TRAGÉDIA HUMANA NO HAITI
(15/01/2010)

(além de obter a melhora das condições materiais, as novas gerações precisam querer ardentemente alcançar a melhora geral)

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Em decorrência do forte terremoto, palácios e casebres desabaram no Haiti, mas o que se tornou evidente após a espessa nuvem de poeira baixar, é a precariedade em que vive a sua população. Se antes não havia um horizonte visível para a evolução humana, agora a esperança é zero. Quanto mais aumenta a população, mais tem aumentado a miséria social com o aumento do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.

Como em muitas regiões do planeta, a história do Haiti é mais um capítulo na trajetória de exploração das riquezas pelos humanos como se fossem os donos, sem nenhuma consideração, seja pelos habitantes nativos, seja pela natureza.

Em 5 de dezembro de 1492, Cristóvão Colombo chegou a uma grande ilha, à qual deu o nome de Hispaniola. Mais tarde passou a ser chamada de São Domingos pelos franceses. Dividida entre dois países, a República Dominicana e o Haiti, é a segunda maior das Grandes Antilhas, com a superfície de 76.192 km² e cerca de 10 milhões de habitantes.

Já no fim do século XVI, quase toda a população nativa havia desaparecido, escravizada ou morta pelos conquistadores. A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha em 1697. No século XVIII, a região foi a mais próspera colônia francesa na América, graças à exportação de açúcar, cacau e café, produzidos com mão de obra escrava.

O Haiti chegou a ser uma colônia muito rica. A sua população escrava de origem africana se rebelou enfrentando duras guerras civis, conseguindo sua independência logo após os Estados Unidos, mas sua riqueza esvaiu-se, pois o país ficou estagnado devido ao isolamento imposto pela comunidade internacional, que considerava a abolição dos escravos como um mau exemplo e a exigência de pesada indenização feita pela França.

Da segunda metade do século XIX ao começo do século XX, 20 governantes sucederam-se no poder. Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Tropas dos Estados Unidos da América ocuparam o Haiti entre 1915 e 1934, sob o pretexto de proteger os interesses norte-americanos no país. Em 1946, foi eleito um presidente negro, Dusmarsais Estimé. Após a derrubada de mais duas administrações governamentais, o médico François Duvalier foi eleito presidente em 1957.

De 1950 a 1980 o Haiti foi palco de acirradas disputas internacionais em decorrência da guerra fria. François Duvalier, conhecido como Papa Doc, instaurou feroz ditadura, baseada no terror policial dos tontons macoutes (bichos-papões) – sua guarda pessoal –, e na exploração do vodu. Presidente vitalício, a partir de 1964, Duvalier exterminou a oposição e perseguiu a Igreja Católica. Papa Doc morreu em 1971 e foi substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier – o Baby Doc.

Em 1986, Baby Doc decretou estado de sítio. Os protestos populares se intensificaram e ele fugiu com a família para a França, deixando em seu lugar o General Henri Namphy. Eleições foram convocadas e Leslie Manigat foi eleito, em pleito caracterizado por grande abstenção. Manigat governou de fevereiro a junho de 1988, quando foi deposto por Namphy. Três meses depois, outro golpe pôs no poder o chefe da guarda presidencial, General Prosper Avril.

Com o embargo internacional, sem outros recursos, a população transformou as reservas florestais em carvão. Diante do caos político e social o Conselho de Segurança aprovou o envio da Força Multinacional Interina, liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento. O CS decidiu estabelecer a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, que assumiu a autoridade exercida pela MIF em 1º de junho de 2004. O efetivo autorizado para o contingente militar é de 6.700 homens, oriundos dos seguintes países contribuintes: Argentina, Benin, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.

Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de proporções catastróficas, com magnitude 7.0 na escala de Richter, atingiu o país a aproximadamente 22 quilômetros da capital, Porto Príncipe. Em seguida, foram sentidos na área múltiplos tremores com magnitude em torno de 5.9 graus. O palácio presidencial, várias escolas, hospitais e outras construções ficaram destruídos após o terremoto. O número de mortos não é conhecido com precisão, embora fontes noticiosas afirmarem que podem chegar a centenas de milhares.

A miséria social no planeta não será superada enquanto não houver melhora na educação e preparo para a vida com compreensão do funcionamento da natureza e o devido respeito a ela. A falta de cuidado e respeito, as agressões, a destruição da floresta natural de forma arbitrária, a ocupação desordenada do solo, a destruição das espécies, a caça predatória, tudo leva à decadência ambiental e psico-social.

O grande descaso dos humanos com o meio ambiente em varias regiões e situações, e a falta de preservação de reservas naturais sem intervenções humanas, provocam desequilíbrios que acabam se refletindo em tudo, desde a economia com impacto sobre as populações e na redução da qualidade de vida, podendo gerar catástrofes imprevisíveis.

As nações se mobilizam para prestar ajuda humanitária. No entanto, além de obter a melhora das condições materiais, as novas gerações precisam querer ardentemente alcançar a melhora geral, como seres humanos de valor que buscam a evolução integral, e não apenas ao atendimento das necessidades básicas, para que resgatem o eu interior e a sua individualidade. Os escombros do Haiti representam um chamado de alerta para a humanidade despreocupada com o significado da vida, e acomodada nas benesses do sistema financeiro global em vias de ruptura anunciada.