Posts

COMO SAIR DO LABIRINTO

Com a estagnação da fiação e tecelagem, a produção de algodão vai para o exterior em estado bruto. O mundo caiu no labirinto da mão de obra barata da Ásia e não sabe mais como sair da enrascada. A classe política, por sua vez, a começar pelas prefeituras, pouco fez para fortalecer o país; algemaram-se às empreiteiras, comprometeram o orçamento e não planejaram para fazer das cidades espaços apropriados para a morada de seres humanos. De Sarney a Dilma o atraso só foi aumentando. Tentaram camuflar a situação com juros e câmbio valorizado, mas afetaram a indústria.

A dívida cresceu. O governo está sem recursos. O desemprego aumenta. Assim como muitos países, o Brasil também está amarrado sem saber como fazer para conduzir o país para uma nova fase com seriedade e progresso real. Nesta época de ociosidade e encalhe de manufaturados no mercado internacional devido à queda na renda, o Brasil, onde falta tudo, tem de encontrar meios de produzir mais e gerar empregos, sem ampliar a dívida.

O dinheiro dos impostos entra nos cofres do governo e some. Os estudantes vão à escola e poucos aprendem. Estamos diante de cenário econômico mundial inédito com a concentração da produção industrial em grandes empresas com coordenação de Estado forte e que começa a afetar as campeãs do livre mercado. Quais as consequências sobre a economia mundial e sobre as vidas dos cidadãos comuns e sua individualidade? Habituados a uma jornada de estudos e trabalho, qual será a possibilidade de evoluírem na escala social?

Com os descuidos no dia a dia, o viver ficou mais difícil. Há uma ansiedade generalizada. Antes mesmo de entender o que o outro está dizendo, muitas pessoas já passam para ataques. No meio de tantas informações tendenciosas é necessário que haja, prontamente para cada falsidade, o rebate, a informação real sobre o que de fato está ocorrendo, para que todas tenham o esclarecimento verídico.

Antes do nascimento do ser humano na Terra a natureza já estava toda adornada de vida pujante para assegurar a sustentabilidade, e a humanidade convivia em harmonia com a natureza e seus entes. Mas com o despertar da vaidade e cobiça, o homem se julgou superior e passou a explorar a natureza de todas as formas, sugando a rica seiva de suas entranhas. A natureza e seus entes reagem ferozmente mostrando a estupidez da ignorância humana. No século 21, os dirigentes poderiam usar clareza e objetividade nos esforços para fazer do planeta Terra um bom lugar para se viver, buscando corrigir os desequilíbrios.

Com a estagnação do desenvolvimento espiritual da humanidade, foi surgindo e se perpetuando a ideia da divisão entre mandantes e submissos, ou seja, os obedientes por imposição que assim se tornaram devido à própria indolência, e não menos pelo uso de coerção pelos mais fortes. Os seres humanos são desiguais em seu desenvolvimento espiritual, estando uns mais à frente do que outros. Isso, porém, não lhes dá o direito de se sobreporem uns aos outros e de não se envergonharem em comprar e vender humanos escravizados, criando-se o mote “manda quem pode….”. Já na educação, desde a infância essa ideia se foi implantando de várias maneiras, pela mente e pelas emoções, ampliando-se pela vida toda, semeando medo, estabelecendo a fragilidade dos vínculos nas relações humanas. A prepotência que ocorre no nível pessoal também ocorre entre os países que adotaram obter ganhos causando perdas a outros.

Estamos diante de cenário inédito na economia com a concentração da produção industrial em grandes empresas sob a coordenação de Estado forte e que começa a afetar as campeãs do livre mercado. Quais as consequências disso para a economia mundial? Essa questão se aplica aos países em geral no tocante à sua autonomia. Estamos caminhando para o Big-brother com comando global unificado sem liberdades?

Enfim, estão se tornando visíveis os desequilíbrios causados pela globalização que privilegiou aqueles que dispunham de mais poder de barganha. Não vai dar para seguir assim, fragilizando e empobrecendo de forma geral. Se o mercado externo se fecha, o que fazer? Cada país terá de seguir com os próprios meios, sem aumentar a dívida, educando as novas gerações, ampliando a produção, criando empregos e ampliando a renda.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

CONTRIBUIR PARA O BEM GERAL

É através do dedicado estudo feito pelos seres humanos do funcionamento de suas leis lógicas e coerentes para construir de forma benéfica que a natureza revela seus segredos. Mas os homens querem dominar em vez de se adaptar e, com sua cobiça de poder, se opõem a tudo, deixando de contribuir para o bem geral, acabando por construir armas e bombas destrutivas e colocando o mundo em desarranjo. O que querem os estadistas e os comandantes das grandes corporações? Mesmo em tempo difícil, sindicatos fogem da conciliação. Como ocupar tanta mão de obra ociosa de forma nobre e benéfica? São complicações resultantes do desarranjo comercial cambial global e da avidez internacional por dólares.

A flexibilização, diante dos interesses próprios, tem sido a norma dos governantes do Brasil que perderam o rumo para se manterem no poder e, para isso, descuidaram do interesse geral. Passamos a depender das commodities, ampliando o volume de itens importados. Precisamos de mais produção e trabalho. É verdade que a população mundial cresce continuamente. Aumentam as bocas que precisam de alimentos para seu desenvolvimento e conservação. Isso é um trunfo para o Brasil, mas requer seriedade na produção e vigilância nos acordos comerciais.

Se a alimentação não for adequada, a espécie humana perderá potencial. A alimentação tem perdido em qualidade. Perdem-se nutrientes pela invasão da química e biotecnologia. Os transgênicos ainda são uma incógnita? Há ainda outro fator que complica: o estresse da vida moderna urbana que provoca ansiedade e inquietação, afetando em primeira linha o funcionamento natural da digestão que se vê atropelada pelo emocional.

O Brasil descuidou da balança comercial, mesmo sabendo que isso gerava déficits. Os EUA também têm déficit comercial e volumosa dívida, mas mesmo com tudo expresso em dólares, agora se percebe o tamanho colossal da dívida e por isso jogam pesado para que não percam o poder dessa moeda. Mais do que preocupação com a balança comercial, a China tem um programa de acumular dólares para ter segurança financeira.

Que lições os governantes poderiam receber na comparação da política cambial adotada no Brasil desde o Plano Real e as do Chile, Índia, Japão e China? A volatilidade do câmbio, decorrente de vários fatores especulativos de mercado ou de governos visando exportar mais e importar menos, revela que países fracos estão permanentemente no labirinto cambial e caindo na armadilha do déficit nas contas externas. Algo que se tivesse sido equacionado no passado com seriedade, hoje o mundo estaria em condições menos pressionadas, com menos miséria.

As crises trazem suas oportunidades, mas será que serão aproveitadas para corrigir a situação de caos espiritual e mental que o mundo vive, geradora dos desequilíbrios econômicos, ambientais e sociais? O Brasil se tornou um país violento, com péssimo nível educacional, de qualidade de vida e consumo. Os jovens são dotados de inteligência e surfam nas inovações, mas para evoluir e contribuir para o bem geral precisam ouvir o eu interior, que é espiritual e não mecânico.

O ciclo de produção industrial foi profundamente modificado a partir do final do século 20, evidenciando o desarranjo geral. Em muitos países, a atividade de produção industrial foi posta de lado e não há o que fazer com os entulhos recicláveis se a China abrir mão deles. Mais um aspecto não examinado atentamente na globalização, pois são muitos os desequilíbrios gerados. As montanhas de plástico pelo mundo atestam a forma artificial de viver, afastada das leis que regem o universo. O desarranjo é grande. Se a China, o grande parque fabril, deixar de usar os descartáveis, o que os demais países poderão fazer com eles se a sua indústria pouco produz? O risco é que solos, mares e fauna marinha arquem com as consequências. Mas no final, as perdas recairão sobre toda a humanidade que habita o planeta Terra.

As relações econômicas se têm caracterizado pelo ganha-perde. Raramente instalou-se o ganha-ganha de ambos os lados envolvidos nas transações entre os povos. Europa, EUA e China têm de buscar o bem geral. A flutuação cíclica do poder gera inquietações no mundo. No que isso vai resultar se faltar vontade sincera de resolver os problemas que afligem a humanidade e que foram criados por ela mesma?

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

EFEITOS DOS DESEQUILÍBRIOS GLOBAIS

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Como explicar a demora em sair do voo de galinha e dar uma arrancada na economia carente? Em países como o Brasil não há poupança, a baixa renda média é direcionada para o consumo. O investimento é pífio, pois não há interesse maior e o dinheiro excedente, assim como os capitais flutuantes, após o desfrute do diferencial da taxa de juro interno e externo, acaba sendo remetido para o exterior em vez de permanecer no ciclo produtivo. É a nova sangria que pereniza a crise. A liquidez global criou duas esferas, a da economia real que deveria ser a fundamental e a das finanças, que se move em vida independente, distante dos problemas e fins da própria humanidade.

Catástrofes da natureza e econômicas afligem a humanidade. São sinais pouco observados. Com a aceleração geral, o ser humano está perdendo a capacidade de refletir e analisar por si a vida e os acontecimentos que o rodeiam. No início do século passado houve um movimento para fortalecer o Estado como meio de suprir os déficits de capital e promover o desenvolvimento. No andar da carruagem, a classe política se foi aboletando na força do poder político, mas paulatinamente o Estado foi perdendo o poder econômico. Estrategicamente as alterações legais iam se infiltrando por convencimento ou imposição, reduzindo o poder do Estado.

Quem deveria ser forte é a população bem preparada para a vida, pois assim os indivíduos seriam autônomos, sabendo que em primeira linha dependem de si mesmos, de seus esforços, e não de um Estado paternalista que amolece a fibra individual. Essa é a fórmula para o Estado poder deixar de tutelar os cidadãos, e estes, por sua vez, estarão atentos para coibir abusos, seja dos gestores do governo ou das empresas.

Ao completar sessenta anos da comunidade europeia, a tradicional Europa deveria com sabedoria estar na frente, mas se tornou um centro de propagação de cobiças e enfrenta as fissuras das escolhas dos indivíduos. A humanidade se encontra longe de onde deveria estar. Algo muito complicado se formou nesses anos de globalização e simultânea fragilização do Estado e dos cidadãos. O sistema foi sendo gerado de improvisos, sem olhar para o futuro visando os interesses imediatistas. A disparidade de custos de produção entre Kuala Lampur, Malásia e Estados Unidos acaba gerando uma situação inusitada de precarização que não era alvo da ciência econômica. As regiões atrasadas que deveriam ter evoluído há mais tempo, agora provocam uma confusão salarial geral atraindo a precarização imposta por diferentes estruturas de remuneração da mão de obra. Dessa forma, em breve o caos será generalizado, e tudo que a humanidade esperava construir de qualidade de vida poderá cair por terra.

O alvo da civilização deveria ser a busca da continuada melhora das condições gerais de vida, como ideal a ser perseguido pela humanidade, desde o bom preparo das novas gerações, até aos cuidados com a preservação da sustentabilidade ambiental. Nisso todos deveriam estar cooperando: governo, empresas, universidades e população em geral.

O mundo se acha diante de ótima oportunidade para refletir sobre a situação da humanidade. O poder econômico na mão do Estado acaba solapando a liberdade, a responsabilidade e o discernimento próprio. Os homens do governo acabam se colocando como os donos da verdade e fazem o que querem para segurar o poder, se tornando, por fim, tiranos. Os homens das empresas também se sentem atraídos pelo poder agindo de forma a manter a população subordinada enquanto decidem de acordo com o que acham que seja o melhor.

Como equilibrar esse embate e promover o progresso com liberdade e responsabilidade, pois com o aumento da população acaba surgindo mais desigualdade? As novas gerações precisam querer ardentemente alcançar a melhora geral, e diante da concorrência global, que as empresas tenham condição de produzir, criar empregos e distribuir renda. Diante das limitações adversas impostas pelos interesses econômicos globais, falta ao Estado vontade e empenho para criar as condições para solucionar as questões básicas que atravancam o dinamismo da economia e a melhora geral, mantendo a humanidade estagnada.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel e é associado ao Rotary Club de São Paulo. É articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”; “2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens” e “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7