A CIDADE DE EMBU E O MEIO AMBIENTE
(29/09/2005)

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O município de Embu, situado na região metropolitana de São Paulo, comete um lamentável engano ao introduzir de forma ilegal um corredor industrial numa área virgem que dá abrigo a espécies animais ameaçadas de extinção, contém porções de Mata Atlântica, e está na proximidade da reserva de Morro Grande.

Para a instalação de fábricas existem muitas áreas cuja cobertura florestal já foi destruída, evitando-se a destruição indiscriminada, a ocupação desordenada, a explosão populacional com todos os problemas ambientais gerados por ela.

Nos últimos 250 anos a população mundial explodiu, alcançando mais de 6 bilhões de habitantes, uma carga excessiva e que poderá, com o seu aumento, propiciar aspectos dramáticos e mais agressivos para o planeta face a utilização dos recursos naturais acima da capacidade de renovação, seja no que diz respeito ao solo, água, ar, ou florestas. Anualmente são despejados na atmosfera mais de 8 bilhões de toneladas de gás carbônico, ficando grande parte aquecendo a atmosfera.

A qualidade de vida nas grandes cidades como São Paulo decai anualmente: os rios ficam cada vez mais poluídos, os bairros ficam sujeitos a enchentes cada vez mais graves com a impermeabilização do solo, os congestionamentos aumentam fazendo com que os trabalhadores gastem, diariamente, mais de três horas para se deslocarem para os locais de trabalho. Enfim, São Paulo se tornou uma cidade desumana, com muito lixo e poluição.

A cidade de São Pauloé cortada por alguns rios, que no passado não muito distante tinham águas límpidas e grandes áreas de várzea com variada fauna e flora. Hoje os rios estão mortos, imundos. A cobertura vegetal é mínima, situando-se entre os mais baixos índices do mundo. O que propicia algum alento é o cinturão verde que vem sendo sistematicamente destruído, seja pela ocupação ilegal e desordenada, dando lugar a favelas sem qualquer planejamento, fábricas ou extração de pedras, areia, ou outros minerais.

O município de Embu, faz parte do cinturão verde, integra a área de mananciais. No passado já foi considerado a capital da ecologia, pela dedicação de sua população para a preservação do meio ambiente. Mas, o Brasil parou e regrediu, aumentando a miséria, o despreparo da população, a baixa qualidade humana e de vida. Assim, o Embu também se afastou de sua natural vocação de ser um modelo de desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente.

O Plano Diretor do Embu criou uma zona empresarial ao longo da BR116. Por que, então, introduzir um corredor industrial no bairro de Itatuba, ao longo da rua Maria José Ferraz Prado, onde ainda há áreas verdes a serem preservadas, onde há uma vocação para produzir hortaliças e flores, onde muitos cidadãos escolheram como local para construir os seus lares, longe da poluição urbana?

A implantação de atividades comerciais e industriais no coração verde de Embu é grave delito contra o interesse público, pois condena o Município a um futuro fabril, privando-o de sua vocação por excelência para o turismo, as artes e a exploração sustentável do meio ambiente.

Portanto, torna-se indispensável uma conscientização geral do equívoco e a sua correção, extirpando do Plano Diretor essa aberração do corredor empresarial ao longo da rua Maria José Ferraz Prado, implementando as áreas de desenvolvimento turístico como foram previstas no Plano Diretor.

As cidades não podem continuar sendo a violenta selva de concreto e favelas. Para se tornarem cidades efetivamente humanas, devem cuidar do desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente e, ao mesmo tempo, propiciar educação e saúde para a sua população. Somente assim o Brasil poderá sair das estatísticas de país atrasado com enorme desnível social, restabelecendo a esperança em um futuro melhor, com a paz e a alegria que sempre caracterizaram o seu povo. Ademais, pelo mundo todo, estamos observando a forma drástica como a natureza destruída, vem apresentando as catastróficas conseqüências dos desequilíbrios provocados pelos seres humanos.