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O QUE PENSAM OS CANDIDATOS

A inflação tem causado danos e é explicada como sendo o aumento contínuo dos preços. Alguns economistas (como os da Escola Austríaca) preferem defini-la como sendo a consequência de um aumento no suprimento de dinheiro (expansão monetária) e isso acontece quando o governo emite dinheiro para atender a seus compromissos sempre crescentes. Ou o governo toma dinheiro no mercado financeiro para pagar seus compromissos e constitui dívida soberana, ou os bancos criam dinheiro através do crédito fracionado, isto é, os depósitos dos clientes são multiplicados para conceder empréstimos. Com frequência, as pessoas têm a percepção de que o dinheiro está perdendo valor e os preços subindo.

Analisando os números das contas públicas do Brasil, o economista Clovis Panzarini já afirmava em 2016 que “Por longo período, a voracidade da despesa foi alimentada por sucessivos aumentos da carga tributária e pela contratação de novos empréstimos. Como resultado, a carga tributária equivale a 35% do PIB e a trajetória da relação dívida/PIB aponta para uma situação insustentável, já alcançando 67,5%.”

A classe política acha que o Estado são eles e jamais se perguntam o que têm feito de bom para o país e sua população. Se perguntassem, teriam de ver o horror de sua atuação. Em 2018, a dívida bruta está se aproximando dos R$5 trilhões, correspondendo a 75% do PIB. Não dá para elevar mais a carga tributária, mas a classe política continua fantasiando enquanto o país foi sofrendo perdas na indústria e no preparo das novas gerações e se encontra em rota visivelmente decadente.

Há muita discussão e pouca compreensão do que se passa no Brasil e no mundo. Expandir o consumo com o aumento de importados e crédito sempre cria problemas, pois, com isso, se transfere para fora a produção e empregos com consequências sobre a capacitação da mão de obra. O PIB tende a estagnar. Com a automação em andamento, a situação dos empregos tende a piorar. Para que haja consumo é preciso ter renda. Isso está se passando no Brasil e também nos EUA com déficit comercial de longa data, apesar de terem o dólar. O Brasil tem permanecido atrasado na educação e na melhora da renda.

Os acordos comerciais são essenciais, mas têm de produzir melhoras no nível técnico e produtividade, sem acarretar déficits e endividamento. As redes de varejão, oferecendo produtos de segunda linha, demonstram que elas vêm ao encontro de consumidores que estão perdendo poder aquisitivo. O que os candidatos propõem para corrigir as distorções que atrasam o Brasil?

O crescimento do PIB da China continua atingindo as previsões, ensejando a melhoras nas condições gerais de vida, mas surgirão incertezas caso haja recrudescimento da guerra comercial. Em vista disso, surgem diversas comparações entre o imobilismo econômico do Ocidente e as arrojadas transformações postas em prática na Ásia, visando uma ordem econômica calcada no aumento de produção e redução de custos para atender o mercado externo, e oferecendo melhoras ao vasto contingente de trabalhadores empregados.

A economia mundial vive um momento de inquietude. Após o término da guerra fria, o livre mercado seguiu a tendência de maximizar os ganhos enquanto surgia o capitalismo de estado visando grandes quantidades para baixar os preços. No embate, a produção industrial do livre mercado perdeu terreno reduzindo as oportunidades e a qualidade dos empregos. É preciso resolver essa dramática questão dando oportunidades aos talentos das novas gerações de forma produtiva e enobrecedora. Então, o que poderia fazer o Ocidente? Alguns teóricos chegam a sugerir o caminho extremo de unificar o comando como meio para obter melhores resultados na economia e na preservação do meio ambiente.

Frequentemente ouve-se falar em governo mundial. Como ele seria? O que se dizia a boca pequena começa a se alargar. Com quase oito bilhões de habitantes, tendendo a crescer 30%, as dificuldades de controle geral aumentam. Muitos estudiosos julgam que terá de ser imposta uma disciplina rígida sobre o comportamento das pessoas, o que significaria a perda da liberdade de decidir sobre a própria vida. Mas, sob o uso da força física e psicológica, a sociedade humana sempre será como estopim aceso prestes a explodir. Sem o desenvolvimento da verdadeira consciência humana, a decadência é inevitável.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

BRASIL EM TEMPO DE ELEIÇÕES

No século 20, o Brasil permaneceu estagnado até a tomada do poder por Getúlio Vargas. Açodado por movimentos socialistas, o poder foi absorvido pelos militares. Tendo caído no endividamento externo, entrou na espiral inflacionária, debelada com facilitação dos importados, sem que seus líderes, em disputa pelo poder, percebessem que o país estava perdendo as bases na indústria e na educação. Os demagogos no poder relaxaram as contas para fins eleitorais, e estamos de volta ao estágio de fornecedor de produtos primários para o mundo.

Para alcançar feitos duradouros, a governança não pode permanecer no imediatismo, desprezando a espiritualidade, pois sem ela todas as realizações são efêmeras. A humanidade ganhou tudo que a Internet oferece, mas perdeu a ancestralidade ao se tornar alienada sobre o significado da vida como se fosse composta por robôs. O desenvolvimento humano tem de ser contínuo; é a lei natural do movimento. A casta dirigente tem sido mesmo uma lástima, pois só pensa nos interesses próprios. Não examina o significado da vida; não se comove com o sofrimento da população; não busca soluções que promovam a melhora da qualidade humana e de vida. Em meio às más notícias, vão criando desesperança em relação ao futuro.

Há duzentos anos, as elites ocidentais vêm se impondo ao mundo, após duas trágicas guerras mundiais. Com o fim da guerra fria, com sua grande participação no PIB mundial e o triunfalismo financeiro em um mundo endividado, essas elites se julgaram donas da situação e acabaram perdendo a visão das tendências. A Ásia passou a modificar o estilo despótico de governança introduzindo, como alvo, a busca por resultado econômico e, dessa forma, sua população se agarrou à possibilidade de sair da secular situação de miséria.

Em 2001, o mundo compartilhou a dor americana na tragédia do WTC; nesse mesmo ano, a China passou a integrar oficialmente a Organização Internacional do Comércio, a OMC. Em seu livro A queda do Ocidente? Uma provocação, o professor Kishore Mahbubani, da Universidade de Singapura, diz que isso representou a entrada de quase um milhão de trabalhadores no sistema comercial global, o que resultaria numa destruição criativa maciça e na perda de muitos postos de trabalho no Ocidente, o que acarretaria declínio de salários reais, redução na participação no PIB e aumento da desigualdade. As elites não se deram conta desse processo transformador da Ásia.

No Brasil, enfrentamos algumas questões dramáticas: na educação das novas gerações, nas deficitárias contas internas e externas, na desindustrialização e desemprego em nível elevado. Agora vem a nova guerra econômica desencadeada pela política do presidente Trump e a complexa situação econômica de um país que em 2017 teve déficit comercial de 566 bilhões de dólares e que deve 21 trilhões, algo que deve estar pesando nas decisões, mesmo de um país emissor da moeda global. Todavia, esse é um problema que se vem arrastando há décadas e que afetava países dependentes como o Brasil, sempre de pires mão e joelhos vergados na procura de dólares no mercado financeiro.

Escondido até o ano de 1500, o Brasil permaneceu 500 anos como tributário aos poderosos interesses externos. É preciso pôr um fim na corrupção dos vendilhões da pátria. Chega de lixo e muros pichados. Necessitamos de ação integrada para o bem do Brasil. Falta o desenvolvimento dos atributos humanos: generosidade, lealdade, consideração, seriedade, bom senso, clareza no pensar. Falta acabar com o despotismo da casta governante.

O século 21 requer o empenho no preparo da população para levar a vida com toda a seriedade. Os países da América do Sul precisam ser governados com foco na melhora geral, como vem fazendo China, Índia e Filipinas. Enfrentamos problemas no preparo das novas gerações; no displicente controle das contas internas e externas; na estagnação na indústria e no nível de empregos que reduz consumo até de essenciais. O poder governamental deve ser entregue em mãos competentes que visem o bem, caso contrário o futuro será caótico para o Brasil que tinha tudo para viver evoluindo em paz sob a Luz da Verdade. É sobre essas questões vitais que gostaríamos de saber o que os candidatos têm a dizer.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7