REDES SOCIAIS E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A dominação tem existido há milênios devido, principalmente, à indolência do espírito, pois o espírito desperto e ativo, que utiliza a oportunidade que a vida lhe dá, teria lucidez e saberia o que lhe é útil, não se deixando prender nas armadilhas utilizadas pelos astutos para beneficio próprio.

As redes sociais parecem estar incomodando pelas oportunidades que criam de divulgar e aglutinar ideias, mas é preciso serenidade e bom senso. Por longo período prevaleceu o domínio do raciocínio e a indolência do espírito, mas sob a nova pressão tudo tem de se mostrar para que se julgue. Vivemos novos tempos. Conhecereis a Luz da Verdade e ela vos libertará.

Os chamados reformadores do mundo querem antes de tudo, um mundo onde possam exercer livremente seu despotismo e cobiça de riqueza e poder. Todos eles têm em comum serem contra a Luz da Verdade, trazida uma vez por Jesus para que o espírito humano não perdesse a sua liberdade e afundasse nas trevas dos erros do querer egoístico. (Vide Mensagem do Graal, de Abdruschin)

George Soros afirma que o comportamento monopolista de Google e Facebook cria problemas graves para a sociedade. Ele chama a atenção para a influência que essas empresas exercem sobre as pessoas sem que a maioria se dê conta disso e destaca os riscos de uma aliança entre as gigantes de tecnologia e governos autoritários.

Veja a seguir o artigo de George Soros publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo e que está sendo reproduzido neste site dada a sua importância em nossos dias em que as redes sociais criaram uma nova oportunidade para as pessoas manifestarem os seus anseios e inquietações, desvinculando-se do poder autoritário até então dominante e dirigente.

 

REDES SOCIAIS SÃO UMA AMEAÇA À LIBERDADE

Por: George Soros*

O momento atual da história é doloroso. As sociedades abertas estão em crise e diversas formas de ditadura e Estados mafiosos, exemplificados pela Rússia de Vladimir Putin. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump gostaria de fundar o seu próprio Estado em estilo mafioso, mas não pode fazê-lo porque a Constituição, as instituições e uma sociedade civil vibrante não permitem.

Não é apenas a sobrevivência da sociedade aberta que está em questão; a sobrevivência de toda nossa civilização está em jogo. A ascensão de líderes como Kim Jong-un, na Coreia do Norte, e Trump, nos EUA, tem muito a ver com isso. Ambos parecem dispostos a arriscar uma guerra nuclear a fim de se manterem no poder.

As causas reais, porém, são mais profundas. A capacidade da humanidade de exercer controle sobre a natureza, tanto para fins construtivos quanto destrutivos, continua a crescer, enquanto nossa capacidade de nos autogovernarmos flutua – no momento, está em baixa.

A ascensão e o comportamento monopolista das gigantescas companhias americanas de internet estão contribuindo fortemente para a impotência do governo dos EUA. Em muitos casos, essas empresas tiveram papel inovador e libertador. Mas, quando Facebook e Google expandiram seu poder, ambos se tornaram obstáculos à inovação e causaram diversos problemas dos quais apenas começamos a nos conscientizar.

Empresas obtêm lucros ao explorar seus ambientes. Mineradoras e petroleiras exploram o ambiente físico; empresas de rede social exploram o ambiente social. Isso é particularmente nefasto porque elas influenciam o modo como as pessoas pensam e se comportam sem que estas estejam cientes disso, o que interfere no funcionamento da democracia e na integridade das eleições.

Como as empresas que operam plataformas de internet são redes, elas auferem retornos marginais crescentes, o que explica seu crescimento fenomenal. O efeito de rede é verdadeiramente inédito e transformador, mas também insustentável. O Facebook precisou de oito anos e meio para atingir 1 bilhão de usuários – e metade desse tempo para chegar ao segundo bilhão. Se esse ritmo for mantido, dentro de menos de três anos, o Facebook já não terá pessoas a converter no planeta.

Negócios

Na prática, Facebook e Google controlam metade da receita da publicidade digital. Para manter seu domínio, precisam expandir suas redes e aumentar a proporção de atenção que os usuários lhes destinam. No momento, fazem isso pela oferta de plataformas convenientes. Quanto mais tempo o usuário dedica à plataforma, mais valioso se torna para a companhia.

Além disso, como provedores de conteúdo não têm como evitar essas plataformas e se veem forçados a aceitar os termos que lhes são oferecidos, eles também contribuem para os lucros das empresas de mídia social. A excepcional rentabilidade dessas empresas decorre, em larga medida, de sua omissão diante da responsabilidade – e do pagamento – pelo conteúdo.

As empresas dizem que só distribuem informação. Mas o fato de que sejam distribuidoras quase monopolistas as transforma em serviço de utilidade pública, o que deveria sujeitá-las a regulamentação mais severa, com o objetivo de preservar a competição, a inovação e o acesso livre e equitativo.

Os verdadeiros clientes das companhias de mídia social são os anunciantes. Mas está emergindo um novo modelo de negócio, baseado não só na publicidade mas também na venda direta de produtos e serviços. As empresas exploram os dados que controlam, criam pacotes com os serviços que oferecem e manipulam preços, de modo a dividir com os consumidores uma parte menor dos lucros. Essas práticas ampliam ainda mais sua rentabilidade, mas solapam a eficiência da economia de mercado.

As companhias de mídia social enganam seus usuários ao manipular sua atenção, direcionando-a a seus propósitos comerciais, e engendrar mecanismos para aumentar a dependência de seus serviços. Isso pode ser muito prejudicial, sobretudo para adolescentes.

Existe uma semelhança entre as plataformas de internet e as empresas de jogos de azar. Os cassinos criaram técnicas para levar seus clientes a gastar todo o dinheiro que têm e até o que não têm.

Algo parecido – e potencialmente irreversível – está acontecendo com a atenção humana. Não é uma simples questão de distração ou vício; as redes sociais estão induzindo as pessoas a abrir mão de sua autonomia. E esse poder de moldar a atenção das pessoas está cada vez mais concentrado nas mãos de poucas empresas.

É preciso empreender um esforço significativo para fazer valer e defender aquilo que John Stuart Mill definiu como “liberdade de espírito”. Uma vez perdida, aqueles que crescem na era digital poderão ter dificuldade de recuperá-la.

Isso pode ter consequências políticas graves. Pessoas que não exerçam a liberdade de pensamento serão facilmente manipuladas. Não se trata de ameaça para o futuro; basta olhar a eleição presidencial norte-americana de 2016.

*George Soros é presidente da Soros Fund Management e da Open Society Foundations

Leia o artigo na íntegra em:
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/03/redes-sociais-sao-uma-ameaca-a-liberdade-afirma-george-soros.shtml

Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” ,“A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *