INTUIÇÃO, RACIOCÍNIO, INTELECTO

Nas escolas básicas falava-se em aplicar o raciocínio para resolver problemas. Nos cursos mais avançados falava-se no Intelecto e sua objetividade, evitava-se a palavra Intuição, mas as coisas difíceis ficavam mais fáceis de serem entendidas quando surgia a explicação intuitiva, sem que se soubesse exatamente o que era a intuição. Na verdade, a tal objetividade era ostentação dos homens de intelecto que tornavam as coisas mais difíceis do que são, com o objetivo de dominar e se impor.

Podemos compreender a palavra “raciocínio” como a ação do cérebro e a palavra “intelecto” como o cérebro do raciocínio super desenvolvido, que acabou travando a intuição, ficando os seres humanos dominados por ele, sem captar a intuição extra material através do cerebelo, que atua como uma antena receptora que permaneceu estagnada em seu desenvolvimento natural, enquanto o cérebro do raciocínio, ou intelecto, foi cultivado excessivamente de modo unilateral, representando o grande mal da humanidade, pois cerebelo e cérebro deveriam se desenvolver em paralelo, para fortalecer a percepção intuitiva e desenvolver o raciocínio lúcido, fazendo da criatura humana verdadeiro ser humano que reconhece e segue as leis naturais da Criação, a Vontade de Deus.

Dizer seres humanos dominados pelo intelecto, ou dominados pelo raciocínio, significa a mesma coisa. (Ver a obra Na Luz da Verdade, Mensagem do Graal, de Abdruschin)

Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

CRISE GERAL NO PODER

O Brasil enfrenta uma crise entre os poderes que surgiu diante dos resultados das eleições de 2018. Os oponentes ao governo passaram a agir para impedir a reeleição em 2022, mesmo percebendo o quanto isso seria prejudicial ao país, que deveria estar unido neste tempo de crise mundial. Pensando no bem geral, poderiam, ao contrário, dar sua contribuição para a paz e o progresso.

É uma situação difícil e típica nos países que possuem pluralidade de partidos, pois todos os políticos que pertencem às respectivas legendas querem se manter no poder, para o mal e para o bem. No Brasil, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negociou o segundo mandato e ninguém estranhou. Trump, nos EUA, achou que seria fácil se reeleger, mas escorregou no meio do caminho.

Kishore Mahbubani, autor de vários livros, tem uma visão ampla da economia e política mundial. Chegamos ao confronto da plutocracia (governo dominado pela classe rica) com o governo central forte de partido único. Na plutocracia, muito se falou da classe pobre, mas a ênfase maior foi no pão e circo. No governo forte foi dada ênfase na educação e na ação para sair da vexatória situação em que estava. A renda per capita da China equivale agora a 1/6 da americana. Foi nesse ponto que a paulatina melhora das condições na China repercutiu na precarização que desde os anos 1990 afeta os EUA e o ocidente em geral. A questão não é conter o avanço da China, mas de como restabelecer o equilíbrio rompido para que todos os povos possam evoluir de forma condigna.

A humanidade vive em guerras há séculos, geralmente causadas por disputas econômicas e de poder, sendo o século 20 o mais trágico, quando era esperado que haveria uma união para fortalecer o bem geral e buscar a melhora das condições de vida. Mas atualmente se encontra num ponto de acumulação de decisões mal planejadas que agora irrompem numa cascata de reações adversas. O século 21 traz a marca da turbulência, nada mais se apresenta estável, tudo se mostra difícil de coordenar, então o que poderemos esperar dessa visão tecnocrática fria que quer transformar o ser humano em coisa sem alma?

De longa data a humanidade vive na mais perversa mentira e de forma superficial. O apóstolo João deixou a grande recomendação para a humanidade em geral, do passado e do presente: “Conhecereis a Verdade e ela vos libertará!” Mas conhecer a verdade exige atividade séria e sincera, da alma e do intelecto, pois a crença baseada na fé cega deve se transformar em convicção, a qual só advém através de análises lógicas e coerentes sob a luz das leis da natureza que refletem a perfeição da Vontade criadora de Deus.

Desde os anos 1970 a televisão assumiu a posição do cinema dentro das casas. Que efeito a televisão exerce sobre a sociedade? Em vez de servir de veículo de divulgação, entretenimento e informação, a TV está sendo utilizada como meio de formação de uma mentalidade limitada. As pessoas estão fazendo da televisão e das mídias sociais a sua janela para o mundo e assimilando tudo que veem como verdades absolutas, sem questionar conteúdo ou levar em conta os interesses de quem produz o que é exposto. Impressiona a mediocridade contida em filmes, novelas, vídeos e na programação em geral.

As coisas mudam de repente, os acontecimentos estão acelerados, o caos se instala de um momento para outro como no Afeganistão. Que o Brasil não se torne vítima da cobiça internacional e dos vendilhões da pátria. A vida é construção, mas os seres humanos estão pondo de lado e enterrando a sua essência. Todo o seu pensar se dirige para a posse do dinheiro, acúmulo de riqueza e prestígio pessoal. Para construir de forma sadia, os seres humanos precisam se renovar e se transformar.

Vamos lutar por um Brasil forte e humano. Para isso precisamos preparar adequadamente as novas gerações, para que tenham como meta formar um país de seres humanos que visam o progresso real, sem socialismo, com liberdade, boa qualidade de vida, sustentabilidade, aprimoramento da espécie humana, para que as condições permaneçam em continuada melhora, com respeito ao necessário equilíbrio nas atividades.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

FUJA DO CAOS

Após dezoito meses de pandemia nada mais é como antes. Nos países de vida difícil, onde é preciso trabalhar muito para sobreviver, pouco mudou, mas em muitos outros o impacto foi devastador. Nas finanças e na política prevalecem os interesses particulares e os egoísmos. Tudo está acontecendo de forma acelerada; para onde quer que se olhe a insatisfação cresce e a paz se reduz. Coisas simples de resolver se tornaram complicadas. Para que ocorra cooperação e solidariedade entre os humanos, são necessários a sinceridade e o real desejo de alcançar a melhora geral.

Antes os governos emitiam muito dinheiro, ou tomavam grandes empréstimos. Veio a inflação, aumentando o preço de tudo que se produzia. Então aumentavam a taxa de juros para que o dinheiro voltasse para o governo através de títulos e atraíssem dólares que ficavam com preço baixo e com isso se combatia a inflação com importações de produtos que entravam no mercado com preços menores; mas isso fez a dívida crescer.

A inflação descontrolada é o caos, mas por que os governos chegam a isso, mesmo em épocas normais sem crises ou pandemia? Quais serão as consequências de juros mais elevados? Vai gerar mais produção, empregos, renda, consumo? É isso que precisa ser solucionado antes que as matérias-primas retiradas da natureza acabem e ninguém mais saberá o que fazer para sobreviver de forma condigna?

Hoje estão emitindo muito, mas a taxa de juros é o problema devido ao tamanho da dívida, e não conseguem encontrar meios de produzir mais internamente, empregar mais, melhorar a renda e o consumo. Como sair dessa enrascada? Com tantos piratas de colarinho branco pelo mundo parece oportuno que as forças armadas busquem integração com a população. Todos juntos por um Brasil melhor e justo, empenhados em dar bom preparo de vida para as novas gerações, utilizando os recursos naturais para o bem geral, e não para uma parcela da população que vem explorando o planeta de longa data.

Na vida sempre surgem imprevistos para serem contornados. Falta-nos aceitação para com os acontecimentos desagradáveis. São vivências pelas quais temos de passar. Sem aceitação, nos colocamos contra, muitas vezes agravando a situação pela resistência. Levantar a cabeça, respirar de forma serena. Não se deixar abater pelas adversidades. Com boa vontade, tudo poderemos superar, evoluir e nos alegrarmos. Criando à nossa volta um ambiente tranquilizador de confiança no poder das leis do Nosso Criador, e no futuro, estabeleceremos a paz e a felicidade.

As pessoas estão preocupadas com a confusa e difícil situação que estamos enfrentando, com poucas perspectivas. De fato, após 18 meses inquietantes de pandemia, muitas coisas foram afetadas como empregos, atividade escolar, passeios e lazer. Esse período lançou uma névoa sobre o futuro, somando-se a isso as incertezas econômicas, políticas e ligadas à paz mundial. Foi um raro momento de ruptura na forma de viver consolidada desde o término da Segunda Guerra Mundial. O importante é que as pessoas busquem a tranquilidade e não se deixem envolver por inquietações, para buscar serenamente o equilíbrio, embora se perceba que há algo diferente no ar que requer ampla compreensão do significado da vida.

O trabalho da imprensa é importantíssimo como fonte de informação e conhecimento, pois a vida deveria ser um eterno aprendizado para aprimorar a espécie humana e melhorar as condições gerais. É indispensável para o bem geral que sempre cumpra esse papel. As mídias sociais também exercem influência na sociedade humana, mas há que saber usá-las para que não se transformem em mais um meio de deturpação da realidade.

Estamos bem próximos do caos geral. A todo momento somos despertados para desgraças geradas por seres humanos, sem que se contraponha uma luz de esperança que desperte a capacidade de resistir e se sobrepor ao caos. Os jovens precisam ser motivados a construir um mundo melhor com harmonia entre os indivíduos e os povos.

Mesmo diante desse cenário ameaçador, a humanidade permanece insensível. Para uma transformação necessitamos do desenvolvimento e fortalecimento dos valores universais outrora transmitidos para a humanidade. Atualmente esses valores estão acessíveis através dos ensinamentos contidos na Mensagem do Graal, de Abdruschin, que apresenta de forma clara e natural, o reconhecimento e funcionamento das leis espirituais da Criação.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

A FINALIDADE DE TODAS AS COISAS

Na natureza tudo tem determinada finalidade, nada é superficial, nada é por acaso. Hamilton Carvalho, auditor tributário do estado de São Paulo, descreve o modus operandi da humanidade: “Não estou condenando, só constatando: escondida e no nível certo, a hipocrisia é uma das engrenagens que faz este mundo girar. Não me entenda mal”. O fato é que a espécie humana não tem cumprido o seu papel como a principal espécie vivendo no planeta Terra, pois insiste em ignorar e compreender o significado e a finalidade da vida.

Essa hipocrisia meio disfarçada vem ocorrendo em todos os setores. No passado distante, a prioridade era a melhora das condições gerais de vida, o que se refletia nas ciências que se mantinham mais próximas da natureza. Hoje se afastaram do ser humano que está perdendo o querer próprio e a força de vontade. Desde os anos 1980, a economia ocidental vem passando por um processo de mudança com fechamento de fábricas, redução de empregos e renda. Isso tudo teria de também acarretar a disponibilidade de espaços de trabalho, dada a redução das atividades. Na região da Berrini, em São Paulo, e em outras regiões, está ocorrendo a vacância de espaços empresariais e de escritórios. Quando uma região aumenta a produção reduzindo o preço drasticamente, as outras não conseguem competir.

No mundo está ocorrendo uma complicada crise econômica. Como os países poderão reativar a máquina de produção gerando trabalho e renda? Aumentar o dinheiro através dos processos de afrouxamento monetário parece não ser suficiente. Os custos se elevaram muito nos países geridos através da conjugação dos três poderes e seus antagonismos, enquanto em regimes onde o Estado é gerido com absolutismo, as decisões são rápidas e os movimentos de reivindicação são contidos prontamente assim como os custos da mão de obra. Nessas condições, fica difícil produzir e gerar empregos internamente. Os investidores preferiram transferir a produção para as Filipinas, China ou Tailândia, mas agora surge novo conflito de interesses provocando a guerra comercial do século 21.

Kishore Mahbubani, diplomata e funcionário público de Singapura, diz que “enquanto o ocidente dormia, acalentando a sensação de comando global, a China acordou e revolucionou a economia.” O processo resultou na integração de 900 milhões de trabalhadores na produção fabril, produzindo muito e baixando os preços, conquistando mercados e acumulando reserva, enquanto o ocidente se comprazia com ganhos financeiros e formação de bolhas. Agora o mundo enfrenta a guerra comercial, cambial e tecnológica. Embate entre os que querem globalizar o mando e os que estão se opondo à globalização. A OMC deveria ter previsto isso e evitar que o desequilíbrio se instalasse. Se não for encontrado um acordo e ajustamento equilibrado, poderemos ter um futuro conturbado e aumento da precarização geral.

Muitas vezes um bajulador se coloca como líder, seduzindo com mentiras e promessas que não pretende cumprir; com suas palavras enganadoras, recebe a confiança das pessoas para traí-las e satisfazer a própria cobiça. Esses não podem receber o voto do povo. Tudo de ruim que está acontecendo decorre de uma causa simples: a humanidade tem caminhado em direção oposta à real finalidade da vida na Terra. O ser humano existe há milhões de anos, e é seu dever pesquisar sobre isso, mas sempre encontra coisas mais importantes a fazer e não lhe resta tempo para o fundamental da vida.

A abertura da Olimpíada no Japão mostrou grande senso de organização, mas estava presente a tristeza, a sensação de estar num beco rodeado do vazio. Restou um pouco do entusiasmo do Olimpo onde Zeus rege os entes da natureza, admirados e respeitados pelos gregos, romanos e germanos, mas que acabaram virando lenda quando os seres humanos passaram a se julgar donos do planeta, em vez de hóspedes temporários para alcançar evolução.

Falta um alvo, o sonho da humanidade com o progresso real, beneficiado pela atuação humana aliando intuição e raciocínio lúcido. A educação deve instruir e inspirar as novas gerações para feitos que enobreçam e dignifiquem a espécie humana, longe das mentiras, propondo alvos nobres e elevados de forma a aproveitar todo vigor renovador dos jovens e a experiência dos idosos. A educação tem que formar seres humanos de qualidade, beneficiadores da vida.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

FOGO OLÍMPICO 2021

De muitas maneiras desperdiçamos força com pensamentos negativos ou mentirosos. Negativo é tudo aquilo que prejudica a evolução dos seres humanos. O desequilíbrio gerado por aqueles que querem mais riqueza e mais poder travou a evolução progressiva e natural. Pobre humanidade que, em seu descuido, abriu as portas para a estagnação e declínio. Na vida é preciso estar atento, não se pode deixar sopa para mosquitos, ou seja, não dar oportunidades para ataques dos inimigos da Luz.

Periodicamente se realizam os jogos olímpicos. O Brasil foi sede dos Jogos Olímpicos de 2016, da XXXI Olimpíada, mais comumente chamada de Rio 2016 que deixou tristes lembranças de corrupção e desvio de verbas. Após um período de incertezas devido à pandemia que atingiu o planeta, as Olimpíadas de 2020, a XXXII, tiveram sua data oficialmente marcada para se realizar em Tóquio no período de 23 de julho a 8 de agosto de 2021. Pontualmente às 8h00 (horário de Brasília), com a tocha olímpica já flamejando, teve início a cerimônia de abertura. Destaque para um enxame de 1.824 drones projetando a imagem da Terra no céu enquanto se ouvia a música ‘Imagine’, de John Lennon. Mas qual é a origem desse nome?

Olimpo ou Valhala. O imenso castelo Olimpo onde Zeus coordena a atividade dos “deuses” – os seres que cuidam da natureza e que eram bem conhecidos pelos gregos, romanos e nórdicos. Zeus, Wotan, Osíris, Júpiter. Vários nomes para o servo do Criador. A humanidade estava no estágio de evolução ligado à natureza, e a partir daí deveria ter reconhecido o Criador, o Único, mas sobreveio o declínio que prossegue. Só sobraram as lendas que foram se tornando cada vez mais apagadas para que fossem esquecidas. Restou o fogo Olímpico!

Os Estados Unidos têm pela frente a China como o grande adversário na geopolítica mundial. Os países gostam de exibir medalhas de ouro para mostrar a sua ascensão econômica e cultural, e não será desta vez que deixarão de aproveitar essa oportunidade de exibicionismo.

O capitalismo de Estado, adotado por alguns países, é um outro capitalismo no qual os dirigentes do Estado vão tomando decisões, influenciando a economia para que siga os planos centralizados visando manter a população ocupada, o consumo adequado, e manter as condições que assegurem à China a sua continuidade como potência exportadora. São dois sistemas de capitalismo: o ocidental, dito de livre mercado, e o oriental, dito de Estado, em competição acirrada. O diferencial era a liberdade, que vai ficando ameaçada em ambos os sistemas, pondo em risco a evolução beneficiadora da espécie humana.

Qual é o risco da introdução de robôs na substituição do trabalho humano? Não deveria haver risco algum, mesmo porque a divisão do trabalho em mini tarefas criou uma rotina massacrante difícil de suportar por longos períodos. O mal não está no progresso tecnológico, mas nos objetivos dos seres humanos distanciados da busca da melhora geral das condições de vida.

Com frequência as pessoas sorriam mais, brincavam mais, alegrando-se com suas conquistas mesmo nas pequenas coisas. Atualmente há mais tensão no ar. Falta alegria espontânea e confiança no futuro. A insatisfação cresce. Falta o agradecimento humilde pelas coisas que a vida oferece. Nesse ambiente, muitos caem nas drogas como meio de aliviar o tédio, fugir da rotina pesada, pois falta-lhes um projeto de vida, um alvo elevado que ocupe seu tempo de ociosidade, e se livrarem da insatisfação e da raiva sintonizando sentimentos benéficos que harmonizam, trazendo paz e serenidade.

Em que tempo a humanidade está? Os EUA criaram o sonho americano, que já não é o mesmo dos anos 1950. A China está criando o sonho chinês, diferente do americano, mas prega o bem-estar para sua população que já passou por maus pedaços. As democracias ocidentais se desgastaram com a corrupção e aumento das desigualdades nas oportunidades de trabalho, renda, educação, definição de propósitos de vida.

O drama universal é a ausência do sonho da humanidade que deveria se voltar para tudo isso: educação, produção, trabalho, renda, consumo, aprimoramento da espécie, continuada melhora das condições de vida na Terra. O desequilíbrio gerado por aqueles que querem mais riqueza e mais poder travou a evolução da humanidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

O PARQUE DE DIVERSÕES

Este é um momento decisivo da humanidade que pouco se esforçou para conhecer o significado da vida e sua finalidade principal, e agora entrou num labirinto onde não encontra a saída. Mas quantos querem realmente achar a saída? Quantos só pensam em um regresso à forma frouxa de viver, só buscando comida, bebida e prazeres, como se a vida não fosse nada mais que um passeio num parque de diversões.

O ser humano não é como os animais sem livre-arbítrio; embora seu corpo seja de origem animal com órgãos reprodutores, é espírito. No pós-guerra surgiram as grandes instituições criando esperanças de um mundo mais humano, mas as guerras prosseguiram, os países se endividaram, a especulação tomou conta, fecharam as fábricas e foram produzir na China, pagando uma fração do salário do ocidente e promovendo a precarização geral. Cada indivíduo tem de se tornar verdadeiro ser humano, pois sem isso o caos nos aguarda.

É preciso verificar a realidade. Para o lobo homem, geralmente em pele de cordeiro, o que vale é obter o que ele cobiça. Em décadas de desfaçatez, engessaram o gigante. O Brasil tem de dar uma guinada através do querer, da força de vontade e ações de seu povo e governantes. É preciso encontrar a fórmula de produzir mais, empregar mais, educar mais; sem isso a pobreza só aumentará.

Reis e sacerdotes falharam na condução dos seres humanos, e veio a república que foi contaminada pela corrupção e cobiça de poder. Na falta de estadistas sérios, empenhados na melhora das condições gerais de vida no planeta e no bom preparo das novas gerações para a vida, o Estado cai na mão dos corruptos que arruínam tudo, ou na dos tiranos que acabam com a liberdade e a força de vontade da nação, e tudo vai estagnando pela falta do movimento voltado para o bem geral, para um viver sadio e alegre, em atividades construtivas e beneficiadoras.

Uma questão que tem mobilizado a opinião publica é a aprovação do fundo eleitoral elevado pelo Congresso para R$5,7 bilhões para financiamento da campanha eleitoral de 2022. Seria isso a busca de compensação pelas perdas havidas com o crescente cerceamento de negociatas nos ministérios e nas estatais? Se o governo vai fechando as torneiras do dinheiro fácil na administração do país, logo surgem outras de larga vazão do dinheiro público, para benefício da casta que se aboleta no poder para obter o máximo de vantagens, deixando de cumprir seu dever para com o Brasil e sua população.

A natureza é o mais belo presente que a humanidade recebeu. Dela obtém-se a água que a tudo sustenta e os alimentos para conservação do nosso corpo. Com inteligência e capacidade de transformação, conseguimos grandes avanços, mas a um custo muito grande para o planeta. A forma como exploramos as riquezas naturais, a falta de consideração para com o semelhante, e a quantidade de lixo que geramos chegaram a um limite perigoso, ameaçando não apenas as várias espécies animais e vegetais, como também a nossa própria sobrevivência. Os homens no poder e a humanidade em geral têm subestimado a força da natureza, julgando-se superiores, sem atentarem para as leis naturais.

A natureza está enviando seus recados em forma de catástrofes. De todas as formas chegam os sinais de que o viver na Terra seguiu por caminhos errados. Acontecimentos drásticos apontam para a necessidade de reconhecimento e mudanças. As leis naturais ou leis cósmicas do Criador, que a tudo regem, trazem de volta a colheita do uso do livre-arbítrio e dos talentos inerentes ao espírito humano, destinados ao aprimoramento da espécie humana. São o balanço contábil; a verificação do resultado das ações, e assim, naturalmente, as leis do Criador recebem um reforço, e tudo vai acontecendo cada vez mais aceleradamente.

O espírito foi encaminhado para a matéria grosseira para reconhecer a sua origem e se tornar forte, mas tinha de domesticar a vontade egocêntrica que se forma em seu cérebro, pois se não fizer isso se torna fraco e dominado, cego e surdo, para que não procure seriamente a Verdade e o reconhecimento do Criador e suas leis e, fatalmente, caminhará para ruína por vontade própria em vez de alcançar um viver abençoado.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

BARRAR O NEGATIVISMO

O que está se passando no Brasil e no mundo que ninguém se entende mais? Ao se sentir ameaçado em seus interesses, os tiranos manifestam sua maldade e sua forma desleal de agir. Como explica o estrategista Pedro Baños, “o objetivo é motivar a população através das emoções, produzindo uma montagem teatral que derruba as defesas mentais, formando, através de uma história ambígua que mistura realidade e ficção, um cenário que promova a aglutinação e união da massa para que seja conduzida ao ódio mais exacerbado que mobilizará contra o oponente, visando prejudicá-lo e obter vantagens significativas através desse tipo de ações apoiadas pela guerra psicológica e a manipulação das comunicações de massa.”

A espécie humana é a única que ainda não deu certo como se evidencia no baixo nível das condições gerais de vida para a grande maioria; no entanto, existem poucas pesquisas sobre as causas desse fenômeno; ao invés de se fazer um movimento coeso para encontrar a explicação e a solução, os pesquisadores querem desenvolver o novo ser humano através de interferências diretas e indiretas no cérebro, mas com isso seguem caminhos que se distanciam do processo natural de desenvolvimento da vida.

Observa-se que todas as cidades, mesmo as mais bem administradas, estão sujeitas às consequências de chuvas fortes fora do padrão, assim como temperaturas elevadas e crise hídrica. Fala-se sobre o grande reset que daria uma guinada em tudo o que foi feito até agora. A chegada da pandemia em 2020 mexeu com tudo, mas muitas pessoas permanecem no mesmo marasmo, num viver sem propósitos enobrecedores. Falta sinceridade e seriedade. A humanidade se encontra diante de futuro incerto e obscuro, mas as justas intervenções do Divinal estão reforçadas.

A todo momento somos despertados para as desgraças que se avolumam. Muitas pessoas se deixam arrastar para o negativismo sem que se contraponha uma luz de esperança que desperte a capacidade de resistir e se sobrepor ao caos; olhamos pouco para as coisas boas e melhores possibilidades, e permanecemos presos a situações menores. É muito importante utilizar os bons pensamentos e palavras para bloquear a corrente negativa que a tudo invade.

No Brasil, a população está dividida em três grupos: os endinheirados temerosos de perder as mordomias; os deslumbrados, com o circo e utopias e que não examinam o que é impingido; e os que tomaram consciência da desfaçatez vigente no poder que há décadas só cuida dos interesses próprios, deixando o país endividado e sem rumo. Agora há também os que querem a volta da desfaçatez daqueles que são contra o país e o progresso de sua população.

Com tantos recursos naturais o Brasil chegou à situação lamentável, e tem de se afastar da rota de declínio e ignorância; para isso se fazem necessárias seriedade e perseverança de todos que querem o bem. No país há 513 deputados federais, 81 senadores e elevado custo. Até hoje pouco fizeram pelo bem do país e sua população!

O ministro Paulo Guedes se reuniu com empresários que exercem grande influência no PIB do país; o importante é que se unam em torno de objetivos nobres, sem incorrer em perdas. A carga tributária está abusiva. Pessoas fogem da França e outros países por causa do imposto, que lamentavelmente sustenta uma estrutura ineficiente e grande parte se destina para juros e resgate de dívidas. Esses homens do poder têm de pensar também que enriqueceram no Brasil com os recursos naturais e com os trabalhadores e o mercado consumidor. Lei da vida é a reciprocidade, quem só quer receber se torna um pária sem valor.

A época exige trabalho de equipe, desprendimento, humildade e reflexão intuitiva individual. Com simplicidade, a equipe caminha. O individualismo é uma prática persistente. Quando a pessoa quer dominar e obter a glória para si, ela fragmenta a equipe, faz sabotagem, não comunica. As correntes do negativismo têm de ser travadas. Falta uma ação integrada e coesa para o bem geral. Falta o desenvolvimento dos atributos humanos: generosidade, lealdade, consideração, seriedade, bom senso, pensar com clareza. Falta o empenho no preparo da população para levar a vida com toda a seriedade, tudo engrenado. Importa o alvo a ser alcançado, o grande alvo da finalidade da vida.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

SEJA POSITIVO E REALIZADOR

Um pessimista frequentemente pergunta: “Você acha que isso vai dar certo? Será que vamos conseguir?” Muitas pessoas tendem a colocar empecilhos e ver dificuldades em tudo, demonstrando, assim, incapacidade para perceber a força das Leis da Criação e de confiar na Justiça inquebrantável. Pessoas negativas sempre trazem um pessimismo desanimador. Muitas vezes nos deixamos levar pelo negativismo que paira no ar e não olhamos para as coisas boas e as grandes possibilidades, e ficamos travados em ninharias negativas. É muito importante pensarmos e falarmos visando bloquear a corrente negativa que a tudo invade.

Poucas pessoas são gratas pelas coisas que receberam, mas, mesmo assim, não vacilam em se queixarem, atraindo sofrimentos causados por elas mesmas, por seu modo errado de viver. A vida não é uma fatalidade. Sempre temos a possibilidade da escolha, mas temos de fortalecer o bom querer. Protestar e se manifestar parece correto neste mundo onde pouca atenção foi dada ao desenvolvimento de condições que possibilitem a melhoria continuada da qualidade humana.

Quem explica a causa da violência e agressividade? Pouco se sabe sobre o significado da vida e sua finalidade, tampouco se nota esforço para compreender isso; vai daí que aumentam os conflitos. Com sua indolência e ignorância sobre o significado da vida, as pessoas perdem o vigor e a força de vontade do querer íntimo. O que está acontecendo com a espécie humana que está modificando o seu padrão natural?

As máfias, com suas mãos de ferro, já causaram muitos danos visando lucros com tráfico de drogas e de pessoas escravizadas de ambos os sexos. A história oferece muitos exemplos de atividades predatórias. Na China, mandavam os mandarins que dominavam o imperador e o povo que vivia em precárias condições e com pouco arroz. Lao-Tse, mestre espiritualista, se tornou um colaborador do imperador How-Tchou com o propósito de elevar as condições gerais e prestar esclarecimentos espirituais sobre a vida. Iniciou a construção da muralha e a produção de porcelana. Os poderosos não gostaram dessa intervenção. Confúcio (Com-fu-tse) também se opunha e se associava aos poderosos que visavam a destruição de Lao-Tse e do imperador.

Enquanto Lao-Tse transmitia ensinamentos voltados para o bem, Confúcio, qual Machiavel, trabalhava para conservar o poder nas mãos dos mandarins. Assim como tantos povos, a China também não deu guarida ao mestre, da mesma forma como aconteceu com outros profetas em outras regiões. Segundo Mao-Tse-Tung, o poder nasce da ponta do cano de um fuzil.

Há no ocidente muitos debates em torno do tamanho do Estado, mas quanto mais aumentou, mais improdutivo e deficitário se tornou, pois ali se reúnem indivíduos que querem o poder e as benesses, mas poucos estão dispostos a dar contribuições para o bem geral. Como não conseguem espaço na iniciativa privada, correm para se abrigar no cobertor do Estado. Faltam estadistas, faltam seres humanos de bem, conscientes de sua responsabilidade de promover a continuada melhora das condições gerais de vida para que o viver na Terra seja profícuo e proveitoso, em paz e felicidade; nessas condições não há necessidade do agigantamento do Estado.

Os homens inventaram o dinheiro, mas ainda não foi encontrada a maneira certa de lidar com ele, com a sua multiplicação e com o controle das contas públicas e pessoais. É tudo festa até chegarem as cobranças. O dinheiro deveria ser um meio auxiliar do progresso, mas foi transformado em meio de dominação, fonte de poder, arrogância e especulação para bem de uns e miséria de muitos. O comunismo não havia percebido isso com nitidez ao querer que o Estado fosse o detentor da capacidade produtiva, mas os sucessores de Mao encontraram uma fórmula especial de fazer dinheiro através do Capitalismo de Estado que conduziu a China à posição de segunda potência.

As novas gerações precisam de ensino proveitoso e motivador para que sintam a importância do aprendizado e sejam responsáveis. A evasão escolar espelha o duplo problema: ensino inadequado no conteúdo e forma, e despreparo das crianças com deficiências que procedem da vida familiar. Muitas pessoas perguntam: “por que a minha vida não vai para frente?” Mas é a pessoa que tem de se movimentar e caminhar para frente com firmeza e responsabilidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

FUTURO OBSCURO E INCERTO

No início do século 20, as indústrias florescentes da Inglaterra, França e Alemanha travavam uma guerra econômica pela conquista dos mercados, acabando por gerar duas guerras mundiais. Ao final dos conflitos, os Estados Unidos e a Rússia emergiram enquanto a Europa e o Japão se quedavam derrotados. A partir do final dos anos 1970, os EUA adentravam no chamado neoliberalismo que reduzia a influência do Estado e, dando primazia ao controle do dinheiro, rentismo e ganhos financeiros, ampliaram a ânsia por ganhos imediatos, colocando a produção fabril de lado. Mas com o passar dos anos, as crises financeiras foram surgindo.

Nos anos 1980, a China, com seu partido único e autoritário, dava início ao aproveitamento de sua mão de obra barata para produzir manufaturas em larga escala para exportação com preços arrebatadores. Os empresários acharam que transferir a produção industrial para a China era uma boa oportunidade de obter ganhos, mas os empregos foram junto e a classe média foi decaindo.

As oportunidades de trabalho estão encolhendo. Os EUA estão encalacrados na dívida e no balanço do FED. Canadá está chamando, precisa examinar que oportunidades oferece. Europa sem turismo está devagar. A China quer produzir mais. O Brasil foi empurrado para a beira do abismo porque faltou preparo para a vida. Tudo interrelacionado com a globalização econômico-financeira. É preciso ter o diagnóstico certo para encontrar as soluções. A economia fica subordinada aos interesses de ganhos da classe empresarial, ou à geopolítica daqueles que dirigem o Estado.

Com a eleição de Trump, surgiu a percepção de que o caminho adotado pelos antecessores gerou uma forte dependência e, como consequência, teve início a guerra comercial. Biden vai seguindo na mesma política de recuperar o espaço perdido na produção e na competitividade. A pandemia agravou ainda mais a crise econômica do ocidente. O endividamento dos países alcançou montantes inéditos. Enquanto o ocidente fica se digladiando internamente por ninharias, China e Rússia vão consolidando posições na economia global. A humanidade inquieta pressente que está se formando um futuro obscuro e incerto.

A desigualdade econômica espalha-se pelo globo, evidenciando o declínio da espécie humana; porém raramente se vai às causas, às origens da miséria, da falta de preparo para a vida, da pandemia 2020, da má utilização pelo ser humano do seu livre arbítrio, manipulado de fora pela ausência da voz intuitiva – a consciência interior que se deixou arrastar aos abismos da indolência espiritual e dos pendores baixos. Sempre cabe ao indivíduo bem-preparado para a vida examinar o seu querer interior e ter a liberdade de decidir, com responsabilidade perante os direitos do próximo.

O planeta está em reboliço econômico e climático. Diariamente são necessários cerca de sete bilhões de quilos de comida para a população, mas a tendência é de insegurança alimentar, o que exige todos os cuidados com as condições naturais da produção de alimentos, com a preservação das matas, água e solo. A economia foi para o fundo do poço. Na América Latina há mais de 28 milhões de desempregados. Estados Unidos emite. O Brasil sempre tem optado por aumentar a dívida. Em ambos os casos aumenta o dinheiro em circulação e inflação, mas na dívida há juros que recaem sobre a população. A grande questão é: para onde vai o dinheiro, seja da emissão ou do empréstimo? Cada país precisa ter um mínimo de produção, empregos e consumo. O aumento na taxa de juros tem de ser criterioso para que o remédio não debilite o paciente ainda mais.

Surgem rupturas porque tudo que desenvolvemos através da civilização e da tecnologia atingiu limites críticos, sem ter produzido melhoras no ambiente em que vivemos e na psique humana, encontrando-se agora a humanidade diante de uma séria crise econômico-social e ambiental sem descortinar um caminho por onde escapar dessa trajetória embrutecedora. Temos de aproveitar as coisas boas que foram conquistadas, extirpando as distorções que provocaram o caos no meio ambiente e nas finanças.

Ao longo dos séculos, não construímos um viver decente. Faltam estadistas sábios e um bom sistema de governo que não acabe com as liberdades das pessoas, e atue decisivamente para o bom preparo da população e combate à miséria criada pela cobiça e indolência.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

A TERRA E A ECONOMIA

A meta da construção da Terra era dotar o planeta de todas as condições para acolher a vida humana com sustentabilidade. Cabia aos humanos e seus governantes compreenderem exatamente como a natureza funciona em sua automaticidade. Movidos pela cobiça de poder, os homens descuidaram disso, improvisaram, inventaram, contornaram, mas os efeitos não se fizeram por esperar, e o planeta apresenta terríveis sinais de deterioração causada pela espécie que abrigou para evoluir.

Todos os seres humanos têm de ouvir a intuição, pois se seguirem o caminho simples e natural da vida perceberão que são frutos espirituais da Criação, eternos aprendizes. As pessoas estão abdicando de suas capacitações de examinar, ponderar, refletir de forma intuitiva, o que permite a ampliação e dominação da manipulação de fora, agora facilitada pelos novos recursos tecnológicos. Há uma guerra nas comunicações com informações e desinformações, muitas vezes as pessoas são induzidas a acolher um conteúdo bem formulado, sem atentar para o significado corrosivo da comunicação.

Estamos vivendo um momento muito delicado; tudo está oscilando, da economia à sociedade; das alterações climáticas ao equilíbrio psicoemocional. Temos de compreender o que viemos fazer neste planeta acolhedor, o qual abusado e menosprezado, apresenta, como consequência de nossos desatinos, catástrofes naturais e hostilidade à vida humana.

Num mundo dominado pelo dinheiro, corrupção e mentiras, a humanidade tem enfrentado muitas crises econômico-financeiras, a maior foi a de 1929 que afetou todos os países. Mas, uma nova crise está sempre presente no radar econômico. A economia se apresentava engasgada. Com a chegada da pandemia global tudo parou.

O enfrentamento da dívida externa dos anos 1980 gerou a hiperinflação; mesmo assim o Brasil empregava e produzia manufaturas. Os economistas inventaram a âncora cambial e os juros altos para atrair dólares. O ganho com importados baratos gerou perdas, exportando empregos e atrasando a técnica de fabricação. O ocidente está enfrentando a crise do monetarismo que fez tudo girar em torno do controle do dinheiro e rentismo, fechando fábricas. A China, com reserva elevada, e planejamento centralizado, prossegue ampliando a fábrica mundial e sua influência na economia tornando difícil a recuperação da competitividade do ocidente. A economia mundial desequilibrada tende à ruptura, ampliando as tensões geopolíticas, e mesmo governantes bem intencionados nada conseguem fazer.

A polarização internacional está criada. A diplomacia vai trocando as luvas de pelica pelas de Box. Os habitantes da Terra precisam de sete bilhões de quilos de comida por dia. O Brasil se torna parte fundamental no jogo geopolítico, mas é preciso que haja seriedade dos governantes para não entregar tudo de bandeja, visando seus próprios interesses como sempre têm feito. A situação já tensa poderá se agravar se chegarem a trocar as luvas de Box por algo mais pesado.

A crise hídrica já é ameaça global. Na maior parte do mundo a demanda vai superar a disponibilidade. Essa notícia aumenta a indignação com a displicência da população e seus governantes. Água é vida. Há dez anos o entorno da Grande São Paulo já estava seriamente comprometido com ocupações irregulares com moradias precárias, em regiões com mata, sem que as autoridades e a imprensa tivessem feito uma campanha para impedir ou reduzir o impacto nas regiões urbanas. Nada foi feito, nem orientação da assistência social, nem planejamento, nada, um horror que alcança rodoanel e demais rodovias. Núcleos onde a família se degrada, a violência e a droga se instalam, e nada mais se faz.

A questão da umidade do ar tem sido menosprezada há séculos, desde o início da industrialização na Inglaterra. Os cientistas pouco se ocuparam com as leis da natureza achando que podiam tudo. A população mantinha algum respeito intuitivo à natureza, mas tudo foi sendo extirpado na medida em que o materialismo assumia o controle da vida deixando o espiritual para trás. Agora a natureza vai mostrando a sua força e as consequências dos mecanismos destruídos.

A riqueza real provém unicamente da natureza, a grande crise virá quando a natureza se negar a continuar ofertando as benesses que asseguram a continuidade da vida. A crise não será contornável nem pelo dinheiro nem pela força; dependerá apenas da situação íntima de cada ser humano frente às, até hoje pouco compreendidas, Leis da Criação.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br