tempo na Terra, não se apercebem que essas palavras induzem a um erro. É certo que temos um tempo determinado para abandonar o corpo perecível, mas pela falta de cuidados e vigilância poderemos encurtá-lo e muito.

São muitas as maneiras que os seres humanos empregam para encurtar a permanência no corpo terreno. Ao invés de cuidarem adequadamente do precioso corpo, dão a ele maltratos sob diversas formas e maneiras.

O corpo é o mais precioso bem que possuímos. Devemos tratá-lo com todo cuidado buscando alimentação sadia, repouso, movimentação, atividades construtivas mediante a utilização da intuição e do raciocínio de forma equilibrada. Segundo Abdruschin, com o fortalecimento unilateral do cérebro, que em sua conduta errada está sempre buscando o auto-endeusamento, muitas faculdades do corpo são oprimidas, faculdades essas que de outro modo teriam evoluído, para grande proveito do ser humano; outras por sua vez, somente podem desenvolver-se fracamente, enquanto que em geral surgem também muitas doenças, das quais a humanidade, do contrário, teria sido poupada. Tudo isso resulta numa constante e considerável abreviação da vida terrena.

O cérebro é um elemento do corpo terreno enquanto o sentimento intuitivo pertence à alma. O cérebro como parte do corpo é perecível, ao contrário da intuição, que faz parte da alma.

Mas o ser humano encurta a sua vida entregando-se a vícios e paixões, fumando, excedendo-se no uso de bebidas e outros hábitos nocivos que não correspondem às necessidades sadias do corpo.

A vida humana deveria durar no mínimo cem anos, mas quando alguém consegue chegar a essa idade é tido como uma exceção. A grande maioria encurta a sua vida, vivendo constantemente com receio do inevitável, pois o espírito pressente que a vida não está sendo adequadamente aproveitada para o seu amadurecimento e progresso, para o reconhecimento do verdadeiro significado da vida e do automático funcionamento das leis da Criação. Quando o ser humano se ajustar ao seu papel na Criação, muitas doenças desaparecerão completamente e a vida atingirá uma duração surpreendente.

A vida é uma escola. É uma oportunidade fantástica para a alma de poder conviver num ambiente onde se reúnem as espécies boas e más, e disso extrair o aprendizado mediante o uso da livre escolha.

A vida é uma festa, basta olhar para as maravilhas da natureza para perceber isso. Mas, nesta fase tumultuada que o mundo vive, muito facilmente as pessoas estão se deixando vencer pelo desânimo e pelo cansaço, sem conseguir encontrar um caminho que conduza para a natural alegria de viver.

A morte terrena é um acontecimento natural. É o momento em que a alma retorna para o além, onde deverá prosseguir a sua jornada, onde suas obras a aguardam, isto é, tudo aquilo que produziu na matéria fina através de seus sentimentos, pensamentos e ações. De tudo isso alguns povos antigos tinham exata noção e tudo se processava naturalmente.

Atualmente, com o afastamento do verdadeiro saber, há muita incompreensão e tudo é envolvido com muita morbidez, sendo o medo da morte aproveitado como meio de manter as massas assustadas e facilmente manipuláveis. Para não ficarmos presos aos temores, dispomos dos ensinamentos dados por Roselis von Sass em seus livros: “Sem terminar realiza-se o mistério da vida e da morte. O mistério da transformação e do renascimento!... Quem durante a vida se lembrar da morte, também viverá de tal modo, que não precisará temê-la!..."

A vida é para ser amada. Viver é bom. Temos que agarrar a vida com firmeza, com dedicação, sem temores, aproveitando bem o nosso tempo, pois cada dia que passa não volta mais. Existem, porém, muitos estímulos para que o indivíduo despreze a própria vida, como é caso da antiga canção brasileira, “ninguém me ama”, cujos versos dizem: “e hoje descrente de tudo me resta o cansaço, cansaço da vida, velhice chegando e eu chegando ao fim”. Isso não é só baixo astral, é veneno paralisante para mente e para o corpo. Não importa a idade, temos de conservar a saúde e atuar construtivamente todos os dias de nossa vida, dedicando todo o capricho seja lá o que tivermos de fazer, assim estaremos gerando formas positivas de pensamentos, o que impede a chegada da depressão.

Cada dia é um novo dia, uma nova disposição. Uma nova dedicação para que o dia seja bem aproveitado com atividades úteis e benéficas que favoreçam a conquista da maturidade espiritual. Quem não fizer isso joga fora o seu tempo, antecipa o desenlace.

Quando o ser humano tem a sua existência abreviada isso se reflete na sua alma que, com a morte prematura, chega ao além como uma fruta que cai da árvore antes de amadurecer, precisando por isso ainda de amadurecimento posterior.

Onde está o ser humano que saiba em quantos anos, muitas vezes, é abreviada, por qualquer hábito tolo e aparentemente inocente, uma existência terrena, sem falar das paixões ou dos excessos de ambição desportiva. O questionamento é feito por Abdruschin no livro Respostas a Perguntas. Prosseguindo, o autor conclui:

Provavelmente é a metade dos seres humanos terrenos “civilizados” de hoje, cujas almas, devido a todos esses usos e abusos, terão de abandonar o corpo terreno demasiado cedo para o chamado Além, não tendo podido, por isso, cumprir o tempo de sua peregrinação terrena, se é que pensaram realmente num cumprimento e num objetivo mais elevado da existência terrena no sentido certo.