CERÉBRO CRIATIVO OU DESFOCADO
(13/08/2011)

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Os mecanismos de busca estão despreocupando as pessoas da necessidade de reter informações para serem processadas através da memória e do raciocínio. Na era da internet passamos a ler de forma mais rápida e superficial, habituando o cérebro a uma forma de leitura inquieta e com menor concentração, como abelhas esvoaçando de flor em flor. No entanto, elas colhem e armazenam o néctar, os leitores, desfocados, não estão preocupados com isso.

As gerações anteriores liam sem pressa aprofundando-se nos temas, analisando e comparando, predispondo o cérebro a um trabalho mais atento. Para ler um livro temos de colocar a atenção nas páginas para absorver o seu conteúdo e integrar o aprendido. Ainternet cria uma certa tensão, pois as conexões estão sujeitas a falhas e isso se transmite ao hábito da leitura reduzindo o foco.

Além da memória, temos que alimentar o eu interior, e fortalecer a intuição, pois ela é que direciona a pesquisa. O circuito pode ser descrito da seguinte forma: começando pelo lampejo intuitivo, que levado ao cérebro, impulsiona a pesquisa, passando o resultado para o raciocínio que mobiliza a memória, fazendo análises e comparações, chegando a conclusões, tomando as decisões. No sentido inverso, quando estamos fazendo a leitura profunda ou observação atenta, damos ensejo para que o conhecimento seja internalizado e integrado com o conjunto de vivências acumulados em nossa consciência. Temos de agir da forma como escreveu Nitsche em um de seus livros, sobre o homem que atentamente recolhe a suma de tudo que lê, ouve ou observa.

Do jeito como as coisas andam, precisaremos de computadores dotados de programas para lerem as matérias publicadas destacando o que há de importante. Se isso está ocorrendo com as gerações mais velhas, com as novas é ainda mais preocupante, pois estão sendo submetidas a esse processo de busca rápida e superficial desde cedo.

Os seres humanos que obtiveram sucesso em seus empreendimentos, só o conseguiram porque tinham capacitação de examinar interiormente o conjunto de conhecimentos adquiridos e, assim, tomar as decisões acertadas que os destacaram por grandes realizações. Atualmente, há uma forte tendência para agir como máquinas através de programas fragmentados. Agindo como as máquinas, os humanos se tornam sem coração, suas construções se valem dos imediatismos, por isso não são duradouras, trazendo já na origem, um rastro de destruição e, para onde se olhar, nota-se a tendência para o caos.