MAR DE LAMA
(12/11/2015)

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Tragédias como a do rompimento das barragens próximas à cidade de Mariana, em Minas Gerais, que estarreceu o mundo civilizado, não podem continuar ocorrendo se quisermos que o Brasil seja considerado um país em busca do progresso.

Por que acontecem acidentes desse tipo que comprometem a natureza e provocam crise social? Apagão mental? Falta de humanização da vida? É mais provável que seja devido ao emburrecimento e à falta de clareza no pensar, enfim, ao retrocesso em marcha acelerada da capacidade cognitiva e investigativa que todo ser humano foi dotado, mas que está perdendo por falta de utilização correta. Segundo o físico e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), o ser humano deve pensar bem porque aí está o princípio da moralidade.

Todos nós pensamos com o cérebro – um órgão sem igual, mas que infelizmente nem sempre é utilizado em toda a sua capacidade. Precisamos de bom senso, de simplicidade, naturalidade e clareza, aprender vendo fazer e fazendo, dando importância à intuição para sermos flexíveis; essas práticas minimizarão o apagão mental. O negativismo é forte. É preciso fazer uso de energia para interromper o ciclo da indolência, parar de reclamar, ser responsável, estabelecer objetivos e ir em frente. Os pensamentos das novas gerações precisam ser alimentados com projetos enobrecedores. Muito importante é conservar puro o foco dos pensamentos.

Uma economia com respeito ao humano e à natureza era uma ideia que começava a ser bem aceita nos anos 1970, mas vieram as crises provocadas pela ganância. Com a globalização financeira, muitos estudos humanistas foram postos de lado, a economia se foi desumanizando, o foco prioritário se voltou para o poder do dinheiro. A economia como tudo o mais teria um desenvolvimento correto se a humanidade se pautasse observando o funcionamento das leis naturais da Criação. Agora as fragilidades e incoerências aparecem.

O que significa o impactante do mar de lama que desabou em Minas Gerais? Sina dos países subdesenvolvidos, fornecedores de matérias-primas? Só se pensa em números e se esquece das consequências das decisões imediatistas que não levam em conta o aspecto humano e a natureza. Falta de sinceridade e bons propósitos para com o país e sua população.

Durante todo o século 20, apesar dos recursos naturais de que dispõe, o Brasil não conseguiu se libertar das travas que o mantém atrasado. Faltou seriedade e sabedoria. O Brasil precisa do esforço de todos nós para sair do subdesenvolvimento e promover a melhora da qualidade humana e de vida.

Não podemos confundir desigualdade com o cerceamento de oportunidades. Somos desiguais por natureza. Errado é não se movimentar, não se esforçar para realizar os projetos próprios, assim como é errado condicionar os indivíduos a uma incorreta visão da vida, acomodando-os ainda mais com a falta de instrução, e com pão e circo, embrutecendo-os. Sem o movimento próprio, sem oportunidades para se educar e evoluir, surge a desigualdade das condições de vida que se tornam hostis e adversas, fazendo a humanidade decair.

Há uma crise de confiabilidade nas autoridades, nas leis e nos poderes público e privado. De tanto ver as astuciosas manobras para ganho pessoal e aumento de poder, as pessoas acabaram descrentes de tudo. A vida espiritual da sociedade tende a zero, nada mais é sagrado. A falta de compreensão do significado da vida, a indolência e a falta de propósitos estão arrastando as novas gerações para uma forma de vida vazia, aumentando o mercado das drogas.

Exemplo disso é apresentado no filme Sicario - Terra de Ninguém, bem feito e realista, que mostra a precariedade do mundo atual com a insensibilização geral e o crescimento do crime organizado que vive à margem das leis, à custa do aumento dos viciados em drogas. Os mocinhos agem com frieza atravessando a lei e o Estado de Direito, e dizem que a situação ainda irá piorar muito. Na trama, a Agência de Inteligência Americana (CIA) está buscando meios para o combate ao submundo das drogas. Kate Macy, interpretada por Emily Blunt, policial do FBI, decide participar da ação, mas logo descobre que está sendo manipulada, percebendo que nessa missão, como em muitas coisas na vida, os fins são as justificativas para os meios utilizados.