O TALENTO ASSUSTA

Um texto que foi publicado há longo tempo, evidenciando a inteligência intuitiva sem indicação do nome do autor – O medo causado pela inteligência.

Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estreia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembleia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos”.

O “talento assusta”. Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar ao pupilo que se iniciava numa carreira difícil. Isso, na Inglaterra. Imaginem aqui, no Brasil. Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência”.

A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas, é preciso considerar que esses medíocres ladinos oportunistas e ambiciosos têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar.

Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precise fingir de burra se quiser vencer na vida.

É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social. Assim como um grupo de senhoras burguesas bem casadas boicota, automaticamente, a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras, à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar. Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas… Enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender.

É um paradoxo angustiante! Infelizmente, temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida. Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues: “Finge-te de idiota, e terás o céu e a terra”.

Ingenuamente muitas pessoas expõem abertamente seus valores e capacitações, ou por vaidade, gostam de brilhar, o que as colocam em permanente cheque perante os menos afortunados, que mesmo percebendo que poderiam utilizar esses talentos para trabalhos em equipe, temem serem ofuscados.

O GRANDE IMPASSE

A economia brasileira vive artificialmente desde os anos 1990. A tentativa de acabar com isso é severa e lenta, pois os estímulos artificiais têm de ser retirados. Com a elevação geral da dívida veio a queda de juros, um fôlego para evitar o desarranjo total. Não é fácil acordar a economia estagnada no mundo globalizado e supercompetitivo. Os empregos e a renda estão caindo. O país exporta commodities, importa tudo pronto e remete dólares. Com isso, a circulação se reduz à importação e comercialização. Devido ao crescimento da dívida, o governo não consegue recircular o dinheiro arrecadado transformando-o em investimentos. Mesmo se hipoteticamente o dinheiro fosse despejado de um helicóptero, logo o estímulo iria para os importados, para o exterior.

A economia mundial está desarrumada com o confronto entre livre mercado e capitalismo de Estado. O Estado não deveria se envolver na atividade econômica, pois não é uma empresa. A questão é: será que a interferência do Estado na economia não fere o princípio do capitalismo de livre mercado? Como competir com empresas que atuam sob o guarda-chuva estatal? Quem sabe a projetada inclusão da população da China no consumo possa dar um ajuste, mas o que o Brasil poderia produzir para os chineses, e que gerasse empregos internos?

O FMI está com foco nas alterações climáticas, mas temos de olhar para todas as coisas. Há décadas tem sido grande a displicência com o saneamento, com o trato do esgoto e do lixo, fruto do mau gerenciamento político e fiscal. Rios deixam de carregar água potável para as populações, mares ficam contaminados, peixes e crustáceos perdem espaço afetando a alimentação. Que tal um projeto fundamental de saneamento para grandes cidades, eliminando o risco de tantas doenças que atingem a todos, principalmente crianças? Quanto ao clima, é de fundamental importância estarmos atentos. As cidades superpovoadas necessitam de áreas arborizadas, que são os naturais filtros verdes de ar.

No mundo de hoje os homens se toleram enquanto julgam que podem tirar proveito uns dos outros. Essa situação se rompe quando cessa o interesse ou algum deles se sinta lesado pelo outro. Basta olhar e veremos muitos casos assim. Mas quando alguém deseja, com seriedade, o bem geral, acaba se tornando alvo dos que têm o rabo preso.

As palavras são um dom; temos de usá-las com todo o cuidado, pois elas têm o poder de influenciar e persuadir. Palavras falsas, astutas, carregam o mal. Palavras displicentes e a falta de tato causam dor e revelam imaturidade. Palavras amigas, ditas com amor e pureza, curam, cicatrizam feridas. Hoje vivenciamos as consequências do mau uso das palavras utilizadas para mentir, enganar e, principalmente, para fazer as pessoas acreditarem no que não é o real significado da vida. Com o saber do real significado da vida, as palavras seriam respeitadas. É preciso estar atento e examinar tudo que nos é empurrado. O palavrório vazio atrai a ruína. Que a fala seja sim ou não.

Em vez de serem direcionadas para a leitura de livros desde cedo, as crianças geralmente recebem de presente um tablet com joguinhos para se distrair. Os pais deveriam ler histórias para os pequenos, levá-los a livrarias e bibliotecas, falar da importância do livro na formação da humanidade.

O dia 15 de outubro é dedicado aos professores – os responsáveis pelo desenvolvimento das novas gerações desde a primeira infância. O que assegura o bom futuro do país e da humanidade é o bom preparo das novas gerações para que adquiram clareza mental, discernimento e consciência de que a melhora das condições gerais de vida depende de cada um de nós. Ensinar e educar estão entre as mais nobres profissões, pois através delas é que se faz a transmissão dos conhecimentos e saberes para um viver condigno e de qualidade.

O grande entrave para o progresso está no homem que pôs de lado a sua essência humana dispondo-se a tudo para sempre obter o máximo ganho. Se o homem não tivesse se submetido ao embrutecimento, outra seria a feição do Estado, pois estaria cumprindo a sua tarefa de dar as condições gerais para a continuada melhora da população local e da humanidade como um todo. Como resolver esse impasse?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A HUMANIDADE E O PODER

Para enfrentar a limitação de recursos da natureza, os humanos têm que superar o egoísmo e encarar a vida com seriedade e solidariedade, estabelecendo metas de continuada melhora das condições gerais de vida, visando o progresso e a paz. Quem realmente está empenhado na melhora da qualidade da humanidade? Tudo está decaindo sob a ilusão do falso progresso que na verdade rebaixa tudo. Os dirigentes dizem agora que o orçamento público está apertado, mas a destruição da natureza e dos rios e mares ocorre há décadas. Rios maravilhosos, que alimentavam a população, tinham água potável, a grande riqueza que sustenta a vida, e eram vias de transporte. Atualmente, esses rios estão poluídos, sujos fétidos, e representam a grande estupidez da humanidade que depende da natureza para ter boa qualidade de vida.

Cada ser humano sentia-se responsável pelo futuro do mundo examinando as causas e consequências. Hoje poucos ainda olham para isso. Como massa entorpecida, o povo vê o mal e a decadência se alastrarem, mas não reage mais. A cada ano que passa aumenta o risco de soçobro da humanidade. A cobiça de poder sobe à cabeça. O ódio contido ameaça extravasar. A inquietação e a depressão se tornam doenças epidêmicas que se espalham pelo mundo. Temos que aprender a enfrentar turbulências até achar a serenidade do céu azul, saber traçar uma rota que escape da tormenta que se avizinha, protegendo a liberdade, a individualidade, o bom preparo de pais e mães para que surjam gerações fortes aptas e dispostas a construir um mundo melhor.

No Brasil, estamos entre os poderosos Banco do Mundo (EUA) e Fábrica do Mundo (China). Ambos visam vantagens para eles próprios. Ambos requerem governantes sábios que saibam obter bons resultados sem comprometer sua autonomia e futuro, sem entregar suas riquezas para benefício de outros como têm feito até agora. Há no mundo uma grande complicação. No ocidente, os trustes e monopólios exercem forte influência em tudo. Na China, o Partido Comunista controla tudo.

O Banco do Mundo nos fez dependentes do dólar para tudo, mas com o surgimento da Fábrica do Mundo, cujos custos são imbatíveis, ocorreu um desequilíbrio geral nos empregos, renda e precarização. No Brasil, com pouca indústria, o dinheiro sumiu. O país exporta commodities, importa tudo pronto e remete dólares. Com isso, a circulação se reduz à importação e comercialização. Quem sabe a projetada inclusão da população da China no consumo possa dar um ajuste, mas o que o Brasil poderia produzir para os chineses e gerar empregos internos? Sem solucionar essa questão, a estagnação econômica não vai encontrar seu limite.

Produzir, gerar empregos, pagar impostos, ter lucro e distribuir dividendo estão se tornando cada vez mais difíceis neste mundo competitivo e desleal. A produção mundial ficou concentrada em grupos que dispõem de mão de obra de baixo custo, automação e monopólio. A economia se tornou luta desenfreada devido à ganância dos homens que a desequilibraram e extinguiram a consideração e a solidariedade. O dinheiro se tornou a prioridade obsessiva em escala mundial. No Brasil, é importante que os trabalhadores não se deixem contaminar pelo ódio e se esforcem para executar suas tarefas com atenção e responsabilidade.

O país precisa resolver seus problemas, acabar com essa miséria desumana. Tem de manter a livre iniciativa, embora a economia mundial esteja desarrumada com o confronto entre livre mercado e capitalismo de Estado. Os empregos foram desaparecendo, a renda caindo, mas não o custo de vida, acarretando estagnação e a continuada precarização geral. Com a elevação da dívida, o governo não conseguiu recircular o dinheiro, e quando o fez, ampliou o consumo de importados. Resolver esse desequilíbrio é o grande desafio.

Lao-Tse, assim como Buda e Zoroastro, foi um dos mestres abnegados que no seu tempo ofereceu aos seres humanos, emaranhados em seus erros, degraus do saber sobre a origem e o significado da vida. Confúcio também apresentou explicações sobre a vida, mas sua filosofia pragmática punha de lado a amplitude espiritual, o que acabou criando confusão sobre a real finalidade da vida. Assim, a indicação da escada da elevação acabou sendo perdida pelas teorias ligadas aos interesses materialistas, estagnando a evolução da humanidade.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A MENTE DO SER HUMANO

A mente é o estado da consciência que possibilita a expressão do ser humano. Mente é um conceito utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas à cognição e comportamento. Cada pessoa tem a sua individualidade, suas ideias e convicções que formam sua visão geral sobre a vida. Tais ideias e convicções são o fundamento de uma mentalidade. Pode-se dizer que a mentalidade é a forma como a pessoa pensa e entende a existência. A forma de pensar, tanto a individual como a coletiva, depende da tradição cultural, da educação recebida da família e das circunstâncias sociais e históricas de cada época.

Qual é o enigma da mente? Como se formam os pensamentos? A vida interior do ser humano compreende os sentimentos intuitivos e pensamentos. Atualmente, a televisão e internet têm forte poder de influenciar a mente. A leitura e a música são básicas. A herança genética também pesa na formação do cérebro, a ferramenta torcida. Descontentamento, insatisfação, inveja, são venenos. Gratidão, contentamento, alegria forjam uma base mental sadia, forte, benéfica.

A presunção abre espaço para a pessoa cair em armadilhas invisíveis. Quem tem uma opinião arrogante sobre si mesmo ou se julga melhor que os demais, que acha que sabe tudo, que tudo que é seu é melhor do que o dos outros, inclusive as ideias, é uma pessoa presunçosa. Aquele que se acha perspicaz, com maior inteligência, a pessoa vaidosa e pretensiosa não consegue estabelecer diálogo natural, nem bem ouve o que o outro está dizendo e logo acha que o que tem é bem melhor, que não precisa prestar atenção no que o outro fala; falta-lhe a humildade espiritual.

Ao chegar ao Brasil, Pedro Álvares Cabral encontrou uma população sábia, feliz em contato com a natureza, com corpos sadios, sem deformações. Em sua tradição secular, o índio respeita a natureza e suas leis cujo saber intuitivo foi sendo substituído por misticismo. A índia Ysani Kalapalo tem razão: os povos indígenas deveriam buscar a integração, mantendo sua estreita ligação com a natureza. Como outros povos antigos, eles reconhecem a existência dos enteais chamados de deuses, mas são os servos do Grande Criador que cuidam da natureza. Albert Einstein previu, no século passado, que se as abelhas desaparecessem da superfície da Terra, o homem teria apenas mais quatro anos de vida. A ocorrência de morte em grande escala das abelhas está sendo interpretada como um sinal e um alerta real sobre a atividade do homem sobre a natureza.

O mundo se assusta com a falta de trabalho que assegure uma existência condigna. A droga se torna a fuga dos seres humanos. A humanidade vive um momento que rompeu com o passado, quando tudo girava em torno da livre iniciativa, com a velada interferência dos trustes e monopólios na chamada invasão cultural. É preciso entender o grande desarranjo econômico do século 21. Empresas de livre mercado, habituadas a produzir gerar empregos e obter lucros, se encontram desorientadas com a nova forma de produzir encabeçada pelo capitalismo de Estado.

A imprensa, como fonte de informação, tem de se engajar na obra de esclarecimento para que os seres humanos não sejam transformados em robôs sem vontade própria voltada para o progresso da espécie humana. Para onde vão as cidades do Brasil? Segundo a FAO-ONU, a população mundial atingiu em 2012 cerca de 7,5 bilhões de habitantes e em 2050 a previsão é de que seremos 9,0 bilhões, exigindo mais água potável, mais alimentos e tudo o mais. O desafio é como conseguir manter uma existência condigna sem sacrificar ainda mais as florestas e os rios e mares.

O Brasil é, ao mesmo tempo, rico em recursos naturais, e miserável em estadistas éticos de valor. Os principais problemas ambientais do Brasil são educação e saneamento. Recentemente registrou-se o aumento da extensão da área de poluição do rio Tietê. O rio São Francisco está perdendo vazão. A maioria das cidades não trata o lixo, o esgoto e os rios. As pessoas jogam lixo em qualquer lugar. Qual é o propósito da escola em relação ao futuro da humanidade? Deveria ser dar às novas gerações bom preparo para a vida e contribuir para a formação de mentes sadias.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A GLOBALIZAÇÃO E A CHINA

A abertura atabalhoada das fronteiras comercial e financeira foi como um salto no escuro. As consequências hoje estão nitidamente visíveis. As novas gerações foram conduzidas para uma forma de pensar indiferente quanto ao futuro; não sentem a necessidade de pensar no amanhã, vivem o hoje de forma descomprometida, temerosas do que está por vir no mundo do trabalho. Percebem que a construção feia e áspera feita pelo homem de raciocínio preso ao tempo e espaço está em processo de desmanche.

Em 1949, há setenta anos, Mao Tse-tung fundou a República Popular Chinesa, um fracasso econômico e social sob o comando do Partido Comunista. O livro vermelho, com os postulados ideológicos de Mao Tse-tung, foi a fonte onde muitos descontentes foram beber nos anos 1960, mas a China não alcançou êxito. Nixon, então presidente norte-americano, buscou naquele país um contrapeso frente à Rússia. Deng Xiaoping, que liderou a China entre 1978 e 1992, entendeu que o mundo era comandado pelo dólar e então promoveu reformas econômicas para produzir muito e se integrar no mundo capitalista com governo forte, como se fosse uma grande empresa disposta a produzir de tudo com seu estoque de mão de obra ociosa, e foi bem-sucedido.

O comunismo já era, os homens que cobiçavam o poder perceberam que tudo gira em torno do dinheiro, então procuraram a forma de alcançar acumulação do capital financeiro e, para isso, teriam de se adaptar ao sistema capitalista. Assim, aos poucos foi surgindo o capitalismo de estado, empenhado em produzir manufaturas de baixo preço para exportar. A globalização, abrindo as fronteiras do comércio, foi fundamental para que tivesse início uma nova fase do capitalismo, o que gerou consequências de longo alcance. Enquanto isso, o neoliberalismo ia se concentrando nas finanças globais, sempre buscando o ganho financeiro como prioridade, deixando de lado a produção. No Brasil e no ocidente, a produção industrial caiu muito. Agora o mundo enfrenta a falta de empregos, precarização e queda no consumo, gerando maré alta de insatisfações. O avanço da precarização geral poderá levar ao recrudescimento do rancor e a atos agressivos.

Os homens são dotados de livre resolução. Quando escolhem produzir na Ásia com mão de obra menos custosa, não se preocupam com o que vai acontecer com os outros trabalhadores. O direito à propriedade faz parte das leis da vida. Já o açambarcamento das riquezas da natureza é fruto da cobiça egoística, o que se torna bem evidente no capitalismo. No socialismo, por sua vez, as intenções dos mandantes ficam acobertadas por uma cortina de “bondades” às custas do estado com dinheiro público para sustentar a máquina cara. O certo seriam os programas de participação nos lucros das empresas como forma geral de redistribuir os frutos do trabalho, coibindo-se ações especulativas e espoliativas. Com as inovações surgidas na estrutura de produção global, ocorreu baixa na competitividade. O desafio é ter preço compatível com o poder aquisitivo nesta época de vacas magras, pois a concorrência global é feroz e nem sempre leal.

Os juros altos e câmbio valorizado são do passado, mas fincaram suas garras e deixaram marcas profundas, afetando todas as atividades. Soma-se à incompetência dos gestores, a visão desanimada de muitos empreendedores locais, a desesperança geral, resultando num país estagnado e entorpecido. Como despertar e reanimar o Brasil pujante? Não adianta estimular a demanda artificialmente. Por que o Brasil e o mundo ficaram nessa complicada situação econômica e social? A construção dos homens desmorona pela falta de sinceridade e de comprometimento com o bem geral, o que levou a esse caos, ameaçando o futuro.

É necessário o apoio da imprensa na educação das novas gerações. A programação das TVs é uma lástima. Precisamos de gerações fortes bem preparadas que reconheçam a importância de estar vivendo no Brasil e se preocupem com o país. Os aglomerados de moradias precárias permanecem crescendo, a decadência também. Homens e mulheres estão gerando filhos sem estarem preparados. Os empresários e toda a sociedade precisam zelar pelo país. A coesão social perdeu espaço no mundo apressado que perdeu a consciência ancestral, isto é, o saber da origem e significado da vida.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

DOGMATISMO ECONÔMICO

Os gurus criaram os dogmas econômicos. Muitos governantes acabaram sendo persuadidos, aceitando as imposições e detonaram a economia interna impedindo o seu natural desenvolvimento. Houve todo um desalinho para chegarmos ao buraco atual com excesso de dívida, num cenário de estagnação ocidental com o novo capitalismo gerido pelo Estado, com a máquina de produzir com custo baixo e acumular reservas. No Brasil, a abusiva política de juros desestabilizou tudo, inviabilizando a produção industrial e exportando empregos. Há uma dívida elevada, embora estejamos com tudo por fazer em todos os setores e, principalmente, na educação e saneamento.

Cada indivíduo sadio de corpo e alma é responsável por sua sobrevivência, o que o fortalece como ser humano. A natureza oferece tudo o que necessitamos para uma sobrevivência condigna, desde que não seja açambarcada pelos mais fortes que cobiçam tudo para si. Para fugir aos conflitos de trabalho, muitas empresas se voltaram para o emprego de mão de obra de menor custo da Ásia. Mas quando um país passa a importar tudo pronto, exporta os empregos gerando desemprego e precarização geral.

A questão não é desglobalizar a economia, mas reequilibrar a produção e o comércio que sob as condições da globalização acabaram sendo transferidos para a Ásia, liderada pela China, tendo a seu favor mão de obra de menor custo, câmbio, incentivos e economia de escala. No Brasil, o câmbio valorizado e os juros elevados desestimularam a produção, gerando desindustrialização. Os atuais juros baixos deveriam ter sido o normal. No passado, houve uma bela montagem espoliativa chamada over night que chegou a pagar taxas de juros astronômicas de até 2% ao dia, tudo recaindo sobre a população. Naquele tempo, a Ásia não tinha assumido o papel da grande fábrica global e ainda se produzia manufaturas no Brasil. Com a taxa de juros, registrada em janeiro de 2016 em 14,25% a.a. sobre a dívida atual em torno de quatro trilhões de reais, o montante dos juros seria de 570 bilhões de reais ao ano. Os juros baixaram, mas a indústria ainda continua derrubada.

O setor rentista age como canibal devorando tudo; semeia com uma mão e recolhe com as duas. Dizer que a transferência da produção para Ásia não implica em perdas é complicado, pois além de produção massiva para exportar coordenada pelo poder central, dos incentivos e mão de obra de baixo custo, há também o aspecto cambial. No Brasil, a valorização do real inviabilizou as exportações de manufaturados. Para restabelecer o equilíbrio é preciso reorganizar o todo. O ocidente apegou-se à finança enfatizando a valorização das ações, o ganho empresarial e a transferência da indústria, exportando empregos. A renda caiu, o consumo acompanhou. O crescimento ficou desequilibrado.

Quando os seres humanos ainda observavam o ritmo natural, havia a preocupação com o tipo de futuro que estava sendo formado. No imediatismo que se instalou pela desenfreada busca de ganhos e acúmulo de capital financeiro, tudo o mais se tornou secundário, a começar pelo próprio ser humano e os recursos da natureza. O emprego de robôs deveria ser favorecedor, mas vão acabar precarizando mais, e máquinas não são consumidoras. O ser humano não é mercadoria nem máquina; há algo em sua essência para ser desenvolvido para impedir sua regressão. As novas gerações estão sendo engessadas desde a primeira infância com a absorção da visão materialista da vida sem consideração nem responsabilidade. O mundo precisa de gerações fortes, aptas e dispostas a beneficiar e embelezar tudo.

Criou-se uma democracia de fachada, subordinada a interesses particulares com concessões às elites corruptas – irresponsável com a contas, displicente com o preparo das novas gerações e com o saneamento das cidades. Nosso país é, ao mesmo tempo, rico em recursos naturais, e miserável em estadistas éticos de valor. O povo confiava nas elites. Quando se tornou evidente a roubalheira e o declínio, a população despertou exigindo mudança de rumos. O discurso do presidente Bolsonaro na ONU foi ousado e corajoso mostrando o mundo vacilante entre governos e elites corruptas, globalistas visando o comando unificado, e capitalismo gerido por Estado forte. No Brasil, pouco se produz, pouco se ensina, as contas não fecham. O que vai acontecer com o país ameaçado pela disputa por riqueza e poder?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A GRANDE REGRESSÃO DA HUMANIDADE

Por que a miséria está aumentando? Seria por causa da globalização comercial e financeira? Se cada nação tivesse cuidado adequadamente dos problemas gerais de acordo com as leis da natureza sempre voltada para o bem, visando assegurar prosperidade e paz, não teríamos agora tantos problemas mundiais. Em nossa época os seres humanos estão perdendo a generosidade. Há muita falsidade e mentira visando satisfazer a própria cobiça; falta autenticidade no proceder. A raiz do problema da imigração que fustiga a Europa está no fato de que hoje muitos estrangeiros buscam refúgio porque perderam a condição de viver em seus territórios, os quais, no passado, foram super explorados pelos colonizadores.

Há um permanente clima de disputa por tudo. Há trambiqueiros posando de homens de bem, desconfiando de todos, mas, no íntimo, só querem tirar proveito da situação, pouco se importando se vão causar danos a outros desde que ganhem com isso, além de cultivarem um sentimento de prazer e vitória nessa forma de agir. Na vida moderna falta bom senso, mas há muitos regulamentos criados e controlados por corações empedernidos visando obter vantagens. O homem dominado pelo raciocínio, se torna uma fera quando assume o poder; não há mais coração, apenas a grande mesquinhez e insensibilidade. O poder assume a característica da coerção.

A prepotência se tornou a norma de muitos líderes e de pessoas tirânicas. Governos e empresas se tornam impositivos e abusivos, empregando o poder econômico e das armas para espalhar o ódio e o temor entre os povos. Os governos vão perdendo a possibilidade de controlar a economia de seus países, deixando aberta a porta da corrupção para o enriquecimento ilícito. Os países têm vivido em rota de desequilíbrio geral nas contas internas e externas, na produção, emprego, comércio, e no preparo das novas gerações. Há décadas os mais fracos permanecem no prejuízo, financiando déficits com alto custo, entregando recursos naturais a preço de banana. O Brasil tem sido mal gerido há décadas. Precisamos de um governo que seja pró Brasil, pois a guerra comercial tende a se agravar e quem tiver governo displicente vai ficar por baixo e sacrificar sua população.

Por que chegamos a essa situação extremada de crise social e recessão econômica? Teóricos como Adam Smith, Keynes e Freedman, desenvolveram tantos estudos para agora a população se sentir abandonada e em vez de receber o adequado preparo para a vida, facilmente se deixa envolver por palavrório barato, pão e circo. Agora há um risco sério de faltar pão e o circo está virando drama de terror. Sucessivos governantes não olharam para a dependência externa nem para os desajustes internos, e de novo o país está algemado pelo crescimento da dívida.

No mundo imprevidente, tornou-se norma o estouro das contas públicas. Além dos impostos arrecadados, os governantes contraem empréstimos com juros altos, comprometendo o futuro, e quando isso é feito em outra moeda, é um passo para o desastre. O espantoso encargo de juros de dois dígitos por longo período, distribuído sobre toda a população, endividando, valorizando o real, sugando as energias do país, deixando campo aberto para importações de tudo que é fabricado com mão de obra barata travou a indústria. Faltou planejamento bem elaborado para devolver o dinheiro arrecadado em benefício para todos, na melhora geral das condições de vida e da qualidade humana da população.

A guerra comercial apontada como causa da recessão vindoura decorre dos atritos do poder e quer interromper o ciclo de transferência de recursos para a China que acumulou reservas, se tornou credora, avançou na tecnologia e se capacitou para investir nas fontes de suprimento de matérias primas. O que mais os governos poderiam fazer para promover maior crescimento econômico além de disciplinar os gastos, eliminar desvios e super mordomias concedidas aos poderes e estatais?

O planeta foi amplamente espoliado em seus recursos naturais, o que interferiu na sua capacidade auto regenerativa. Atordoados pela renhida luta pela sobrevivência que a vida se tornou, os seres humanos não sonham mais. A grande regressão precisa ser interrompida, recolocando a humanidade na senda da verdadeira essência espiritual. Precisamos estabelecer alvos nobres que tenham como prioridade a melhora geral das condições de vida no planeta e aprimoramento da nossa espécie.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMANDO UNIFICADO OU DESGLOBALIZAÇÃO?

Seja na atividade empresarial ou na vida pessoal, o momento exige de cada indivíduo prudência com os gastos para não se endividar, preparando-se para um momento melhor que deve chegar. Mais do que nunca a situação atual exige que as pessoas estejam cada vez mais preparadas para enfrentar os desafios e se ajustar às novas tecnologias e tudo mais. Nesse ambiente, pensar com clareza é o básico. Sem leitura, sem ampliar o vocabulário, como esperar que as novas gerações tenham clareza no pensar, raciocínio lúcido e intuição se não forem orientadas para isso?

A ignorância começou há muito tempo, com o abandono dos livros. A TV não contribuiu como era esperado para o adequado preparo das crianças que se tornaram pais, e assim ficamos. Os bons professores promovem bons resultados para o indivíduo, para o país e para o planeta. Eles são indispensáveis desde a educação na primeira infância, já que os pais não raro também necessitam completar sua educação para a vida. No passado, os professores ensinavam com dedicação e sem viés ideológico. Hoje, se fala muito em inteligência emocional que se reveste na inteligência dos seres humanos com visão ampla do significado da vida, pois através dela os indivíduos possuem automotivação para um viver de progresso construtivo e beneficiador. Professores bons, bem preparados, valorizados, são garantia de melhor futuro.

Desde que o homem passou a criar dinheiro do nada, criou-se também um dos maiores enigmas da humanidade: a dificuldade de entender como o dinheiro surge, como ele se relaciona com o governo e com as outras moedas e entre as pessoas. Vários fatores encobrem a simplicidade do equilíbrio das contas. A imprevidência financeira, o gasto exagerado e o endividamento atraem a funesta ingovernabilidade e miséria.

O crescimento do comércio global não trouxe benefícios ao conjunto da população. No Brasil ocorreu declínio no bem-estar social e ampla destruição nas indústrias de médio porte que perderam espaço, aniquilando empresários e empregos. No ocidente, ocorreram perdas visíveis nos empregos e renda da classe média, gerando ambiente depressivo. O camponês da França que produz vários itens de consumo interno também se sente ameaçado. Terá de se tornar motorista do Uber ou entregador de pizza como tantos profissionais sem emprego?

A triste história econômica do Brasil a partir dos anos 1990 aponta que poderíamos ser o celeiro do mundo e ao mesmo tempo ter uma indústria forte, bons pesquisadores, mão de obra técnica de qualidade e serviços em nível satisfatório. Duas tacadas fatais para as indústrias – abertura comercial e dólar barato. Será que os adeptos dessa teoria previram as consequências? Sem produção, e só com serviços, não surge riqueza nem oportunidades. Endividado, com políticos interesseiros e provocadores de agitação que não buscam a melhora geral, fica difícil encontrar a saída, enquanto as novas gerações vão se perdendo na estagnação.

Com a substituição do ouro pelo dólar, o novo mercantilismo se preparou para entrar em forte concorrência com a indústria ocidental visando o acúmulo de dólares. Como as cadeias de produção e distribuição interligadas em diversas regiões poderiam dar certo com as instáveis variações cambiais? A substituição de homens por máquinas automáticas reduz o custo, mas as máquinas não consomem bens. E tudo põe reduz o rendimento do trabalho. A ânsia de ganho financeiro inundou o mundo de papéis que os BCs tiveram de absorver criando dinheiro do nada. Os governos estão engessados por dívidas. Haverá unificação global de comando ou reversão da globalização.

Estamos com três correntes de filosofia econômica: ordem econômica liberal globalista; economia nacionalista e protecionista de livre mercado; e capitalismo de Estado forte interferindo na atividade econômica. Não está fácil entender as decisões que estão sendo tomadas diante dos atuais eventos econômicos. Dinheiro sobrando. Compra de ativos e baixas taxas de juros. Governos fortemente endividados. Estagnação econômica crônica.

Queiramos ou não, a globalização acabou desequilibrando a economia, interferindo na produção, empregos e consumo, enquanto a globalização financeira ia cavando abismos gerando a crise descomunal. Nas tentativas de adaptação e sobrevivência acabou-se não percebendo para onde tudo estava indo. As decisões financeiras e monetárias são importantes para evitar o pior, mas serão suficientes para ativar as engrenagens da economia de forma equilibrada entre os povos?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

O HOMEM E O PODER

Há um ditado que diz que nada melhor do que dar poder a um homem para conhecer o seu real caráter. Por milênios a humanidade vem travando a voz do espírito seguindo apenas o raciocínio gerado no cérebro frontal envolvido no materialismo que provocou o crescimento da cobiça por poder e riqueza. Por muitos séculos depois de Cristo (dC), os representantes da Igreja exerceram forte influência pelo mundo, enquanto mais e mais o espírito ia sendo posto de lado, caindo em profunda sonolência e, figuradamente, o coração nada mais conseguia dizer.

Apoiado em alguns conceitos naturais, veio o liberalismo, enaltecendo as qualidades individuais do ser humano, o direito à propriedade e a conquista da riqueza como prioridade. Vieram logo a seguir as ideias socialistas enaltecendo as qualidades do Estado e seus representantes, como detentores das riquezas para conduzir a vida dos seres humanos a uma condição de bem-estar social nivelando-os para uma existência voltada para o materialismo. O ser humano nasceu livre, as imposições do Estado forte manietam o seu caráter e seus anseios inibindo a essência.

Embora em polos opostos, nos dois sistemas prevalecia a cobiça dos dirigentes pelo poder, empregando a comunicação de massa para o nivelamento dos seres humanos por baixo, levando-os cada vez mais para uma existência puramente material, sem perspectivas amplas voltadas para a essência da vida.

As sinapses, conexões de neurônios, vão se formando a partir da primeira infânciae se desenvolvem continuamente, mas as básicas adquirem força nas vivências da fase inicial do aprendizado imitativo e cognitivo. O declínio geral está ligado à falta de preparo das novas gerações, pois já na primeira infância os cérebros das crianças vão sendo alimentados por imagens negativas de mentira, sexualidade exacerbada, insatisfação, medo, ódio, violência.

A ciência do cérebro deveria estar conectada com a percepção do eu interior, a alma. Apesar dos avanços nas pesquisas, a caixa craniana ainda é uma caixa de enigmas. Falta o reconhecimento do significado da vida; faltam alvos enobrecedores que estabeleçam como prioridade a meta do progresso real da humanidade, espiritual e material, para o benefício de todos, para que os indivíduos alcancem evolução real e sejam felizes. Sem o envolvimento das novas gerações nesse alvo, o futuro se torna incerto e ameaçador.

No século 21, mais do que nunca se evidenciam as obras do raciocínio desconectado das leis espirituais da Criação. Visivelmente o corpo do planeta Terra apresenta os sintomas de terrível doença que agora se manifesta em agitada convulsão.

O dinheiro foi uma grande invenção, mas se mal administrado gera perdição. Os feiticeiros do dinheiro e os maus governantes possibilitaram e eclosão do drama do inaudito crescimento da miséria que se alastra pelo planeta. No mundo econômico a importante variável câmbio exerce poderosa influência nas relações de comércio de importação e exportação entre os povos como também possibilita manobras escusas para ganhos especulativos.

A guerra comercial se reveste de acirrada batalha econômica pelo poder. A crise econômica se alastra. A Argentina abriu o bico demonstrando sua incapacidade de saldar os compromissos financeiros assumidos. Na Venezuela, rica em petróleo, falta tudo e sua população foge apavorada. O cenário econômico mundial tende para o salve-se quem puder.

No Brasil, impera a discórdia, a luta daqueles que tendo colhido muitos benefícios querem manter seus privilégios. As reformas são necessárias. A política de juros elevados e a displicência fiscal criaram esse monstro da dívida que exige mais e mais impostos complicados de administrar. Mas têm de ser examinadas todas as causas que levaram à paradeira e à estagnação da produção industrial, dos empregos e da renda.

O endividamento público atravessa descomunal crescimento, a falta de pagamento já é ameaça; se os juros não baixarem, a bola de neve vai rolar. Os detentores de reservas financeiras não terão mais o acréscimo de juros cujo peso os governos transferem para toda a população.

Há muito dinheiro encalhado, mas falta trabalho. É preciso encontrar a forma de distribuição que não seja as aviltantes bolsas para desempregados. O ser humano requer trabalho para se sentir útil à sociedade. É como no canto de Gonzaguinha: “Seu sonho é sua vida e vida é trabalho. E sem o seu trabalho, o homem não tem honra”.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMO SAIR DO LABIRINTO

Com a estagnação da fiação e tecelagem, a produção de algodão vai para o exterior em estado bruto. O mundo caiu no labirinto da mão de obra barata da Ásia e não sabe mais como sair da enrascada. A classe política, por sua vez, a começar pelas prefeituras, pouco fez para fortalecer o país; algemaram-se às empreiteiras, comprometeram o orçamento e não planejaram para fazer das cidades espaços apropriados para a morada de seres humanos. De Sarney a Dilma o atraso só foi aumentando. Tentaram camuflar a situação com juros e câmbio valorizado, mas afetaram a indústria.

A dívida cresceu. O governo está sem recursos. O desemprego aumenta. Assim como muitos países, o Brasil também está amarrado sem saber como fazer para conduzir o país para uma nova fase com seriedade e progresso real. Nesta época de ociosidade e encalhe de manufaturados no mercado internacional devido à queda na renda, o Brasil, onde falta tudo, tem de encontrar meios de produzir mais e gerar empregos, sem ampliar a dívida.

O dinheiro dos impostos entra nos cofres do governo e some. Os estudantes vão à escola e poucos aprendem. Estamos diante de cenário econômico mundial inédito com a concentração da produção industrial em grandes empresas com coordenação de Estado forte e que começa a afetar as campeãs do livre mercado. Quais as consequências sobre a economia mundial e sobre as vidas dos cidadãos comuns e sua individualidade? Habituados a uma jornada de estudos e trabalho, qual será a possibilidade de evoluírem na escala social?

Com os descuidos no dia a dia, o viver ficou mais difícil. Há uma ansiedade generalizada. Antes mesmo de entender o que o outro está dizendo, muitas pessoas já passam para ataques. No meio de tantas informações tendenciosas é necessário que haja, prontamente para cada falsidade, o rebate, a informação real sobre o que de fato está ocorrendo, para que todas tenham o esclarecimento verídico.

Antes do nascimento do ser humano na Terra a natureza já estava toda adornada de vida pujante para assegurar a sustentabilidade, e a humanidade convivia em harmonia com a natureza e seus entes. Mas com o despertar da vaidade e cobiça, o homem se julgou superior e passou a explorar a natureza de todas as formas, sugando a rica seiva de suas entranhas. A natureza e seus entes reagem ferozmente mostrando a estupidez da ignorância humana. No século 21, os dirigentes poderiam usar clareza e objetividade nos esforços para fazer do planeta Terra um bom lugar para se viver, buscando corrigir os desequilíbrios.

Com a estagnação do desenvolvimento espiritual da humanidade, foi surgindo e se perpetuando a ideia da divisão entre mandantes e submissos, ou seja, os obedientes por imposição que assim se tornaram devido à própria indolência, e não menos pelo uso de coerção pelos mais fortes. Os seres humanos são desiguais em seu desenvolvimento espiritual, estando uns mais à frente do que outros. Isso, porém, não lhes dá o direito de se sobreporem uns aos outros e de não se envergonharem em comprar e vender humanos escravizados, criando-se o mote “manda quem pode….”. Já na educação, desde a infância essa ideia se foi implantando de várias maneiras, pela mente e pelas emoções, ampliando-se pela vida toda, semeando medo, estabelecendo a fragilidade dos vínculos nas relações humanas. A prepotência que ocorre no nível pessoal também ocorre entre os países que adotaram obter ganhos causando perdas a outros.

Estamos diante de cenário inédito na economia com a concentração da produção industrial em grandes empresas sob a coordenação de Estado forte e que começa a afetar as campeãs do livre mercado. Quais as consequências disso para a economia mundial? Essa questão se aplica aos países em geral no tocante à sua autonomia. Estamos caminhando para o Big-brother com comando global unificado sem liberdades?

Enfim, estão se tornando visíveis os desequilíbrios causados pela globalização que privilegiou aqueles que dispunham de mais poder de barganha. Não vai dar para seguir assim, fragilizando e empobrecendo de forma geral. Se o mercado externo se fecha, o que fazer? Cada país terá de seguir com os próprios meios, sem aumentar a dívida, educando as novas gerações, ampliando a produção, criando empregos e ampliando a renda.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7