GOVERNANÇA INCORRUPTÍVEL
(01/05/2015)

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Cada vez fica mais claro que faltam objetivos nobres na condução dos Estados. A ausência de planejamento sério e a falta de disciplina nos gastos sempre acabam levando ao descalabro, o que vem ocorrendo há séculos. Assim continuará enquanto prevalecerem interesses particulares e imediatistas, sem responsabilidade com a construção de um futuro melhor. Muitos governantes não fizeram o mais elementar na administração das contas e no bloqueio de desvios do dinheiro público, contraindo dívidas que vão tendendo para o montante do PIB ou até o superam. Então se impõe a austeridade para resgatar a irresponsabilidade e para realizar os devidos pagamentos e seus encargos.

Como conciliar a abertura econômica num mundo desigual na disponibilização de capitais, na distribuição, no preparo da população, e na liberdade? Essa abertura deveria ser precedida de um acordo que desse suporte aos países mais atrasados para que não retrocedessem sob a pressão da concorrência, das imposições externas, e da consolidação de uma governança incorruptível e capacitada, voltada para o progresso geral.

A economia globalizada deveria seguir o ritmo de estabilidade da natureza, com pleno emprego e produção equivalente ao consumo, mantendo o ciclo e expandindo-o conforme as necessidades. Devido à atração do dinheiro, produz-se para aumentar o acúmulo de capital e poder terreno. Em alguns países do ocidente, a produção está abaixo das necessidades, mantendo-se o preço elevado. E com a entrada dos importados da Ásia, agora está ocorrendo a desindustrialização.

Temos de por fim à praga da corrupção que está levando tudo para o abismo. A ampliação da área de interferência do governo aumenta as possibilidades de falcatruas. Por isso mesmo as empresas têm de se tornar mais responsáveis, pois a elas pertencem as atividades econômicas. Por isso precisam agir com ética e respeito aos consumidores, pois a sociedade deve ser o conjunto da população: proprietários, empregados, governo, todos empenhados na melhora geral, cada um dando a sua contribuição para o todo.

O poder corrompe. Infelizmente isso não ocorre só no governo, onde a sua própria força impede a visão clara de suas manipulações. Com a iniciativa privada deveria haver mais liberdade individual, desde que a ânsia pelo poder não levasse os dirigentes a ocultar seus desígnios de cobiça. O dramático é quando empresas e governos se juntam com propósito hegemônico, suprimindo as liberdades, criando muralhas que travam o progresso real. Nessas condições a espécie humana para de evoluir, regride, embrutece.

No Brasil há um grande atraso na educação e preparo das novas gerações. Em exames de avaliação de redação, os estudantes devolveram 284 mil provas em branco e 217 mil fora do texto proposto, o que significa que durante o período escolar os alunos não foram orientados, ou não se esforçaram em aprender a ler e compreender os textos. Por isso não sabem pensar com clareza, algo que resulta do aprendizado do significado das palavras e sua correta utilização.

Em vez de questionar o sentido da vida e entender que a nossa atitude no presente pode melhorar o futuro, os humanos dedicam muito tempo a superficialidades, fugindo sempre do âmago da questão da própria vida, pois se julgam o centro do universo. Não querem ver a sua insignificância diante do todo, buscando como compensação o desejo de dominar e fazer imposições, sem se esforçar por compreender que na matéria tudo é perecível. De criatura que não compreende o significado da vida, o ser humano quer arrogar-se dono da Criação. Se fosse espiritualmente humilde, poderia se tornar sábio acolhendo os ensinamentos da Mensagem do Graal, que mostram a vida como ela é.

A atual crise global mostra o resultado de anos de imediatismo e descaso com o futuro que já se apresenta sombrio com a escassez de recursos naturais e aumento da miséria. As empresas têm de se tornar mais responsáveis pelo progresso global, reduzindo as interferências dos governantes na economia. A população não percebe que está em gestação um cenário caótico. As novas gerações precisam ser preparadas para forjar um futuro melhor. É preciso impedir a decadência. Precisamos de governança incorruptível que busque o progresso humano de forma continuada.