ACORDA BRASIL
(16/01/2016)

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“Acorda Brasil!” – a peça teatral de Antônio Ermírio de Moraes, encenada pela primeira vez em 2006, mostrava através da ficção a dura realidade das favelas. A partir da experiência do Instituto Baccarelli - projeto que oferece formação musical e artística para jovens da comunidade de Heliópolis -, a obra do empresário expôs uma iniciativa que, por meio da educação musical, redimiu centenas de jovens carentes. Com a orientação adequada, eles se transformaram em executantes valorosos dos clássicos, formando a Sinfônica Heliópolis.

Com base nessa peça, o filme “Tudo que aprendemos juntos”, dirigido por Sergio Machado, conta a história de Laerte, interpretado pelo ator Lazaro Ramos, mostrando a trajetória de um talentoso violinista que após frustradas tentativas de integrar a OSESP se vê obrigado a dar aulas de música para uma turma de adolescentes em uma comunidade carente de São Paulo, dominada por traficantes.

Nas conversas e atitudes dos jovens observa-se o despreparo. Os personagens Samuel e VR são amigos, mas trilham caminhos opostos. Em meio aos desencontros e desencantos, também vemos histórias de coragem e transformação daqueles que se propuseram a ensinar e a aprender. Com alegria, vemos que alguns jovens despertam para uma vida mais humana, apesar da aspereza do ambiente em que vivem. Com tristeza, vemos como as cidades e as populações vão decaindo ao nível de sobrevivência sem esperança de melhor futuro. O filme deve ser visto com o cuidado para não despertar raiva e desânimo, mas focar no querer um Brasil melhor.

O poder sobe à cabeça e depois não sai mais. Há uma briga pesada pelo poder sem que se saiba exatamente o que está acontecendo nos bastidores. Enquanto isso, o Brasil não reage, continua descuidando do futuro. Há muita teoria e pouco resultado. É preciso resolver os pontos de estrangulamento da economia; chega de paliativos e experimentos ideológicos. Temos de produzir, gerar empregos, reduzir dívidas, evitar que decaiamos na economia e em tudo o mais. Sem o adequado preparo das novas gerações, que futuro poderemos alcançar?

A República, proclamada em 1889, veio sem preparo, fruto de um golpe de vingança contra o Imperador e a Princesa Isabel que aboliram o trabalho escravo, pois a economia do Brasil não poderia continuar naquele sistema ultrajante. Foram muitos os improvisos que perduraram ao longo do tempo, sem que fosse dado um impulso para a formação de um país independente, apto a conceder boa qualidade de vida a todos que se esforçam.

Até aos anos 1960, era bem perceptível uma atitude de consideração e bom senso entre a maior parte das pessoas. As coisas foram mudando, especialmente a partir da predominância da TV nos lares. Progressivamente foi diminuindo a profundidade no modo de pensar influenciado por uma diminuta porção intuitiva, que foi desaparecendo com a dominância do raciocínio frio sem a participação do coração.

Os gestores públicos, em todos os níveis, não administraram corretamente o dinheiro arrecadado, suado, gerado pelo trabalho da população. O dinheiro, que sempre esteve curto, vai encurtar ainda mais. Sem dinheiro e com juros elevados tudo para, os empresários deixam de produzir, aumenta o desemprego. Quem consegue explicar por que isso acontece com frequência entre nós? Por que a economia não pode seguir com naturalidade, contribuindo para a produção, vendas, geração de empregos, e consumo? Seria por causa da especulação financeira que vai sugando tudo e depois vai embora, deixando um rastro de destruição?

O dinheiro é o cerne da economia moderna, mas está sendo coordenado de forma isolada e unilateral. Governos e dinheiro deveriam estar em sintonia, buscando a melhora geral; não em permanente guerra, pois quem perde com isso é a população. Os fins para obtenção do dinheiro acabaram se dissociando dos fins da humanidade que se encontra perdida sem saber mais que caminho deve seguir. Se não houver sintonia, a coisa poderá explodir.

É lamentável a situação em que nos encontramos; é preciso dar um jeito, pois a decadência se acelera em todos os setores com a continuada deseducação e desmotivação da população em geral, e das novas gerações. O país está confuso, mas a limpeza tem de prosseguir lavando a sujeira grossa que está espalhada pela administração pública e nas empresas estatais. O povo brasileiro precisa ter clareza; saber que quer a melhora e se esforçar por ela, doa a quem doer. Temos de sair do atraso secular.