DESCONTENTAMENTO DOS JOVENS
(08/07/2013)

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Manifestação pacífica tem o direito de paralisar as cidades, causando dificuldades para a população que estuda e trabalha? Estamos diante de um cenário assustador, principalmente diante dos recentes acontecimentos. Protestar, manifestar, parece correto neste mundo onde pouca atenção foi dada ao desenvolvimento de condições que possibilitem a melhoria continuada da qualidade humana. Incendiar, quebrar, destruir, parar o pais está certo? Quem ganha com o incêndio de ônibus e do patrimônio público? Quem explica a causa dessa violência?

De um lado, o descontentamento geral com os governantes e com o desperdício do dinheiro público justifica os protestos. De outro, há muitos baderneiros que se aproveitam da situação para depredar e destruir o patrimônio público e privado. Ficou patente que há muita turbulência, pensamentos desordenados e confusos, fúria, medo, ódio, e a soma de tudo isso resultou em vandalismo. Será que há desordeiros infiltrados? Na verdade isso pouco importa porque a aspereza é ferina, fruto de uma humanidade sem coração, que fortaleceu sua vontade instintiva influenciada pelo raciocínio frio e calculista para a satisfação da própria cobiça.

Após longo período de comodismo estão surgindo manifestações de descontentamento dos jovens em vários países e o momento é muito delicado; tudo está oscilando, da economia à sociedade; das alterações climáticas ao equilíbrio emocional. Não está fácil observar a espontânea alegria de viver. Serenidade e vigilância são indispensáveis para que os pensamentos negativos não influenciem e enfureçam os ânimos. Temos de compreender o que viemos fazer neste planeta acolhedor, ao qual temos submetido a todos os tipos de abusos, mas que, como consequência de nossos desatinos, agora está se tornando hostil à vida humana.

Para melhorar o Brasil e o mundo, as pessoas devem agir com o coração e com a mesma generosidade e consideração pelo outro que nutrem por si próprios. Somos todos peregrinos buscando a elevação da qualidade de vida, e devemos estar atentos ao que é essencial e ao que é supérfluo. Precisamos dos momentos mágicos que nos libertam do superfialismo, fortalecendo o anseio de orar e agradecer ao Criador: "Pai nosso que estais no Céu, seja feita a Vossa Vontade, assim na Terra como no Céu."

Jesus Cristo disse que a humanidade colhe o que semeia. Por isso, para alcançar o fortalecimento dos povos, a escola tem de ficar unida ao desejo de encontrar a Verdade e o sentido da existência para educar as novas gerações, dando-lhes bom senso, discernimento, capacidade para uma vida construtiva e laboriosa.

Referindo-se ao desencantamento das novas gerações o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo: "A vida é pesada nas grandes cidades. Há sofrimento com o transporte, a poluição, a segurança. São problemas que afetam a todas as classes. O pobre leva duas horas no ônibus sofrendo. O rico fica irritado porque fica uma hora no carro. O rico está cercado de guardas. O pobre não tem guarda nenhum, mas os dois estão com medo. Sim. As pessoas melhoraram de vida, mas o governo é tão propagandista de uma maravilha virtual que há desencantamento".

As condições de vida decaíram muito, apesar das inúmeras conquistas da tecnologia. As teorias econômicas, subordinadas à maximização dos resultados puramente financeiros e os abusos no manejo do dinheiro, estão nos conduzindo para uma situação de descalabro e uma forma de viver cheia de artificialismos. Os empregos estão ameaçados. E qual tem sido a nossa atitude para fortalecer nos jovens o desejo para o bem e a boa convivência? Temos lhes dado, por meio da grande mídia, poderosos venenos éticos e morais sob as mais variadas formas.

A juventude sempre atuou como a grande força renovadora, mas não pode se deixar envolver pela indolência e movimentar-se permanentemente. Os inimigos costumam atacar essa base, minando-a com vícios, desorientação sexual, drogas e, mais recentemente, com o crack, a droga que aniquila. Durante séculos mentimos para os jovens mostrando-lhes um viver distante da naturalidade das leis da Criação e da real finalidade da vida. Para mudar esse cenário e obter êxito, é indispensável instruir e inspirar as novas gerações para grandes feitos, propondo alvos nobres e elevados de forma a aproveitar o seu vigor renovador. Só assim a civilização poderá ser beneficiada pela atuação efetivamente humana.