COMO CRESCER?
(14/04/2014)

Fortalecer o preparo para a vida, ensinar os jovens a pensar com clareza e seriedade...

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Na moderna economia mundial, lubrificada pelo dólar, a conquista do crescimento passa pela busca da ampliação das exportações. Foi o que fez a China, um país de economia centralizada e que por isso mesmo pôde fixar a meta de acumular dólares obtidos com exportações, sem que tivesse grandes preocupações com a elevação da qualidade de vida de sua população nem com a preservação do meio ambiente, tendo acumulado reservas de mais de três trilhões de dólares.

No Brasil foi feito o inverso disso. No governo militar foi dado forte impulso para a consolidação da Zona Franca de Manaus como meio estratégico de ocupação do imenso território com muita água, florestas e outras riquezas. No entanto, a Zona Franca de Manaus foi se tornando um entreposto de importações para o consumo interno, consumidora de dólares, ao invés de ser um centro exportador que pelo menos aliviasse o desequilíbrio.

Desde seu descobrimento, o Brasil colônia tem sido fonte de matérias primas para o mundo desenvolvido. De fora havia uma pressão para isso, e de dentro, uma acomodação. Não havia estímulos para a distribuição da renda auferida, e a demanda interna se mantinha estagnada por falta de consumidores com renda adequada. Incapazes de gerar uma receita mais substanciosa em moedas aceitas internacionalmente, o Brasil ficou freguês dos bancos para cobrir seus déficits.

Recentemente ocorreu a mesma situação com boa oportunidade para colocação dos produtos primários com preços competitivos, gerando forte euforia, mas que ao se dissipar empurrou tudo para baixo. Parece uma sina o Brasil não se ter libertado desse passado, sempre retornando a ele, perpetuando sua dependência, administrando mal as contas, interferindo desastradamente. Do lado de fora não faltam injunções que comprimem o país para baixo, como aconteceu agora com o rebaixamento da nota dada pela agência Standard & Poor’s, que representa maior risco, requerendo maior taxa de juros. É a política que interfere na economia, ou são as decisões econômicas que moldam as reações políticas?

O Brasil precisa crescer, é o que todos dizem, mas crescer como? Como aumentar as exportações de produtos com maior valor agregado nesse mundo hipercompetitivo e cheio de arranjos, que busca pela mão de obra barata e câmbio favorecido? Vejam Portugal, de quem já fomos colônia, e cujos direitos na independência foram transferidos para a Inglaterra, depois para os Estados Unidos. Agora é a China que está correndo atrás do mercado consumidor e de outras riquezas. O economista Félix Ribeiro, autor do livro “Portugal a economia de uma nação rebelde”, tenta definir o papel daquele país na economia globalizada e evitar que se torne um "protetorado germânico" ou uma "feitoria chinesa". E nós, o que fomos e o que somos atualmente?

Atravessamos um momento de euforia com a vinda de muitos capitais destinados à compra de empresas já existentes. Com a fartura de dólares, o real se valorizou. Grande parte foi dissipada em importação de supérfluos. Com o dólar barato, as viagens ao exterior também ficaram favorecidas. Mas agora o equilíbrio da balança de pagamentos mostra sua fragilidade, e mais à frente aumentarão as remessas de lucros.

Enquanto outros países ganharam a dianteira na diversificação dos produtos exportáveis, nos perdemos na euforia. Estamos com a doença do pibinho e da falta de preparo da população. E agora como crescer? Isso é o que está quebrando a cabeça de muitos economistas, que ficam apresentando teorias e sugestões, mas na prática não está fácil vencer o atraso; no entanto há algumas receitas simples que deveriam ser examinadas:

Não ficar interferindo na flutuação de preços, deixar o mercado ir resolvendo, e quando se verificarem os abusos, o governo deveria se reunir com os empresários para discutir amplamente a questão, sensibilizando-os. O lucro é bem vindo, mas a exploração e os embustes monopolísticos não poderão ser tolerados.

Cuidar das contas com seriedade, pois isso tem faltado no manejo do dinheiro público. Decidir com base nas prioridades. Não executar planos eleitoreiros; não basta só criar unidades de pronto atendimento (UPA), é preciso que, paralelamente, sejam aumentados os leitos nos hospitais.

O fundamental: educar, fortalecer o preparo para a vida, ensinar os jovens a pensar com clareza e seriedade, com bom senso, propósitos, vontade de contribuir para a melhora geral.

São providências simples, mas que fazem parte de uma base sólida, sempre descuidada, com moleza sem rumo desde o período colonial. Enfim, qual é a situação da economia brasileira? Que o digam os economistas e as autoridades. Falta-nos um projeto de longo alcance para forjar no Brasil uma região de paz e progresso humano.