CADÊ O ÁLCOOL?
(28/04/2011)

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Com a alta dos preços do álcool, que anda trazendo prejuízos para o bolso do consumidor, o combustível está sumindo dos tanques dos automóveis. Então, o pessoal parte, cada vez mais, para a velha gasolina, que anda meio podre, a não ser as aditivadas em postos de gasolina de empresários sérios, que não fazem mistura do produto.

A gasolina, contrariamente ao álcool, aumenta a emissão de gás carbônico piorando muito a qualidade do ar afetando, consequentemente, a saúde das vias respiratórias. Nas grandes avenidas marginais fica quase visível aquela névoa de gás tóxico expelida por esses catalisadores de mau funcionamento, entrando pelas narinas e pela boca.

O álcool, que já esteve abaixo de R$ 1,50, chegou a R$ 2,50 sem perspectiva do retorno dos preços. A humanidade se defronta com o dilema: alimentos ou combustível? Apesar de um grande volume de dinheiro nos mercados financeiros, ele está sumindo do bolso da população, pois a economia como um todo criou inúmeros labirintos onde o dinheiro se concentra através de perversos mecanismos, sem refluir para os assalariados.

As reservas da China aumentam porque ela tem custos imbatíveis, e com o favorecimento pela manipulação cambial, arrasa nas exportações. Diante da pressão dos preços, os empresários acabam se transformando em importadores para não fechar as portas, mas com isso, muitos postos de trabalho qualificados são exportados. Se de um lado há uma leve ascensão das classes C e D, muitos trabalhadores qualificados se veem numa situação na qual têm de aceitar uma perda salarial para não ficarem sem emprego. Aumenta a quantidade de consumidores, o que é bom, mas os salários vão sendo nivelados para baixo pelo efeito China e câmbio.

A crise financeira trouxe um enorme endividamento para muitos países, acarretando pesados encargos de juros. Os Estados Unidos, por sua vez, recolhem letras do tesouro, injetando muitos dólares no mercado, os quais vão adentrando nos países de forma desorganizada em busca de ganhos e reservas patrimoniais, concretas e rentáveis, e aquisição de empresas com a expectativa de ganho no lançamento de ações no mercado. No Brasil, a situação novamente aponta para o labirinto da inflação e aumento da taxa de juros, pois o aumento do papel moeda exerce uma influência estranha à economia.

Mantendo os juros próximos de zero e comprando títulos federais em circulação, os Estados Unidos despejam bilhões de dólares no mercado, inundando as economias que pagam juros mais altos. No Brasil, os dólares são trocados por reais que são retirados do mercado com a venda de títulos, aumentando os encargos com juros. Trata-se de uma influência danosa, porque o governo ao invés de poder cuidar do desenvolvimento econômico com melhoria da infraestrutura e redução da pobreza, tem de ficar algemado ao controle do dinheiro. Trata-se realmente de um sistema selvagem e embrutecido, que não permite um desenvolvimento harmônico.

Muita coisa vai tendo sua qualidade rebaixada em função do estreitamento das margens de lucro por um mercado cuja população, rondando a casa dos sete bilhões de pessoas, vai sofrendo uma constante perda salarial. Fica evidente que também a qualidade humana está em queda.

Enfim, estamos sempre diante de situações em que ficamos à mercê de lideranças que deveriam ter feito um bom planejamento, mas não o fizeram nem permitiram que outros fizessem. Muitas vezes somos surpreendidos com a ineficiência administrativa e a má utilização dos recursos. Como resultante, muitos acabaram sofrendo as consequências dos imediatismos e improvisações das ações caóticas e sem critério, ou seja, da falta de planejamento responsável.

Como se proteger dessa vertiginosa economia desarrumada que reflete o adoecimento da sociedade? Não é sem razão que as novas gerações se encontram aturdidas e com poucas esperanças quanto ao futuro, pois a permanência e progressão das variáveis econômico-financeiras da atualidade não acenam com nada de bom.

O sistema atual é muito rígido, não valorizando a inteligência natural e intuitiva, priorizando a inteligência que se submete a intermináveis atividades repetitivas, substituindo o ser humano inteligente pelo robotizado. Os jovens acham o trabalho maçante e aborrecido porque não conseguem participar com a sua individualidade. O trabalho deveria proporcionar realização, não desgaste emocional, com o indivíduo influenciando o todo de forma benéfica, o que por sua vez,influenciaria o indivíduo da mesma forma.

Como toda crise traz a sua oportunidade, o momento é de reflexão e conscientização. O que podemos e devemos fazer é encarar a situação de frente, sem subterfúgios, reconhecendo onde estão os erros e as mazelas humanas, para que então sejam buscadas soluções inovadoras que efetivamente possam contribuir para a elevação humana de forma continuada e não para o seu emburrecimento.