O CÓDIGO DA VINCI E O SANTO GRAAL
(24/05/2006)

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Enfim, chegou o tão esperado filme. Depois do sucesso do livro, o público aguardava com ansiedade o filme apresentando a narrativa de Dan Brown sobre enigmática trama que envolve os alicerces da Igreja Cat ólica.

Toda a trama converge para a figura de Maria Madalena, que oferece um bom gancho para atrair a atenção do público com a imprevista narrativa do relacionamento dela com Jesus, porém, o autor leva os leitores atentos à conclusão de que Jesus era visto pelos discípulos como mais um simples profeta mortal. Implicitamente isso põe por terra a hipótese da virgindade de Maria e a ressurreição do corpo, dogmas estabelecidos pela Igreja Católica Romana, e, ao mesmo tempo, coloca dúvidas sobre Jesus ser apontado como o Messias, Enviado pelo Criador.

Por outro lado, as explicações sobre o Graal desviam totalmente o leitor do real significado, ao dizer que o Santo Graal é uma pessoa. Uma mulher, cuja figura é representada pelo cálice (um v mais aberto). O sagrado feminino, Maria Madalena, observável, segundo o autor, no quadro da Última Ceia.

O autor escreveu na pg.266 do livro: “A lenda do Santo Graal é uma lenda que fala de sangue real. Quando ela toca no cálice que continha o sangue de Cristo... está de fato falando de Maria Madalena – o útero feminino que concebeu a linhagem real de Jesus”. Teabing, como personagem do filme, também fala a mesma coisa.

Descobertos os assassinos, Langdon abandonou o conforto de seu apartamento no Ritz Hotel e saiu pelas ruas de Paris em busca de algo que jamais poderia encontrar, pois cometia o mesmo erro de tantos pesquisadores sinceros ao buscarem o mistério do Santo Graal apenas no plano terrestre, sem um facho de luz de cima para baixo, único capaz de vivificar e iluminar. O Código Da Vinci cria em torno de Maria Madalena um mito inverossímil. Ela reconheceu a missão de Jesus de trazer a Luz para o mundo, nutrindo por Ele profundo amor espiritual como os demais discípulos, mas ela era apenas um ser humano comum em busca da elevação espiritual.

Tanto o livro como o filme, omitem o essencial sobre a vinda de Jesus, o Cristo, o qual havia estabelecido uma coluna luminosa de força e pureza jamais esgotável, da qual tudo quanto é inferior tinha de resvalar, para que os humanos pudessem, através dela, se elevarem, captando a pura força espiritual. Mas, contra isso atuam o Anticristo e seus servos, que tudo fazem para manter os humanos acorrentados aos efêmeros atrativos existentes na vida material, sufocando o anseio espiritual através de erros e falsidades no lugar dos verdadeiros ensinamentos espirituais.

Com seus ensinamentos verdadeiros Jesus estava incomodando os adeptos da mentira. Os inimigos da Luz sabiam que somente poderiam calar Jesus, se o mesmo fosse retirado de seu corpo terreno. Aqueles que detinham o poder arquitetaram um plano. Jesus pressentia os golpes baixos da astúcia, mas ele precisava de mais tempo para permanecer entre os humanos para falar-lhes a verdade, para falar sobre o Santo Graal, a fonte da vida que se situa em alturas inacessíveis. Então ele pediu ao Pai para afastar o cálice do sofrimento iminente, pois derramar seu sangue inocente não era a finalidade de sua vinda. Sendo, porém, o funcionamento das leis da Criação perfeito e imutável, tinha o livre arbítrio dos seres humanos de ser consumado, sobrecarregando-se assim a humanidade de uma enorme culpa.

Jesus foi gerado naturalmente. O homem e a mulher têm a capacidade de gerar filhos, mas não a têm para insuflar vida no corpo que dão ensejo para se formar. A vida só começa quando o espírito se encarna e o sangue começa a se formar. Jesus, diferentemente dos humanos, tinha o seu corpo vivificado por um núcleo especial, superior, mas isso não implica na revogação das leis naturais da Criação. Assim como houve o ato de geração, também o seu corpo terreno, sem vida, entrou no processo de decomposição e transformação da matéria. Os discípulos, os judeus em geral e os romanos daquela época sabiam disso claramente, só mais tarde foram sendo introduzidas falsas noções, dogmáticas e inquestionáveis, sobre o corpo de Jesus, em oposição às leis da Criação. Isso tinha que gerar infortúnios e o futuro desmoronar de todo o instável arcabouço em que se fundamentou a doutrina da religião criada pelo imperador Constantino, em Nicéia, no ano 325 d.C., desde que examinado com a lógica própria das leis da Criação.

Grande parte dos seres humanos se tornou escrava de seu raciocínio terreno, o qual só luta pela própria influência. É através do raciocínio que a maldade encontra passagem para influenciar as pessoas. Aqueles que acolheram os ensinamentos de Cristo no seu coração deverão desenvolver o máximo esforço para reencontrarem o perdido caminho da Luz da Verdade.

A atual civilização agoniza. A vida se tornou áspera. O conceito dominante é que nascemos para morrer, e com a morte tudo se acaba, por isso as pessoas estão afastadas do Amor, achando que devem aproveitar a vida com sofreguidão e de forma egoística sem fortalecer o anseio para a elevação espiritual. Sabemos que de fato toda a matéria é perecível em seu ciclo de formar, desenvolver, decair e decompor para novo formar. Mas no caso do ser humano o seu corpo material é vivificado pela alma, que ao abandonar o corpo pela morte, deixa-o sem vida, mas a vida continua para a alma.

O Código Da Vinci é um bom entretenimento mental que põe a descoberto as lacunas introduzidas por Constantino, porém não oferece nenhum conteúdo de natureza espiritual.