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HIPOCRISIA E FALSIDADE GLOBAL

Um sentimento de desapontamento começa a se expandir de forma incontida, gerando revoltas, mas ainda estamos longe da busca efetiva de melhora das condições gerais de vida e do aprimoramento da decaída espécie humana. A América Latina ainda sofre o efeito Pizarro, o conquistador que sufocou a civilização Inca com sua cobiça por ouro. Esse acontecimento norteou, explicitamente, por longo período, as intervenções na região, onde a prioridade era a pilhagem dos recursos naturais, enviando-os para o exterior, sem que resultasse em melhora nas condições de vida da população que acabou se acomodando aos ditames dos políticos demagogos, não raro subservientes a interesses externos.

Nesta Terra desolada e cercada de asperezas, uma sensação de tristeza invade os corações. Falta um sentido elevado para a vida e a espontânea alegria de viver. As massas estão confusas, envolvidas por um sentimento de frustração diante das crescentes dificuldades e da enxurrada de informações contraditórias. Na indolência, a força de vontade de buscar a Luz da Verdade sobre o significado da vida é fraca. O perigo é se deixar influenciar pelos oportunistas mal-intencionados que se aproveitam disso para implantar o caos para que a humanidade se perca nas brumas do descontentamento, sem um olhar sincero de gratidão para o Alto pelo dom da vida. Hoje, na Terra, nos ambientes de trabalho em geral, há falta da coesão e do pensamento homogêneo, todos juntos seguindo na direção do progresso com propósitos nobres e edificantes.

Uma característica que encontramos com frequência é a hipocrisia, o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa, na verdade, não possui, mas quer que os outros pensem que estão tratando com uma pessoa honesta, que exige que os outros tenham uma conduta correta, a qual no íntimo desdenha, e que ocultamente deixa de adotar. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, ambos significando a representação de um ator e seu fingimento na interpretação de um papel. Atualmente, essa palavra designa pessoas que se comportam de forma enganosa e falsa para atingir seus fins.

Como o dinamismo da economia brasileira poderá ser despertado após longo período de gestão monetária e cambial contrária aos interesses do país? Qual é a verdade sobre a alta do dólar? Guerra comercial? Ameaça de recessão global? Déficit na balança de pagamentos? Se o Brasil não produz dólar, como mantê-lo barato? Durante décadas atraímos o dólar oportunista que vinha pelos juros mais altos do mundo, e pelas jogadas especulativas na Bolsa e no câmbio. A consequência foi a elevação da dívida e a estagnação da indústria. O dólar se tornou um fator geopolítico financeiro.

Os países se estruturaram para serem deficitários e cobrir seus déficits com financiamento, e tudo foi se tornando sem base, agravando-se com a corrupção. O dinheiro e os bens em geral não representam um mal em si; o mal está na cobiça que se instalou entre os humanos no “vale tudo” para acumular dinheiro. Enquanto isso, o drama do desequilíbrio econômico, financeiro, cambial e social domina o planeta, ampliando a desigualdade, precarização geral, destruição da natureza e o baixo nível educacional.

O governo está deixando o câmbio flutuar mais livremente utilizando a reserva internacional. Quais serão as consequências da alta do dólar para o Brasil e o mundo? Países como o Brasil deveriam cuidar de seu povo e de sua economia, mas a dependência de dólares travou tudo e seus governantes não souberam como deveriam ter agido. A dependência de financiamento externo se tornou a grande armadilha para os países dependentes que se acomodaram com paliativos e juros elevados. O mercado financeiro global é implacável. Se a economia não for estruturada de forma equilibrada, o caos se alastrará.

A questão do dólar já era complicada no tempo do acordo de Bretton Woods. Com a ruptura, o governo americano perdeu o controle da moeda global da qual a maioria dos países se tornou dependente. Déficits, valorização do câmbio ou sua desvalorização se tornaram os fantasmas de muitos governantes. No Brasil a baixa dos juros pode estar afetando a cotação do dólar, mas, além disso, será que há outros fatores desconhecidos pelo público em geral? O país tem de ultrapassar essa ameaça com realismo.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A RECESSÃO TEM DE SER REVERTIDA

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Lamentavelmente o desenvolvimento do Brasil vem sendo detonado e não é de hoje. Começou nas áreas de educação, saúde e dependência financeira. Avançou pelo consumo de drogas, alcoolismo, e outros vícios que enfraquecem as novas gerações no período áureo da adolescência, comprometendo o futuro. A indústria também tem sido prejudicada pelos efeitos negativos desde os empreendimentos pioneiros de Mauá. Há muitas coisas para serem modificadas para que o país possa ter um futuro melhor. Seriedade e responsabilidade são indispensáveis.

Atraso e corrupção estão presentes em quase tudo que é feito. A destruição ocorre por todas as regiões, ao lado do aumento da ignorância. Esta parte do continente americano vai consolidando a decadência como normal, mas isso está errado, pois o certo seria a evolução humana. Uma civilização evoluída não teria esse descaramento para obter lucros com o mínimo esforço e falta de respeito pelas demais espécies. O descaso se amplia e as pessoas também vão sendo coisificadas.

Vem de longa data a cultura de “Zé Carioca” personagem fictício criado pelos estúdios Walt Disney no começo da década de 1940 como o típico malandro, sempre escapando com o “jeitinho” astucioso. Basta observar os humoristas, sempre insinuando a malandragem como forma de sobreviver no país que tardou em promulgar a lei áurea, e quando o fez, não teve a competência de elaborar de um plano geral de integração. No Brasil os “gatos grandes” não se incomodam com os “ratos pequenos”, e quem pode mete a mão sem preconceitos nos cofres do Estado recheados com o dinheiro recolhido da população. Faltam seriedade e bons exemplos.

O grande problema não está na economia, mas nos homens. Para que nasce o ser humano? Através da existência terrena o espírito tem a oportunidade de se fortalecer e evoluir, e dar a sua contribuição para a elevação das condições existentes na Terra no sentido do embelezamento e enobrecimento.

A economia brasileira está recessiva há três anos. Isso precisa ser revertido, pois se continuar assim corremos o risco de regredir ao estágio de produtor de commodities. No entanto, entre 2016 e 2017 terá ocorrido uma sobrecarga de juros de aproximadamente R$ 1 trilhão sobre a dívida. Isso vai pesar como ocorreu nos anos 1980 em que o Estado ficou amarrado, sem condições de dar estímulos para investimentos em infraestrutura, pois o setor privado não tem conseguido dar impulso, enquanto os gastos governamentais sempre apresentam vícios sem atentar para o que seja essencial e prioritário.

A complexa estruturação dos Estados foge da naturalidade das leis da Criação. O Estado deveria se pautar pelo equilíbrio nas contas internas e externas. Governos desatentos deixaram a situação rolar com juros compostos. Estatísticas revelam que a dívida pública global alcançou o nível de 325% do PIB mundial, correspondendo a US$ 215 trilhões. Juros, câmbio e déficits formam o tripé que promove riqueza para uns e dívidas para muitos.

O mundo vive um delicado momento. A corrupção e o barbarismo estão se esparramando e se fazem notar em acontecimentos trágicos e tristes em várias partes do mundo, testemunhando o embrutecimento do ser humano afastado da espiritualidade. Além disso, ocorrem as catástrofes da natureza, querendo transmitir a mensagem de que a humanidade abusou do tempo e da responsabilidade, e não se esforçou para construir um mundo efetivamente humano, livre das misérias e sofrimentos.

Com relação às incertezas do futuro do mercado de trabalho, Martin Boehm, reitor da IE Business Schooll, falou sobre a predominância do ensino teórico em prejuízo do foco nos comportamentos mentais. “O melhor é ensinar os alunos a serem essencialmente humanos e a terem uma visão holística do mundo.” Atualmente, com o modo de vida vazia de sentido, muitos seres humanos parecem estar perdidos, sem foco, sem visão da vida real. No passado, as pessoas, apesar de pouca escolaridade, tinham contato com a vida real e sua sabedoria, pois com a faculdade de ouvir a própria intuição, tinham clareza e agiam com bom senso. Os seres humanos têm de se esforçar para recuperar a consciência própria para despertarem novamente para a vida e não serem apenas simples teleguiados.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7