MENSAGEM DO GRAAL DE ABDRUSCHIN
(18/04/2010)

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS EDIÇÕES DE 1931 E DE 1949/50

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INTRODUÇÃO

No início do século XX, diante do caos dos valores destroçados e miséria reinantes, brotou em Abdruschin a imensa vontade de auxiliar a humanidade. Em seu anseio buscou por um conhecimento novo, baseado nas leis da Criação, que capacitasse o ser humano para um viver pacífico e laborioso, em harmonia com todas as criaturas. Assim surgiu a obra “Mensagem do Graal”. A polêmica criada em torno das edições da Mensagem do Graal (1931 e 1949/50) constitui-se numa inútil perda de tempo, pois a essência de ambas procede da mesma origem.

O CENÁRIO MUNDIAL DO SÉCULO XX

A Igreja mantinha forte influência na Alemanha e no mundo.

Situação econômica difícil. A Inglaterra mantinha-se no comando das finanças. AAlemanha ampliava a sua capacidade industrial.

Em 1914 ocorre a primeira grande guerra. Os alemães foram derrotados e, pelo tratado de Versalhes, assumiram uma pesada obrigação de indenizações de guerra.

Em 1929 o crack da bolsa americana abala o mundo gerando uma crise sem precedentes. Caos e miséria fazem da vida um sofrimento para milhões de pessoas.

Hitler, diante da desordem econômica, exercendo uma liderança carismática e despótica, convence os alemães a colocarem-no no topo do governo.

Num mundo em crise os financistas buscavam oportunidades de ganho.

Em 1931 surge a Grande Edição da Mensagem do Graal.

Em 01/09/1939 tem início a Segunda Guerra Mundial que vai até 09/1945; seis anos de miséria e sofrimento para a Europa e o mundo. Foi o mais sangrento conflito da história humana.

Em 1949/50 surge a edição da Mensagem do Graal, Na Luz da Verdade, em 3 volumes.

ABDRUSCHIN E A MENSAGEM DO GRAAL

Oskar Ernst Bernhardt, mais conhecido pelo seu pseudônimo Abdruschin (Abd-ru-shin ou Abdrushin), é autor da Obra “Im Lichte der Wahrheit”, traduzida do alemão para o português sob dois diferentes formatos (volume único ou dividido em três volumes) e dois diferentes títulos: Mensagem do Graal - À Luz da Verdade e Mensagem do Graal - Na Luz da Verdade.

O autor da Mensagem permaneceu em Nova York (1912/13), tendo partido em viagem de estudos à Inglaterra, Londres, onde, por ser cidadão alemão, foi feito prisioneiro entre 1915 e 1919 em um campo de concentração britânico depois do começo da I Guerra Mundial. Neste período de 4 anos viveu as aflições interiores do ser humano que, perante o caos dos valores destroçados, não encontrava mais uma saída. Brotou então, dentro de si, a imensa vontade de ajudar o próximo através do Conhecimento que capacita os seres humanos a um viver pacífico e laborioso, em harmonia com todas as criaturas. Os anos em que esteve exilado, ele aproveitou-os, não obstante, para trabalhar e compreender a forma de viver das pessoas.

Posto em liberdade, no ano de 1919, inicialmente foi para Dresden e depois para a Baviera. Apartir de 1923 começou a redigir suas conclusões ligadas às questões sobre a vida e publicá-las, tendo adotado o pseudônimo de Abdruschin. Destes estudos foram surgindo as dissertações que resultaram na Obra Na Luz da Verdade, conhecida como a “Mensagem do Graal”. Nos anos vinte Abdruschin proferiu essas dissertações em forma de conferências públicas. Este novo conhecimento, revolucionário, caiu qual faísca incandescente sobre os ouvintes.

Em 1928 estabeleceu-se na montanha de Vomperberg, Tirol austríaco, onde concluiu sua obra. Quando os adeptos começaram a chegar, pretendendo adquirir conhecimentos mais profundos sobre o seu livro Mensagem do Graal, nasceu uma colônia, chamada de Colônia do Graal.

Em 1931 através da Editora Der Ruf, de Munique, surge a Grande Edição da Mensagem do Graal, no idioma alemão, reunindo 91 dissertações. Seu Autor, imbuído do sincero desejo de auxiliar, esperava que os seres humanos em geral ansiassem pela busca de algo mais elevado, do saber verdadeiro e completo conforme promessa feita por Jesus. Mas a humanidade não reage da forma como seria esperado, pois em sua indolência espiritual, não mais mantinha acesa a chama da busca pela Luz da Verdade para alcançar elevação, felicidade e paz. Aqueles que se acorrentaram às limitações do raciocínio, não mais ansiavam pela Luz da Verdade e não se fizeram por esperar, surgindo como inimigos, de forma aberta ou velada, causando danos onde lhes fosse dada a oportunidade para isso. As trevas entraram em ação, pois tinham como objetivo desacreditar o Autor e anular a sua obra, impedindo o progresso.

No Brasil, a primeira edição da Mensagem do Graal ocorreu em 1934, seguindo as orientações de Abdruschin. A difusão da Mensagem esteve sob sua orientação até sua morte. Após o falecimento de Abdruschin, sua esposa, Maria Bernhardt, ficou à frente deste trabalho.

A PRISÃO, O EXÍLIO E O FIM DA GUERRA

Em 1938, Abdruschin, o Autor da Mensagem do Graal foi feito prisioneiro pelo regime nazista sob a acusação de que "seu comportamento, ameaçava a existência e a segurança do povo e do Estado". Nessa ocasião os seus bens foram expropriados. Depois de meses de opressivo exílio foi expulso da Áustria ocupada. Encontrou acolhimento em Kipsdorf, Erzgebirge, Alemanha. Foi impedido de defender em público suas crenças; aos que Nele e na sua Mensagem acreditavam foi-lhes imposta proibição de visitá-lo. A Gestapo estava atenta aos seus movimentos buscando fatos que pudessem incriminá-lo.

O Sr. Wagner, um aderente da Mensagem do Graal que vivia na Colônia do Graal, relatou o episódio da invasão feita pela tropa nazista; no escritório tudo foi revirado, muita coisa foi jogada fora e queimada, aterrorizando as pessoas e as senhoras Maria e Irmingard. Elas ficaram incomunicáveis.

O Sr. Wagner mencionou a vinda de um oficial refinado para conversar com as senhoras, mas não revelou o teor da conversa, pois não participou dela, porém disse que o oficial havia informado que o prisioneiro logo seria solto. Abdruschin não sofreu atentado, mas ficou preso e humilhado, tendo sido expulso da cidade. AMensagem do Graal foi colocada sob suspeita. A Colônia do Graal foi ocupada para dar lugar a uma unidade de treinamento militar para os nazistas da SS, tropa de elite do nazismo, que afluíram em grande quantidade para o local.

Na prisão, Abdruschin emitiu uma declaração extinguindo as atividades do Movimento do Graal e, posteriormente, fez outra declaração complementar dizendo, entre outras coisas, o seguinte: “Essas minhas palavras não são passíveis da menor modificação”. Isto é, ele não as modificaria, deixaria tudo como havia escrito e revisado. Lamentavelmente, os seres humanos em sua restrição intelectiva deram a elas uma interpretação errônea, causadora de polêmicas desnecessárias.

A polêmica criada em torno das edições da Mensagem do Graal (1931 e 1949/50), decorre da incompreensão daquele trágico momento da humanidade e é pura perda do precioso tempo de que dispomos. As revisões e complementações feitas pelo Autor destinavam-se a ajustar a forma de apresentação da Palavra frente à nova situação de rejeição por parte dos seres humanos; no entanto, em ambas a essência é a mesma. Seu conteúdo abrangente desvenda a Criação e suas Leis de forma lógica e coerente para os seres humanos do presente e do futuro, sem visar a criar uma nova religião, mas tão somente auxiliar os seres humanos em meio ao caos dos valores destroçados. Assim, observamos que foram mantidos os esclarecimentos quanto aos dogmas e críticas aos conceitos restritos das religiões, que estruturavam as suas doutrinas conforme suas conveniências.

Referindo-se aos alemães Abdruschin havia escrito em 1931:

Que devido ao seu anseio o povo alemão seria convocado para se tornar o povo-guia, espiritual e terrenamente, mas primeiro tinha de sair dos escombros daquela situação, para a qual só existia um caminho: continuação da decadência e queda.

A juventude alemã está envenenada já desde a base, tanto no corpo como na alma.

Podeis e deveis ser um espírito, um povo, que, guiando, há de caminhar à frente dos outros exemplarmente.

Evidentemente, essa dissertação foi excluída.

Diante dos graves acontecimentos que colocaram a pessoa do Autor e sua obra sob suspeita, se impunha a introdução de ajustes para a edição de uma obra de caráter permanente, destinada aos seres humanos daquela época e do futuro, mormente no tocante à pessoa do Autor, sua missão e aos sublimes projetos de elevação humana, os quais se tornaram irrealizáveis face à indolência espiritual da humanidade. O Autor percebeu que a melhor forma para atingir o íntimo dos leitores, seria a impessoalidade da obra.

O que se depreende é que houve um momento de grande perigo e luta espiritual para a preservação da obra escrita, e ela teria que ser preservada acima de tudo o mais, pois os convocados haviam falhado impossibilitando o cumprimento de tudo o que deveria ter sido realizado, e a humanidade estava enrijecida demais para perceber de pronto os elevados valores que a obra contém. (Ver dissertação “OEstranho”).

Em seu exílio, a partir de 1938 o Autor procedeu à revisão de sua obra. Isso foi feito com uma nova edição em três volumes, mas devido à guerra e às adversidades da situação social, não foi possível sua publicação durante seus últimos anos de vida. A obra contém a essência do atuar das leis da Criação, explicados por Abdruschin sob a Luz da Verdade, e tudo o que os seres humanos necessitam para a sua evolução integral.

Face à decadência espiritual da humanidade nada foi como poderia e deveria ter sido. Ao fazer as escolhas que fez, a humanidade perdeu a oportunidade de resgatar e se libertar dos erros para alcançar a condição verdadeiramente humana; permaneceu sintonizada erradamente e, dessa forma, se manteve na tendência de preparar um futuro cada vez mais funesto para si, como bem percebemos nos dias de hoje.

Segundo Roselis von Sass, Abdruschin, em seu leito de morte, viu com desespero a precariedade do material humano na Montanha (Colônia do Graal), desprovido da necessária capacitação para dar continuidade aos projetos de evolução espiritual da humanidade, e por isso desejou permanecer na Terra por mais algum tempo. Seu falecimento se deu a 6 de dezembro de 1941. O prazo para a permanência da Justiça, do Amor e da Pureza estava terminado. O Juízo estava desencadeado. Nenhum poder terreno poderia deter esse acontecimento. Aos seres humanos foi deixada a Mensagem do Graal, a Palavra Sagrada, ancorada para toda a eternidade como o único meio para a escalada, pelo esforço próprio de cada um, individualmente.

A despeito de que tudo o mais ficara prejudicado, impunha-se proteger a Palavra para que permanecesse incólume diante dos poderosos interesses egocêntricos de influência e domínio sobre a humanidade, os quais se sentiram ameaçados diante da simplicidade e naturalidade da Mensagem do Graal “Na Luz da Verdade”.

Finda a guerra a propriedade em Vomperberg foi devolvida à família. A edição revisada foi posta à disposição dos seres humanos no idioma alemão e em vários outros. O pós-guerra trouxe um breve alívio, e aos poucos os sofrimentos foram esquecidos.

Os seres humanos dominados pela arrogância intelectiva jamais quiseram ser contrariados em seus conceitos falsos e indolentes; ignoraram a Mensagem do Graal, jamais a mencionaram e raramente ela foi utilizada como referência bibliográfica, embora seu conteúdo abrangente desvende a Criação e suas Leis de forma lógica e coerente, sem visar a criar uma nova religião, mas tão somente a auxiliar os seres humanos em meio ao caos criado por eles mesmos. Apesar de todos os ataques a Mensagem do Graal permaneceu intacta em seu conteúdo, possibilitando a todos aqueles que procuram, o encontro com a Luz da Verdade, seja numa ou noutra edição (1931 ou 1949/50).

Portanto, repetindo, a polêmica criada em torno das edições da Mensagem do Graal, (1931 e 1949/50) decorre da incompreensão daquele trágico momento da humanidade e é pura perda do precioso tempo de que dispomos. A essência de ambas é a mesma.

ARGUMENTOS ATRIBUIDOS A HELLMUTH MÜLLER

Aqueles que não aceitam as modificações introduzidas na Mensagem do Graal que resultaram na edição de 1949/50, tomam por base fatos que o Sr. Hellmuth Müller relatou em carta datada de 06.03.1976, a qual teria sido endereçada a Frl. Irmingard, alegando que a determinação seria de que aquela edição deveria permanecer inalterada em sua forma para a posteridade.

Segundo tal relato, Frau Maria na sua atuação teria descumprido essa determinação. Ela e sua filha Irmingard declararam ter recebido, diretamente do Autor, instruções para a continuação da divulgação da Mensagem do Graal em novo formato, em 3 volumes, como edição de última revisão, em substituição à edição de 1931.

A hipótese apresentada é a de que “a supressão e alteração das partes de texto da edição inicial após a morte do Autor pode ter sido efetuada ou providenciada somente por parte de terceiros, sem o consentimento Dele, e isso por uma pessoa que não mais acreditava na missão do Autor”. Porém, essa própria hipótese é uma condicional, pois o termo “pode” usado na sentença não define nada.

De fato, a nova edição foi editada quando o Autor não mais estava presente fisicamente, mas o conteúdo utilizado pelas Senhoras para a nova edição somente poderia ter procedido das mãos Dele, pois nenhum ser humano teria a capacitação para haurir o conhecimento, concatenar as idéias, reunir as dissertações e manter a essência de tudo que está contido na edição inicial, excluindo a parte do conteúdo que somente tinha sentido antes do clamoroso falhar dos convocados, e do visível desinteresse demonstrado pelos seres humanos, aos quais ela foi destinada, por estarem atados à sua indolência espiritual.

Portanto, toda a polêmica está centrada em hipóteses levantadas por interesses desconhecidos, não favorecendo em nada o reconhecimento da Luz da Verdade que é um trabalho que exige esforço individual, através do qual cada ser humano terá de derrotar o domínio do raciocínio, permitindo que seu espírito, o núcleo realmente vivo, desperte e se pronuncie desimpedidamente, como a característica fundamental do ser verdadeiramente humano.

Diante de propósitos tão elevados é hora de percebermos a esterilidade que resulta dessas polêmicas para cuidarmos do que realmente importa: acompreensão e aplicação do conhecimento das leis da Criação no viver diário.

EPÍLOGO

Abdruschin sempre exigiu que os seres humanos se preocupassem com as palavras de sua Mensagem e não com a pessoa do Autor. Eles deveriam avaliar os valores de sua Obra, e não os acontecimentos de sua vida terrena. Como toda obra faz conhecer seu Autor, que com ela se identifica, assim também se reconhece a personalidade de Abdruschin através de sua Obra.

Quem refletir seriamente reconhecerá a Verdade e assim, o caminho verdadeiro! Os que têm preguiça de pensar e os indolentes que não conservarem continuamente preparada, com cuidado e atenção, a lamparina a eles confiada pelo Criador, isto é, a faculdade de examinar e elucidar, facilmente podem perder ahora, como as tolas virgens da parábola, quando a “Palavra da Verdade” chegar a eles. Uma vez que se deixaram adormecer em cansado comodismo e crença cega, não serão capazes de reconhecer, por sua indolência, o portador da Verdade ou noivo. Têm de ficar então para trás, quando os vigilantes entrarem no reino da alegria. (Abdruschin, Na Luz da Verdade, dissertação “A morte do Filho de Deus na Cruz e a Ceia”, Vol. 2).

Em meio às turbulências da atualidade brilha fulgurantemente a Luz da Verdade! Só o conhecimento e a observância das leis da Criação podem auxiliar os humanos.

A humanidade colhe o que semeia.