A CULPA É DAS ESTRELAS
(05/07/2014)

imagem

Uma boa pedida para os namorados é assistir ao filme de Josh Boone, baseado no romance de John Green, sobre Hazel Grace e Gus, que se amam intensamente apesar de vivenciarem o impacto da finitude. O casal faz parte de um grupo de apoio para jovens acometidos pelo câncer. Ninguém consegue explicar o porquê das doenças e sofrimentos no mundo, nem o amargo escritor metido a intelectual, que afoga as mágoas com bebida alcoólica, interpretado pelo excelente Williem Dafoe. Então, pelas aparentes injustiças da vida, eles põem a culpa nas estrelas; só que estas não têm nada a ver com os sofrimentos ou alegrias dos humanos.

As estrelas apenas formam os canais por onde transitam as irradiações astrais para as almas humanas. Como descreve o escritor alemão Abdruschin (1875-1941): “os astros assinalam as épocas em que os efeitos retroativos e outras influências, através da condução das irradiações, podem fluir sobre o ser humano mais concentrada e cerradamente”. Mas tudo vai depender do estado em que se encontra a alma humana naquele determinado período.

Figuradamente poderíamos dizer que colhemos o que semeamos durante nossas vidas. Na safra de hoje, tem muita coisa destrutiva retornando pelos canais formados pelos astros, sem nada benéfico que se contraponha aos efeitos nocivos. A chegada dos retornos do que se semeia teria de ensejar, nas pessoas, reflexões mais sérias sobre o sentido da vida, para que o compreendessem.

Em meio ao desespero, Gus perguntou a Hazel: “Qual o sentido disso tudo que estamos passando? Para que nascer, ficar doente, sofrer, morrer?” Ele pressentia que havia algo superior, mas o filme interrompe as reflexões de Gus dando mais destaque a coisas supérfluas, sendo a pior delas a metáfora de brincar de fumar que acabou sendo um disfarçado incentivo ao tabagismo. Firme foi a resposta da comissária de bordo, dizendo que no avião brincar de fumar também era proibido. Não faltaram sugestões para as conversas pelo telefone móvel, aquela coisa de ficar o tempo todo teclando nos smartphones com frenesi.

O que é a doença? Por que as pessoas ficam doentes? A escritora Roselis Von Sass (1906-1997) disse em um de seus livros que as doenças e os sofrimentos compõem um confuso e complexo enigma da existência humana. Ela afirma que quando o espírito, a alma e o corpo cooperavam harmoniosamente, as doenças eram desconhecidas. Os corpos terrenos eram obras miraculosas que funcionavam perfeitamente, refletindo a perfeição do onipotente Criador. Isto somente se modificou quando, através do falhar espiritual da humanidade, todo o ritmo da vida foi perturbado, saindo assim tudo do equilíbrio. Com esse falhar, iniciou-se a desgraça da humanidade.

A vida nos oferece coisas magníficas como o amor, viajar de avião, brindar com champanhe, dirigir automóveis confortáveis e bonitos de se ver, mas será que nascemos só para isso e depois morrer, sem que nada possa ser levado? Essa é uma questão raramente tratada em livros e filmes; aborda-se o tema com superficialidade, insinuando que a vida é uma só, absurdamente ilógica e incoerente. Mesmo as fases da vida - infância, adolescência, maturidade e velhice - não são corretamente compreendidas. Elas formam o ciclo da existência e indicam a necessidade de adquirirmos conhecimentos sobre o sentido da vida, pois essa é a única riqueza que nos acompanhará sempre. Os avanços da medicina deveriam ocorrer simultaneamente ao dos conhecimentos sobre a alma.

Hazel e Gus, em seu estado doentio, julgavam que se encontravam perdidos no mundo, sem futuro, ao lado das sombras, esperando o fim. Não reconheceram que tinham recebido do Criador a maior dádiva: a vida, tendo por isso de agradecer e agradecer, podendo cada um se comover com o sofrimento do outro e evoluir no amor. A escritora Roselis nos ensina dizendo que a vida é a grande oportunidade que nos é ofertada, e o ser humano tem de saber que é apenas um viajante em trânsito pela Terra; e que tudo tem de empenhar, se quiser voltar para casa, a sua verdadeira pátria espiritual da Luz!