GUERRA CAMBIAL
(04/11/2010)

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Se perguntarmos o que é a guerra cambial e quais as consequências dela certamente grande número de pessoas não saberia o que dizer. O nome guerra cambial não é muito apropriado, o mais acertado seria dizermos que estamos diante de uma guerra econômica na qual as moedas estão sendo usadas como armas para manter vantagens ou superar dificuldades.

Comecemos examinando a situação da China. Reservas gigantescas de 2,65 trilhões de dólares, conquistados com produção de baixo custo, voltada para exportação. E continua produzindo e exportando. Favorecida pela vantagem cambial, isto é, com o aumento de poder de compra do Real, as importações da China ficam mais baratas para os consumidores brasileiros. Mais exportam, mais lucram, mais disponibilidades para especular no Brasil.

Nisso entram as reclamações das indústrias brasileiras que não conseguem competir. As autoridades sentem-se confortáveis porque a inflação se mantém controlada. Surge a ameaça de um rombo nas contas externas, então os juros são mantidos bem alto para atrair capitais especulativos. Os Bancos vendem dólares, que ainda não possuem, ao preço atual, esperando que baixe ainda mais, enquanto isso, desfrutam da generosa taxa de juros. Essa é uma política que custa caro ao país, mas como calcular isso, não só em termos de finanças, mas de atraso econômico? Enfim, tudo fica submetido a um artificialismo oportunista.

Por outro lado, a grande reserva capacita a China a fazer aquisições em todos os recantos da Terra. Os Estados Unidos por sua vez estão com a economia estagnada e déficits em suas contas, mas são os emissores do dólar, moeda de expressão mundial. O que eles podem fazer? Emitir dólares. Assim, mesmo sem reservas e com endividamento elevado, poderão fazer o que quiserem, trocando dívidas em poder dos Bancos por dinheiro vivo. A anunciada injeção de US$ 600 bilhões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na economia dos Estados Unidos, poderá desencadear o risco da formação de uma enorme bolha de ativos nos países emergentes. Por que deixariam a China agir sozinha nessa bacia de oportunidades?

Uma inundação de dólares em busca de oportunidades especulativas que deixa os demais paises perderem a margem de manobrar sua política monetária. Esses, os ingredientes da guerra econômica e não se sabe aonde ela vai desembocar. As consequências são inexoráveis, de conformidade com a espécie.

Os paises estão se movendo em busca do aumento de influência e do poder empregando o papel moeda. Falta uma visão humanística indispensável para a paz e progresso mundial. Estamos diante de uma situação de desequilíbrio no comércio internacional que vem de longa data agravado pelo desequilíbrio monetário e cambial, e que deu maus resultados em passado não muito distante.

Cada país precisa se esforçar e ser apoiado para manter o equilíbrio em suas contas. No passado alguns economistas propuseram isso como meio para alcançarmos um progresso mais harmonioso, gerando esforço para um desenvolvimento de qualidade no preparo das novas gerações e na produção de bens. Assim como as famílias e empresas não podem subsistir gastando acima de suas posses, também os estados soberanos deveriam ter obedecido a essa máxima do bom senso.