REGRESSÃO AO PASSADO LONGÍNQUO
(08/02/2005)

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Tudo foi organizado para que tivéssemos uma vida amena e feliz. Porém, muitas pessoas não estão contentes com as condições de vida que estão vivendo. Principalmente, porque não conhecem o que realmente significa viver, e, assim sendo, não sabem exatamente quem são, de onde vieram, para onde vão. Por isso mesmo tudo se torna muito mais difícil, porque as pessoas não se preocupam se estão agindo com bondade ou não, e tampouco se importam se estão agindo com falsidades e mentiras.

Quando as pessoas apresentam distúrbios de comportamento, alguns recomendam que seja feita uma busca do trauma. Atualmente, toda a humanidade apresenta um comportamento anti-natural, então a humanidade inteira deveria tentar fazer uma volta ao passado longínquo, bem distante, onde tudo começou, para restabelecer a naturalidade.

Mas onde tudo teria começado? Na encarnação dos primeiros seres humanos, no por que e para que. Se fosse possível voltarmos, para vermos em imagens tudo o que ocorreu, então, muita coisa seria esclarecida e a felicidade seria muito mais facilmente encontrada pela humanidade inquieta, que está deixando até o mais elementar bom senso ir embora, agindo irresponsavelmente, sem dar valor à própria vida ou à de seus semelhantes.

Mas como voltar ao passado? Uma pessoa esqueceu onde deixou o talão de cheques. Então se lembra que está no bolso do casaco. Mas onde está o casaco? Então começa a rememorar quando usou o casaco, onde foi, o que fez, se estava calor ou não, se tirou o casaco em algum lugar. Com isso ela está fazendo uma incursão ao passado recente para encontrar o casaco e o talão de cheques perdido. Isso é feito apenas com a memória? Muitos dirão que sim; mas será que uma parte da intuição tenta voltar ao passado?

Se pudéssemos regressar ao passado longínquo, ao tempo em que a semente espiritual foi expelida da região de seu surgimento, iniciando a sua jornada para baixo, em direção à materialidade, em decorrência do impulso de se tornar consciente! Poderíamos observar em meio a uma névoa brilhante, multicolorida, a sementinha semi-consciente descendo, seguindo o seu impulso interior, tendo que ir definindo sua tendência, seu modo de ser, sendo uma de suas primeiras escolhas, a atuação masculina ou feminina, e assim vai prosseguindo, até ao ambiente terreno, onde possa cobrir o seu corpo com matéria idêntica, surgindo assim a primeira encarnação, como uma, dentre uma série de várias indispensáveis ao seu desenvolvimento e maturidade, para um dia poder retornar, fortalecida e consciente, para a região mais elevada de onde surgiu. Então, certamente, tudo seria mais fácil de compreender. Cada um iria perceber onde e quando não aproveitou corretamente o seu tempo, e também iria perceber em que espécies de fios do destino se enredou e que o conduziram para as atuais condições de vida.

Evidentemente, esse tipo de volta ao passado só poderemos fazê-la na imaginação. A Mensagem do Graal, escrita por Abdruschin, explica minuciosamente o funcionamento dessas engrenagens da Criação, contudo, para captar os quadros mostrados pelo autor, cada um terá que fazer uso da reflexão. É indispensável que cada um coloque em ação todas as faculdades que lhe foram dadas através do sentimento intuitivo e do raciocínio.

“Quem deixa que outros pensem em seu lugar, dá-lhes poderes sobre si, rebaixa-se a servo, tornando-se assim preso. Deus, no entanto, deu ao ser humano uma força de livre resolução, deu-lhe a faculdade de raciocinar, de sentir intuitivamente e, para tanto, terá que receber, evidentemente, uma prestação de contas de tudo aquilo que essa faculdade de livre resolução condiciona! Com isso Ele queria criaturas humanas livres, não servos! (Mensagem do Graal, Vol. 2, Eu Sou o Senhor, Teu Deus!).

Compreendendo a vida, cada um compreenderá, enfim, que as causas dos sofrimentos foram produzidas pelos próprios seres humanos, que se esqueceram de sua origem e da finalidade de sua existência, ficando vagando a esmo num mundo de asperezas decorrentes da falta de coração no seu modo de viver, distanciado das leis da Criação. Assim, muitas pessoas estão tristes e carentes de calor humano, porque os seres humanos não se presenteiam mais com o seu modo de ser alegre e natural, tudo é estudado, gestos, palavras, ações. As pessoas querem mostrar que são independentes, que são fortes, que não precisam da ajuda de ninguém para terem sucesso. Assim, todos se sentem isolados, desconectados, porque o ego fala mais alto.

Outros, se deixam vencer pela propaganda enganosa das bebidas alcoólicas para afugentar a sua tristeza e insegurança. Segundo o cientista político Robert Reynolds, se cem pessoas começam a beber, 15 se tornarão alcoólatras. Isso garante uma renda para o resto da vida à industria de bebidas. Elas não lucram com o beber socialmente, mas com o vício. (FSP, 30/jan./2005).

Em toda a Criação os seres humanos são as únicas criaturas que produziram sofrimento, pois não se utilizaram das capacitações do sentimento intuitivo. Com sua ambição de poder e o pretenso querer saber melhor, afastaram-se da Luz e de suas leis. Aceitaram cultos idólatras afastando-se dos enteais, os construtores dos mundos na Vontade Criadora de Deus. Depois aceitaram uma religião dogmática com a indicação de tortuosos caminhos, não incentivando o natural esforço para compreender a Criação como o único meio para a salvação.

Por fim, em nossos dias, são estimulados a permanecerem acomodados na inércia. Percebem que o tempo passou. Passou a infância e a juventude, sem terem dado um sentido à sua vida. Estão presos ao cipoal que construíram através dos séculos.

Com o seu modo de ser fecharam os canais por onde desce a força da Luz, e assim ficaram separados da energia que tudo vivifica. Prejudicam a si mesmos, afastando-se cada vez mais do auxílio. A Terra ficou povoada de rostos aflitos, cansados, indispostos. Seus gestos denotam mágoa e desânimo, ao invés dos rostos felizes dos que, reconhecendo as leis do Criador, deram à sua vida o real significado.