VIAJAR DE AVIÃO
(25/11/2006)

Muitas pessoas quando viajam de avião aproveitam para pensar alto. A dez mil metros de altura, meditam sobre a vida e sobre as coisas que precisam ser feitas e solucionadas na vida cotidiana. Esses momentos também acabam sendo propícios para se sonhar com algo que traga felicidade e para fazer projetos. Mas, ultimamente, ao invés de possibilitar essas reflexões, as viagens aéreas têm se transformado em um pesadelo.

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Avião é coisa muito séria. E não há dúvida de que os comandantes e os demais tripulantes levam em alta conta a necessidade de manter a própria saúde e a forma física para poderem trabalhar de forma satisfatória. Eles também se preparam para manter o equilíbrio emocional para estarem aptos a enfrentar qualquer emergência que possa surgir, propiciando segurança e calma aos passageiros. Os controladores de vôo também apresentam essa mesma preocupação.

Viajar de avião é muito seguro, mas é preciso que as normas sejam respeitadas e providos os recursos necessários para que a qualidade dos serviços seja mantida, independentemente do aumento do número de passageiros e da quantidade dos vôos. Em Nova York, o movimento nos aeroportos é imenso, sendo possível contar as dezenas de aviões enfileirados, aguardando para decolagem. Apesar disso, tudo funciona satisfatoriamente.

Já há algum tempo embarcar em um avião, nos principais aeroportos do Brasil, tornou-se uma tarefa árdua, cansativa e geradora de estresse. O cenário é desolador: filas intermináveis em ambientes apertados e mal arejados, pessoas ansiosas e com medo de perder o lugar, desconforto para despachar e carregar as bagagens, desatenções da parte dos funcionários das companhias aéreas para com os usuários, entre tantos outros problemas. Um dos exemplos dessa situação caótica a que chegamos foi o de um casal que havia comprado as passagens, com antecedência, para viajar de São Paulo a Fortaleza, e que enfrentou dificuldades para chegar ao guichê. Quando eles finalmente foram atendidos, foram avisados que teriam que viajar em lugares separados, embora os assentos estivessem previamente marcados. Ao reclamar do ocorrido ainda tiveram que ouvir da funcionária que deveriam ficar contentes, pois aqueles eram os últimos dois lugares disponíveis no avião.

Óbvio que as companhias aéreas querem reduzir seus custos e aumentar a lucratividade. São objetivos válidos e inerentes a toda atividade econômica. Mas isso não pode ser feito mediante o sofrimento dos consumidores. Além do over book (venda de passagens superior à capacidade do avião) que vem sendo posto em prática pelas companhias há algum tempo, as pessoas também acabam sendo penalizadas com os atrasos, uma vez que o controle do espaço aéreo está operando no limite. Essa situação é, no mínimo, dramática para o povo brasileiro, que agora começa a se dar conta do nível de degradação dos serviços. É terrível saber que isso está ocorrendo também nos procedimentos aéreos – uma área em que não há margem para improvisos. Com isso, é cada vez mais justificável se ter medo de avião. Esse sentimento não é mais privilégio apenas dos que têm fobia de voar, mas também está atingindo a população em geral.

O que está acontecendo no mundo? Todos estão tão apressados e tudo está acontecendo de forma cada vez mais rápida que não sobra mais tempo para reflexão. Dessa forma, o bom senso desaparece e as margens de segurança ficam mais apertadas. Estamos ultrapassando todos os limites críticos e toleráveis, inclusive no tocante à vidahumana. A Intuição está desativada, o cérebro se cansa induzindo a erros os quais a intuição deveria perceber prontamente lançando seu alerta evitando os acidentes que estãose tornando mais freqüentes nas avenidas e nas rodovias, nas ferrovias e até nas aerovias.

O mundo está se transformando num pesadelo onde as desgraças estão aumentando, e ninguém está fazendo nada para que a humanidade possa continuar sonhando com a paz e a felicidade, agindo com bom senso e serenidade. Para reverter esse panorama, necessitamos de um brado de alerta global que nos leve a repensar a vida. Um brado que faça as pessoas refletirem, não apenas sobre as coisas graves que estão acontecendo no mundo, como a destruição ambiental, a falta de empregos, e a proliferação das experiências nucleares para uso dessa tecnologia em guerras, como também sobre ações corriqueiras do dia a dia, como a prestação adequada dos serviços e o bom atendimento dentro dos padrões de segurança e conforto.