REFLEXÕES SOBRE A MORTE DO SER HUMANO
(04/11/2005)

imagem

A humanidade não se cansa de se vangloriar de seus mirabolantes feitos: das viagens espaciais à clonagem, dos avanços nas comunicações aos progressos na informática.

No entanto, ao seu próprio respeito, o ser humano permanece um ignorante, mais do que em eras longínquas, quando nossos antepassados não estavam tão limitados ao raciocínio, mantendo ainda em atividade, um restinho de intuição proveniente do espírito.

Desconhecemos completamente o plano do Criador ao nos criar. Qual a origem e o significado da vida? De onde viemos e para onde vamos? Uma infinidade de religiões tenta explicar a origem do ser humano baseadas em suposições fundamentadas em dogmas. Cientistas de diversas correntes tentam explicá-la com postulados teóricos imaginados e desenvolvidos por eles mesmos.

A matéria em si é inerte, sem vida, mas, impulsionada pelos mecanismos das leis naturais da Criação, adquire calor, movimento e vida em permanente transformação. No passado distante, durante milhões de anos, houve toda uma cadeia de desenvolvimento progressivo para que o planeta pudesse hospedar o espírito humano. Sabemos que, através do ato de procriação, tem início a formação de um corpo no útero materno, mas relutamos em admitir que o ser humano não cria vida, pois na matéria a vida humana principia com a encarnação do espírito, o que ocorre mais ou menos na metade do período de gestação.

O corpo material é a vestimenta emprestada ao espírito, que, por sua vez, é de uma outra constituição. Evidentemente não há como se falar em ressurreição da matéria, pois nela não há vida propriamente. A matéria se renova através da transformação, nada se cria, tudo se transforma. A morte, nada mais do que um fato natural, é o abandono do corpo pelo espírito para prosseguir a sua peregrinação, enquanto todo o material é devolvido para que se transforme. Quando as pessoas visitam os cemitérios, quem recebe a visita são os restos mortais do falecido, nada dele fica lá, a menos que sua alma esteja fortemente aderida à matéria e por isso ainda presa ao corpo em decomposição.

Para o psicanalista Roosevelt Cassorla, professor de Psicologia Médica da Unicamp, o ser humano não consegue conviver com o desconhecido, com coisas que não têm explicação. A morte é uma delas. Até hoje, a ciência não consegue enxergar nem mesmo os mínimos vestígios do que quer que exista após a vida.

Se nada sabemos sobre o que existe após a morte, isso tem o outro lado da moeda. Se soubéssemos com clareza o que se passa antes do nascimento, logicamente saberíamos o que ocorre após a morte.

Segundo Abdruschin, na Mensagem do Graal, os pais apenas dão a possibilidade de encarnação, nada mais. E cada alma encarnada deve ser grata por tal oportunidade lhe ter sido dada. A alma de uma criança nada mais é do que hóspede de seus pais. O corpo de matéria grosseira atua, por algum tempo, como anteparo protetor contra muitos acontecimentos de matéria fina. Essa parede protetora é dada como escudo e abrigo para que possa modificar, em imperturbável tranqüilidade, muita coisa para melhor, e até remir totalmente aquilo que, sem essa proteção, pesadamente deveria tê-la atingido.

Lamentavelmente, os seres humanos não utilizam a sua existência terrena com a devida seriedade que deviam, passando a ter pavor de tudo que se relaciona com a morte, o ponto em que a alma abandona o corpo terreno, ao qual até então animara, retornando, muitas vezes para a matéria fina, com uma carga adicional de reciprocidade negativa.

Como esclarece Abdruschin,é bem diverso com os que não desperdiçaram a sua existência terrena, que ainda em tempo certo, mesmo que em hora tardia, mas não por medo ou pavor, tomaram o caminho da ascensão espiritual. Levam consigo sua procura sincera como bordão e apoio para o mundo da matéria fina.