A LEI DO MOVIMENTO CERTO

A realidade tem grande mobilidade, isto é, nada fica parado, tudo segue a lei do movimento, exigindo adaptação. No pós-guerra, os Estados Unidos consolidaram uma posição hegemônica. A Rússia comunista ingressou numa nova forma de governo com Putin visando aproveitar os recursos existentes através de negociações com os países da Europa e outros, centralizando as finanças do Estado. A China abandonou as teorias comunistas e criou uma grande economia empresarial, o capitalismo de Estado, gerido pelo partido comunista e seus dirigentes com mão de ferro visando obter superávits na balança comercial, acumular grande reserva, aproveitar-se das oportunidades econômicas para ganhos e aumento de influência, e só então começou a desenvolver o seu grande mercado interno.

Enquanto isso, os Estados Unidos permanecem carregando a inchada máquina administrativa, na qual se pendura a classe política voltada para conservar o poder hegemônico e seus privilégios, incapaz de seguir a lei do movimento para manter a agilidade da nação. Ocorre o mesmo na maioria dos países ocidentais, inclusive no Brasil, onde tudo se agrava com a displicência e corrupção generalizada. A China se aproveitou desse vacilo, ampliando a produção e utilizando-se da mão obra disponível, de baixo custo.

O capitalismo de livre mercado está agonizando. Os governos democráticos se encontram engessados pelos demais poderes e pelos lobbies políticos. O comunismo não existe mais, foi substituído por um regime forte e autoritário que a partir das finanças controla tudo, mantendo a população submissa, eliminando qualquer oposição aos detentores do poder. A governança não evoluiu.

Emitir dinheiro para um país com moeda conversível é privilégio que possibilita aquisições valiosas e lucrativas em qualquer região. O Brasil emitiu muito para pagar a dívida externa e cobrir déficits monumentais decorrentes da forma displicente da classe política. Argentina seguiu o mesmo caminho. Venezuela, nem há o que falar. Agora os Estados Unidos querem embarcar na política de emitir para manter a economia girando, mas se não houver produção geradora de ganhos, esse caminho dará no mesmo em que caiu a América Latina: nos déficits. O déficit interno e o externo conduzem os países a um buraco fundo, difícil de sair, mas muitos se habituaram a obter vantagens pessoais com essa política suicida, deixando o país e sua população ao abandono, suportando as consequências.

Essa é a trajetória comum da humanidade, seguida por muitos povos, como egípcios, gregos, romanos, ingleses, alemães, norte-americanos. Ocorre um grande desenvolvimento e expansão, seguido de um comodismo levando ao declínio e ruptura. Os Estados Unidos conseguirão manter o padrão de vida no pós-guerra, ou cederá lugar para a China, ou ambos conseguirão uma coexistência dividindo o poder?

Muitos efeitos negativos decorrem da falta do adequado manejo do dinheiro para o bem geral. Há os grandes controladores do dinheiro, os governos, os empresários, e aqueles que circulam pelo mercado financeiro visando ganhos, cada qual olhando só para o ângulo de seu interesse. As decisões monetárias por si dão um resultado imediato, mas ao longo do tempo a situação real aparece. Sem produção, empregos, renda, e preparo para a vida, tudo se torna paliativo, ilusório, como mostraram as catástrofes econômico-monetárias pela América Latina, Ásia e Europa. Será os Estados Unidos a bola da vez?

Desde 1889, uma casta ruim se manteve no poder no Brasil tirando proveitos, e agora estão irritados com as restrições que estão sentindo com governo voltado para o progresso do país. Tirando ações de Getúlio e Juscelino, e algumas obras dos militares, nada há de bom para apontar nessas gestões fatídicas que levaram o Brasil à beira do abismo.

Cientistas sinceros alertam, mas poucas pessoas querem ver. Os problemas gerais estão em todos os lados, seja no Rio de Janeiro, na África, ou qualquer outro lugar. Em vez de ficar inquietando, a imprensa, os cientistas e os congressistas deveriam pesquisar as causas da decadência geral e propor soluções para humanizar a vida.

Isso sempre acontece porque a humanidade não buscou desenvolver uma existência compatível com as leis da Criação, querendo ela mesma estabelecer as leis da vida, sem quer reconhecer que esse caminho tem sido funesto e provocado muitos desequilíbrios onde tudo deveria funcionar de forma engrenada, impulsionando o progresso, prosseguindo no movimento certo de forma consciente, em continuada evolução.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

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