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EGOCENTRISMO

Qual é a origem do egoísmo? O egoísta tem uma superavaliação sobre si mesmo. Os egoístas se deixam dominar pelas fraquezas humanas e as baixezas que incitam a vaidade, a inveja, a cobiça, a desconfiança, a avareza. Pessoas egocêntricas jamais admitem que erraram; falta-lhes a humildade e sempre ressaltam as suas qualidades e seus grandes feitos. Nelas o egoísmo domina cada ação, incluindo o que pensam e o que falam.

O egoísmo surge na mente e se transforma em atitude dominante quando o ser humano deixa de ouvir a voz interior, a intuição, a fala do espírito, a sua essência, e se deixa conduzir pelos pensamentos e sentimentos que o induz a erros, enquanto a pura intuição não falha, e sem a participação dela, as ações têm sempre um toque claro ou oculto do egoísmo visando vantagens e benefício próprio.

O ser humano “egocêntrico” apresenta uma supervalorização do ego, de si mesmo. Ele geralmente olha apenas para seus objetivos e interesses como a única coisa que importa, e considera a própria opinião como superior à dos demais. Esse tipo de comportamento é profundamente prejudicial para ele mesmo, além de afetar a todos que fazem parte do seu círculo social. A palavra vem do latim e significa ego (eu) centrum (o centro de tudo), ou seja, com arrogância, o indivíduo se sente como o principal ser humano do universo.

Pensando apenas em si mesmo e no que lhe convém, não considerando ninguém como amigo de fato, apenas bajula as pessoas que acha que lhe podem ser úteis. O egocêntrico é uma pessoa que não ouve mais a voz interior, sempre exaltando a sua personalidade como única forma de agir, e está sempre se gabando para atrair a atenção dos demais. No íntimo, é um insatisfeito que raramente sente a grande alegria da vida e a gratidão por ela.

Através do egoísmo o cérebro e seu produto, o raciocínio, atraem os pensamentos de igual espécie, e o ser humano vai se tornando impiedoso e cada vez pior. Há os atos impulsivos, mas também os calculados friamente para atingir um objetivo egoístico. O egoísmo se tem tornado a base para as ações dos seres humanos, semeando discórdias, opondo-se ao amor desinteressado que observamos na generosa natureza, ou na mãe na defesa de seus filhos.

Em oposição, o ser humano é dotado de consciência, motivação, propósitos enobrecedores, tudo coordenado pelo seu querer e força de vontade. Se estiver voltado para o bem geral, livre do egocentrismo, suas ações produzirão ricos frutos, terá paz, serenidade e alegria espontânea de viver e trabalhar.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

PROCURAR E ACHAR O CAMINHO

No recrudescimento das crises ideológicas e religiosas, e em meio à complicada situação financeira mundial, com tendência de redução da atividade econômica e avanço da guerra comercial, rompem-se acordos de não-proliferação de mísseis nucleares. Dois aspectos a serem examinados nesta fase em que o planeta abusado mostra a reação da natureza: o descontentamento com medidas que se opõem à ilimitada abertura das fronteiras para o comércio global e a queda da atividade econômica, por vezes reerguida no passado com conflitos bélicos. O que se passa na cabeça da população e dos mentores das grandes decisões que afetam a humanidade? Qual o alvo?

O mais lamentável na espécie humana é a sua displicência e comodismo. A questão da água é seríssima, assim como o tratamento do lixo e dos dejetos humanos. O ciclo da água é perfeito. Nascentes, rios, solo, florestas, sol, chuvas, tudo interligado, até que o homem passou a interferir arbitrariamente sem observar como a natureza funciona. O resultado está aí na nossa frente: rios mortos e mares poluídos. Nas últimas cinco décadas, a poluição dos mananciais reduziu as reservas hídricas mundiais em um terço.

Neste mundo, que se afastou do humanismo e das leis da Criação, todos os seres humanos têm de prosseguir, ir além, perceber o dom da vida. O problema está na falta de reconhecimento de que, como seres humanos, a educação e o cuidado com os filhos têm de estar em nível superior ao do instinto dos animais para formar uma geração forte que anseia pela evolução espiritual.

Há uma fábula que narra a saga de uma civilização formada por espíritos cujo anseio de se tornarem fortes e conscientes foi atendido pelo Mestre Universal. Receberam uma região com todo o necessário ao progresso pacífico, mas não respeitaram as leis da natureza, nem seguiram a vocação natural do espírito de beneficiar e embelezar a região recebida em paz, e buscar o caminho de volta à sua origem. Assim, com a força de seu raciocínio acorrentado ao materialismo, se apegaram às coisas materiais simbolizadas no bezerro de ouro.

Com seu baixo propósito, foram semeando o caos, a desordem e a violência. Ao ver isso, o Mestre os deserdou, os advertiu e os encaminhou para uma região distante, sem acesso, onde permaneceriam juntos, todos os de má índole, até que reconhecessem sua baixeza para poderem se elevar. Teriam de procurar a Luz da Verdade para reencontrar o caminho perdido. O Mestre, então, cedeu aquela região a outros espíritos, mas eis que uma parte desses também foi decaindo e o fizeram de forma tão ignóbil que acabaram abrindo uma passagem para a região dos deserdados, que vendo essa oportunidade, correram em massa ao local que habitaram outrora.

Não tardou para se instalar o caos geral, desta feita mais violentamente ainda, causando danos até aos de boa vontade e de nobres propósitos. O Mestre, então, percebeu que tinha de organizar uma campanha de limpeza do ambiente para extirpar definitivamente os de má índole, pois não mereciam mais o presente ofertado. Assim é a lei da vida: os perturbadores têm de ser separados daqueles que querem evoluir em paz e com vontade direcionada para o bem geral.

No Brasil, a situação já estava difícil, mas com a sucessão do PSDB pelo PT ficou ainda pior. Hoje penamos a miséria aumentada com máquinas paradas, desemprego e uma dívida absurdamente elevada. Sempre houve obstáculos para a produção de manufaturas, mas mesmo assim, conseguíamos exportar vários itens. Nesse ínterim, o parque industrial, que engatinhava, perdeu o vigor.

Precisamos de mudanças que permitam aumentar a produção, os empregos e sua qualidade para intensificar a atividade econômica do Brasil. O capital humano é de suma importância, mas cada indivíduo tem de se compenetrar de sua responsabilidade e receber bom preparo para vida, tornando-se eterno aprendiz.

Há uma suposição de que as redes sociais provocaram reações, mas a causa é outra. Os brasileiros estão tomando consciência de que o país vem sendo conduzido para o abismo na educação, nas finanças, na desindustrialização e falta de empregos. Apesar dos recursos naturais disponíveis, a precarização geral avança. É um “basta” o reflexo do anseio pelo retorno à seriedade e melhora geral.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

ALMA: A ESSÊNCIA DO SER HUMANO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

A frieza do mundo em 2029 é o cenário do filme Vigilante do Amanhã (Ghost in Sell). Na trama, Cutter (Peter Ferdinando) é o poderoso CEO da Hanka Corporation que quer construir uma arma letal, transplantando o cérebro humano para resistentes corpos manufaturados, mas que não tenham alma. Ele quer criar seres que sejam frios, sem coração e obedientes, sem nunca questionar sua autoridade. Cutter discorda do método da Dra. Ouelet (Juliette Binoche), que permite que a consciência da Major Mira Killian (Scarlett Johansson), uma das pessoas transplantadas, não seja apagada de todo. Cutter queria que suas criaturas agissem como máquinas sem capacidade de refletir, mas Aramaki (Takeshi Kitano), o coordenador da segurança, revela sabedoria e comanda Mira no combate ao crime, dando a ela um tratamento humano, o que também desagrada ao diretor da companhia.

A alma dá vida ao corpo, mas com o trabalho do cérebro pré-programado, entra em dormência, não consegue se manifestar e deixa de ser ouvida. Quantos seres humanos não se encontram nessa situação? Observando atentamente, o filme leva ao debate sobre a dicotomia entre cérebro e coração. Cutter não quer que o coração se manifeste, pois isso leva as pessoas a refletir sobre a existência e o significado da vida. Mas como grande parte das obras da atualidade, o filme também trata superficialmente essa questão prioritária – a da formação de uma civilização humana evoluída, sem o descaramento para obter lucros de qualquer forma, com o mínimo esforço e falta de respeito pelos demais. O descaso se amplia e as pessoas vão sendo coisificadas sem se darem conta disso.

Mira ansiava por ser ela mesma, não uma máquina. Queria olhar os acontecimentos e discernir por si; ter conexão com o eu interior. Não queria ser conduzida pelos comandos e estímulos externos recebidos pelo cérebro sem permitir que o eu interior, a alma, se manifestasse. No mundo real, o fisiologista russo Ivan Pavlov descobriu a influência do condicionamento (reflexo condicionado) no comportamento dos seres humanos que facilmente vão se acomodando, bloqueando a conexão com o eu interior, se tornando produtos de massa, dóceis e manipulados porque pensam pouco por si mesmos. Todos vão ficando parecidos uns com os outros, agindo de forma semelhante, enquanto as características individuais desaparecem.

Atualmente, com o modo de vida vazia de sentido, muitas pessoas parecem estar perdidas, sem foco, sem visão da vida real. Sem possuir uma vontade forte, se deixam arrastar por um sistema de comunicação doentio, que trava a consciência promovendo a falta de clareza e incapacitação para refletir por si, canalizando as energias para o supérfluo. No passado, muitos seres humanos, apesar da pouca escolaridade, tinham contato com a vida real e sua sabedoria, pois com a faculdade de ouvir a própria intuição, tinham clareza e agiam com bom senso. Então vem a pergunta: o que é o ser humano? É o espírito, guarnecido pela alma encapsulada no corpo terreno (ghost in shell) e que preexistia há milênios, tendo, através da reencarnação, a nova possibilidade de permanecer por mais um novo período no grande ponto de transição que é a Terra, de onde poderá desembaraçar-se das trevas dos erros humanos, reencontrar-se consigo mesmo e com o perdido caminho da iluminação, para não ficar vagando a esmo pelos séculos como alma presa aos pendores que o agrilhoam ao mundo material.

Na ficção, Mira é perseguida por Cutter que, preocupado com o sucesso de seu projeto, quer destruí-la antes que ela consiga recuperar a consciência humana. Na vida real, os seres humanos também têm de lutar para recuperar a consciência própria para despertarem novamente e não serem apenas simples teleguiados sem vida própria.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”; “2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” e “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7