LUCY E OS MISTÉRIOS DO CÉREBRO
(15/09/2014)

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O filme Lucy, que entrou em cartaz nos cinemas recentemente, com Scarlett Johansson vivendo a personagem principal, tenta falar do poder do cérebro frontal, aquele que ocupa grande parte da caixa craniana e que tem abaixo de si o cerebelo que significa pequeno cérebro. Apesar de ter sido muito estudado, este órgão ainda é pouco compreendido em seu funcionamento e função.

No enredo, o namorado de Lucy foi assassinado e ela se viu numa situação das chamadas “mulas”, tendo de carregar drogas dentro do seu estômago. O problema é que ocorre um vazamento e ela acaba absorvendo droga no sangue. Ao se encontrar com pessoas más, preocupadas com poder e dinheiro que a maltratam, ela passa a clamar por vingança. Morgan Freeman, no papel do cientista Samuel Norman, que estuda os poderes do cérebro, declara que desconhece muitas coisas. Lucy tem uma atitude dúbia ao confiscar a droga de cor azulada para absorvê-la de forma consciente. Saindo da naturalidade, o filme adentra para o campo da ficção, imaginando como agiria o ser humano que pudesse mobilizar 100% da capacidade do cérebro frontal com absoluta lucidez no raciocínio, mas exagera na dose apresentando coisas estapafúrdias e impossíveis.

O cientista Norman fala dos primórdios, da evolução dos seres vivos até ao nascimento do ser humano que aos poucos foi aprendendo a se utilizar do raciocínio na solução dos problemas. Norman não sabe que os primeiros seres humanos também eram intuitivos. A intuição falava alto através do cerebelo, e o cérebro frontal, que se liga ao tempo, espaço e matéria, se incumbia do raciocínio. Norman acha que o cérebro é tudo, pois ele mesmo não tem intuição ativa. Com o desenvolvimento, os humanos deram ênfase no adestramento do raciocínio, fortalecendo o cérebro frontal e deixando o cerebelo, que é o elo de ligação com alma, no esquecimento. Sem o elo para o nível superior, a humanidade construiu um mundo e uma forma de viver áspera e hostil.

Após a fecundação, se desenvolve o feto. No meio da gravidez ocorre a ligação do espírito que foi atraído, e então começam as pulsações e a autonomia do bebê. Assim a mãe dá luz ao seu filho. Caso essa ligação não possa se concretizar, ocorre o aborto, pois o feto não pode prosseguir seu desenvolvimento sem a ligação com o espírito que lhe vivifica.

O espírito ganha um corpo equipado com os cérebros. Estudos demonstram que é durante a primeira infância que o cérebro frontal desenvolve a maioria das ligações entre os neurônios. Até os três anos de idade, as cerca de 100 bilhões de células cerebrais com as quais uma criança nasce desenvolvem um quatrilhão de ligações.

O ser humano precisa saber como funciona a matéria sendo nisso auxiliado pelo raciocínio. E através da intuição, teria de beneficiá-la com a espiritualidade. No entanto, desarmonias surgiram. O eu interior se enfraqueceu, ficou indolente, desfocado, vagando a esmo, não se esforçando mais em analisar os acontecimentos e a vida. O cérebro assume o comando no lugar do espírito. O cérebro frontal ficou superdesenvolvido, mas sem a ajuda do cerebelo nem sempre consegue raciocinar com a lucidez que vem da lógica que contém a naturalidade. Atualmente há inúmeros cérebros defeituosos, manipuláveis, desconhecedores da vida real.

Frequentemente, o indivíduo embrutece se tornando frio e insensível, capaz de cometer as maiores atrocidades. As manifestações raivosas procedem da ignorância, da falta de esclarecimento sobre a vida e a lei da Criação, a vontade de Deus, embora sempre diga: seja feita a vossa vontade.

Segundo Abdruschin, “o ser humano ainda não se empenhou direito em compreender a vontade de Deus, em encontrá-la; pelo contrário, tem anteposto sempre a vontade humana, exclusivamente! Vontade essa que se originou dele próprio como corporificação dos desejos humanos e do instinto de autoconservação, o que está em desacordo com as automáticas vibrações ascendentes de todas as leis primordiais da Criação!”