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JUROS E DESEQUILÍBRIOS

No Brasil e no mundo há uma série de ideias que se opõem. Como surgiu essa polarização? Seria por teimosia, ou por julgar que suas ideias são superiores às do outro grupo? Ao final, acabam se perdendo em teorias e se afastam da naturalidade, isto é, dos princípios básicos de liberdade, responsabilidade e dos objetivos beneficiadores das condições gerais de vida. Maquiavel tinha razão. Divididos irreconciliáveis, cobiçando o poder, do jeito que o diabo gosta, são mais facilmente dominados, e nada de bom realizam para a nação.

Por longo período o mundo experimentou juros baixos com dinheiro sobrando. De repente a coisa vira. O dinheiro abundante e barato vai secando e não vai dar para segurar o que estiver com base frágil. O descompasso nas cadeias de suprimentos faz repensar a globalização. Os preços baixos tendem a subir. A produção de alimentos sofre reveses. Os maus governos não terão como disfarçar sua ineficiência. O que vem para o mundo não será um simples resfriado.

Quando o FED eleva os juros para a moeda mundial, ocorre uma enxurrada que valoriza o dólar, mas aumenta a dívida. Japão e Europa caminham na direção oposta, desvalorizando euro e yen; o yuan chinês também acompanhou, e suas exportações ficaram mais baratas em dólar, aliviando a pressão inflacionária. No Brasil, se o dólar ficar mais caro, repercute nas importações, pressionando a inflação. O sistema todo fica engessado pela taxa de juros, ou seja, o instável arcabouço financeiro gera desequilíbrios na economia mundial.

Há economistas que dizem que não estão claros os efeitos que a elevação dos juros no Brasil possa trazer para deter a depreciação do dinheiro. A carestia está assustadora, pois o dinheiro está perdendo valor pelo mundo. Destaca-se a atividade agropecuária atraindo divisas, usando o solo e a água, produzindo alimentos que são exportados. Os grandes conglomerados mundiais dominam os mercados e focam no ganho. O problema dos impostos arrecadados está na gestão do dinheiro que desaparece na máquina governamental.

Pandemia, criação de muito dinheiro, guerra na Ucrânia, tudo isso afeta o PIB. Para sobreviver, a população precisa de alimentos, educação, saúde. O que impede que haja produção interna para atender a essas necessidades com bom preparo da população? O Brasil se tornou dependente do mercado externo para exportar seus produtos primários, descuidando de tudo o mais, aumentando a dependência das importações. Sem iniciativas visando a melhora geral, os mandantes que se aboletaram no poder buscaram tirar vantagens e acumular dólares, deixando a economia estagnada.

Quais seriam os efeitos de uma desaceleração econômica mundial? Desvalorização de papéis e ativos reais e commodities? E os alimentos como ficariam? Crise de solvência? O dinheiro seria atraído pelos juros em movimento de ascensão, encarecendo o crédito? Qual seria o efeito sobre as novas gerações que têm de ingressar no mercado de trabalho? O que os governantes deveriam estar fazendo para manter a ordem e a estabilidade social?

O século 21 nos apresenta muitos acontecimentos que seguem um padrão declinante. Um impacto negativo após outro, colocando a humanidade num patamar bem abaixo de onde deveria estar, se tivesse dado ao espírito a oportunidade de se manifestar para atuar em conjunto com o raciocínio intelectivo.

Na adolescência, os jovens se tornam sonhadores. A melancolia abre seus olhos para o mundo à sua volta, percebendo as asperezas e o sofrimento que envolve a humanidade. Querem encontrar a causa e a solução, mas logo são empurrados para a sexualidade descomprometida, o domínio do instinto exacerbado ao longo dos séculos, e nisso também encontram apoio nas ideologias materialistas, afastadas das leis do Criador. As mídias sociais atraem as atenções, exercendo forte influência nos despreparados.

O rapaz se deixa embrutecer e a garota, não reconhecendo a joia que a feminilidade encerra, se deixa levar pela onda de libertinagem sexual que vem de longa data, e agora está no auge com o apoio de uma arte que incentiva o declínio do ser humano. Como não receberam a noção da necessidade de equilíbrio e retribuição por tudo o que recebem, ficam sem base e sem compreensão da vida.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

 

 

DESARRANJO PLANETÁRIO

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Enfrentamos um desarranjo global na gestão pública. Os líderes se afastam da ideia de que são responsáveis para imprimir melhora geral na qualidade humana e nas condições gerais de vida. Cresce a população, crescem as despesas, falta bom senso. O aumento populacional gera um aumento de encargos e problemas que se agravam com a falta de bom preparo para a vida e integração com a natureza, permanentemente atacada pelo imediatismo.

O grande desequilíbrio global na produção, comércio, empregos e consumo vai se agravando. A OMC, o FMI, a ONU, todos teriam de olhar para isso e encontrar meios de restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro entre os países para que sejam evitadas as guerras comerciais pelos mercados e o progresso se faça sem os atuais desníveis que aumentam a miséria e pobreza, com igualdade de oportunidades, mas sem o paternalismo nefasto do manto do Estado.

O Brasil, um parceiro frágil, está sendo condenado exatamente em que? Em defender empregos ou empresas? O que a OMC diz de países cuja mão de obra não perde tempo no transporte porque dorme no emprego e não se preocupam com a preservação da natureza e sustentabilidade?

No embate pelo poder econômico, a situação mundial é grave. Há desequilíbrio entre produção, comércio e finanças. China e Estados Unidos compartilham os mercados, mas a China dispõe de população preparada internamente e nas universidades do mundo; acumulou capital e desenvolveu eficiente parque industrial. A influência dos EUA no comércio internacional vai se reduzindo e as consequências para o povo americano são imprevisíveis. Vai surgindo nova plataforma de comércio entre os países, alimentada pela necessidade de matérias básicas e oferta de industrializados com preços baixos.

Quanto ao Brasil, o risco é de se perpetuar como fornecedor de primários com efeitos sobre o progresso e a qualidade de vida, a menos que tenhamos estadistas lúcidos e sinceros para realizar barganhas equilibradas que possibilitem melhor educação e evolução. A China mantém considerável montante de superávit da balança comercial. Uma boa soma para investir pelo mundo. Qual será a tendência para o futuro da economia mundial? Como as contas vão fechar? China injeta dinheiro. Qual é o efeito sobre o país destinatário? Aumenta emprego, a economia cresce? Como a China recupera o valor investido? A transação traz ganhos para os dois lados?

Com primarismo, improvisação e incompetência mais de 80% dos municípios encerraram 2016 em situação fiscal difícil ou crítica. Apenas 13,8% das prefeituras foram consideradas de boa gestão. O Brasil afundou na dívida e no despreparo das novas gerações, o que torna a situação ainda mais difícil, mas isso está sendo deixado para depois. A disputa da hora é sobre quem vai ficar no comando após a eleição 2018. Estão apagando o fogo do déficit, da previdência, dos escândalos, mas precisamos de planos que promovam a recuperação geral e renascimento do país.

Muitas festas. Muita bebida, sexo, drogas, tudo adornado com a corrupção. Velhos políticos se perderam em orgias, assim como estamos perdendo as novas gerações nos embalos das madrugadas. Que futuro poderemos ter? Como o Brasil poderá promover dinamismo na economia apesar da dívida e sua projeção maligna? Quais são as alternativas que permitiriam sair do fundo do poço na produção, empregos, renda e dinheiro em circulação, enfim consumo condigno em um país de tantos recursos mal aproveitados? Mas não faltam candidatos cobiçando a presidência em 2018. Fala-se no controle do déficit e da dívida nos próximos cinco anos, no ajuste da previdência, mas não se dedicam a um plano sério de renascimento e recuperação do país. O egoísmo e a vaidade dominam o cérebro atordoando a boa vontade. Para se promoverem pseudo-estadistas não vacilam em vender tudo, mesmo que não lhes pertence.

A visão de melhor futuro depende da qualidade dos líderes, dos estadistas, da boa educação e preparo da população. Além disso, é necessário que o mercado interno seja fortalecido e haja dinheiro circulando naturalmente, coisa sempre escassa no Brasil de juros altos e baixa escolaridade. Precisamos estabelecer alvos nobres que tenham como prioridade a melhora geral das condições de vida no planeta e aprimoramento da nossa espécie.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7