INTUIÇÃO E ACIDENTES
(16/10/2007)

Não podemos tapar os olhos e nos enganarmos querendo supor que tudo está funcionando às mil maravilhas, muitos são os problemas e dificuldades, por isso mesmo o momento nos exige permanente atenção e vigilância.

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Estar vigilante implica em estar atento com todos os sentidos, e mais do que isso, com a própria intuição buscando uma visão bem ampla sobre o que nos rodeia nesta época de turbulências na qual tudo está tendendo para os limites críticos.

Assim, nas estradas brasileiras, os acidentes se agravam fazendo mais vítimas como o lamentável acidente ocorrido na cidade de Descanso, em Santa Catarina, na BR-282: um caminhão tentando uma ultrapassagem em uma curva bateu de frente com um ônibus que transportava cerca de 40 pessoas e ia de Chapecó para São José do Cedro. Enquanto as equipes ainda trabalhavam no resgate das vítimas, um outro caminhão carregado com açúcar entrou na contramão, passou paralelo à fila que se formava por quase dois quilômetros, colidiu com os veículos que prestavam socorro às vítimas e atropelando as pessoas que estavam no local.

Todos nós sabemos que no Brasil as rodovias têm sido mal conservadas, que as condições econômicas têm se agravado muito, submetendo os motoristas a jornadas desumanas, que a educação e o preparo dos profissionais deixam muito a desejar, mas certamente com a falta do uso da intuição muitos motoristas têm praticado imprudências, inclusive a de permanecer dirigindo quando as condições físicas exigem uma parada para recuperação, o que muitas vezes é postergado por pressões do trabalho. É exatamente na segurança do trabalho que mais se exige a participação da intuição.

Por exemplo, sabemos que os procedimentos de segurança em aviação foram desenvolvidos pelo raciocínio para garantia dos objetivos a que se destinam, mas quando os examinamos na prática, é indispensável que estejamos bem atentos para favorecer participação da intuição, isto é, a checagem dos itens não deve ser feita mecanicamente, pois o raciocínio pode deixar de perceber pequenas sutilezas indicativas de alguma anomalia, no entanto a intuição é mais precisa e não deixa escapar nada, induzindo a um exame bem criterioso o qual poderia ser suprimido pelo raciocínio, impedindo a tomada das providências requeridas.

Todos nós deveríamos saber que o verdadeiro dínamo do ser humano está na sua intuição íntima até agora mal pressentida, encoberta pelo sentimento produzido de modo predominante apenas por pensamentos. A intuição encontra-se fora do tempo e do espaço, são impressões que o eu interior consegue captar. Sem o impulso intuitivo, uma parte de nós fica inativa.

Segundo Sharan Franquemont, a intuição é, em certo sentido, como uma visão ou um perfume, uma percepção que traz informações. Ela vem como uma voz suave, um ato instintivo, um flash de criatividade ou um momento em que nos sentimos unos com o mundo. De repente, sabemos alguma coisa sem utilizar os processos analíticos – o conhecimento está simplesmente ali, e sabemos.

Acidentes nas rodovias ou com aviões e tantas outras ocorrências desastrosas, seja no ambiente de trabalho ou não, muitas vezes poderiam ser evitados através de um simples lampejo intuitivo, mas em nosso embrutecimento nos tornamos incapacitados para observar as sutis advertências pressentidas e pô-las em prática.

A intuição é o mais poderoso auxiliar que recebemos para a vida, mas muitas vezes foi confundida com o sentimento que é outra coisa que pode induzir a erro, e por isso deixada de lado sem ter sido estudada mais profundamente.