BRASIL, A DÉCADA DECISIVA
(07/01/2011)

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“Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento”. (Dilma Roussef, presidenta do Brasil)

Após a crise financeira iniciada em 2008 a situação mundial se encontra confusa. No Brasil a descoberta das reservas petrolíferas do pré-sal chama a atenção dos investidores e população em geral. A tardia inclusão de cerca de 30 milhões de consumidores criou no país um atraente mercado. O Brasil desponta com sua economia bem ativa. A sensação de crescimento tranquiliza as autoridades, concedendo alguma esperança para a população.

No entanto, ainda continuamos basicamente submetidos aos interesses externos como fornecedores de matérias primas e alimentos para saciar a fome do mundo, em troca de manufaturados com preços menores em função do dólar desvalorizado. Esperemos que a euforia seja substituída por um permanente estado de vigilância sobre as turbulências que estão se passando no Brasil e no mundo. Os países desenvolvidos querem as matérias primas e o nosso mercado. Estamos diante de uma crise ecológica sem precedentes e de uma crise econômica e social que tende ao agravamento. Necessitamos avançar na educação e preparo das novas gerações.

No cenário internacional as mudanças climáticas começam a criar obstáculos para a normalidade da vida, seja por chuvas intensas, calor abrasador, ou nevascas fora do padrão, trazendo a ameaça de escassez de bens essenciais. No econômico, a política americana de desvalorização do dólar, acompanhada pela moeda chinesa, incomoda a Europa e o Japão, sem falar no Brasil que achou no dólar desvalorizado um suporte para atendimento da classe emergente e controle da inflação, mas teme-se que mais à frente tenhamos gasto as reservas em consumo e com a cobertura de déficits nas contas externas.

Nas contas internas não há um equilíbrio entre receitas e despesas, fazendo do poder público um eterno tomador de recursos a juros elevados. Com uma dívida pública muito menor que a dos Estados Unidos, temos um dispêndio de juros fora de propósito a ponto de, no Orçamento, estar estipulado um superávit de 3% do PIB para o pagamento de juros.

As populações estão abandonando a escassez do campo em direção à miséria das favelas que atinge proporções desumanas. Precisamos cuidar melhor das reservas florestais e da preciosa água. Cerca de 5,4 bilhões de litros de esgoto são lançados diariamente nos córregos, rios e represas sem nenhum tratamento. Precisamos equacionar os problemas da educação fazendo com que as novas gerações aprendam de fato a se preparar para o futuro.

A crise ecológica e a crise social mundiais decorrem de uma forma de viver alienada das leis da natureza. Quem somos nós? De onde viemos? Qual o nosso destino? São indagações não respondidas até hoje pelo fato de a humanidade ter se dedicado exclusivamente à vida material sem pensar no antes e no depois, construindo tudo com base exclusivamente no dinheiro, no poder e nos valores terrenos, pondo o humanismo de lado. Para o jornalista francês Hervé Kempf, o planeta é hoje governado por uma oligarquia que acumula renda, patrimônio e poder com uma avidez que não víamos igual desde os “barões voadores” norte-americanos de fins do século 19.

Antes que o planeta entre numa rota autodestrutiva sem volta, necessitamos de uma nova visão de mundo voltada para a busca do progresso real e da felicidade e que não esteja atrelada aos imediatismos dos ganhos rápidos. Com responsabilidade para os custos ambientais e com a natureza e comprometida com a boa formação das novas gerações.

Em seu discurso de posse, Dilma Rousseff, presidenta do Brasil, mostrou conhecimento dos nossos graves problemas educacionais, fazendo uma promessa: “Nas últimas décadas, o Brasil universalizou o ensino fundamental. Porém é preciso melhorar sua qualidade e aumentar as vagas no ensino infantil e no ensino médio. Para isso, vamos ajudar decididamente os municípios a ampliar a oferta de creches e de pré-escolas”.

A grande oportunidade do Brasil está em sua natureza pródiga, que propicia a riqueza verdadeira que assegura a conservação do ambiente favorável para a vida. Para superar o grande atraso e aproveitar toda essa riqueza na melhora das condições de vida, temos que dar às novas gerações o adequado preparo para a vida, para a escola e para o trabalho, desde os primeiros anos da infância, incentivando e recompensando adequadamente a classe dos educadores, “com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens”.