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O HOMEM E O PODER

Há um ditado que diz que nada melhor do que dar poder a um homem para conhecer o seu real caráter. Por milênios a humanidade vem travando a voz do espírito seguindo apenas o raciocínio gerado no cérebro frontal envolvido no materialismo que provocou o crescimento da cobiça por poder e riqueza. Por muitos séculos depois de Cristo (dC), os representantes da Igreja exerceram forte influência pelo mundo, enquanto mais e mais o espírito ia sendo posto de lado, caindo em profunda sonolência e, figuradamente, o coração nada mais conseguia dizer.

Apoiado em alguns conceitos naturais, veio o liberalismo, enaltecendo as qualidades individuais do ser humano, o direito à propriedade e a conquista da riqueza como prioridade. Vieram logo a seguir as ideias socialistas enaltecendo as qualidades do Estado e seus representantes, como detentores das riquezas para conduzir a vida dos seres humanos a uma condição de bem-estar social nivelando-os para uma existência voltada para o materialismo. O ser humano nasceu livre, as imposições do Estado forte manietam o seu caráter e seus anseios inibindo a essência.

Embora em polos opostos, nos dois sistemas prevalecia a cobiça dos dirigentes pelo poder, empregando a comunicação de massa para o nivelamento dos seres humanos por baixo, levando-os cada vez mais para uma existência puramente material, sem perspectivas amplas voltadas para a essência da vida.

As sinapses, conexões de neurônios, vão se formando a partir da primeira infânciae se desenvolvem continuamente, mas as básicas adquirem força nas vivências da fase inicial do aprendizado imitativo e cognitivo. O declínio geral está ligado à falta de preparo das novas gerações, pois já na primeira infância os cérebros das crianças vão sendo alimentados por imagens negativas de mentira, sexualidade exacerbada, insatisfação, medo, ódio, violência.

A ciência do cérebro deveria estar conectada com a percepção do eu interior, a alma. Apesar dos avanços nas pesquisas, a caixa craniana ainda é uma caixa de enigmas. Falta o reconhecimento do significado da vida; faltam alvos enobrecedores que estabeleçam como prioridade a meta do progresso real da humanidade, espiritual e material, para o benefício de todos, para que os indivíduos alcancem evolução real e sejam felizes. Sem o envolvimento das novas gerações nesse alvo, o futuro se torna incerto e ameaçador.

No século 21, mais do que nunca se evidenciam as obras do raciocínio desconectado das leis espirituais da Criação. Visivelmente o corpo do planeta Terra apresenta os sintomas de terrível doença que agora se manifesta em agitada convulsão.

O dinheiro foi uma grande invenção, mas se mal administrado gera perdição. Os feiticeiros do dinheiro e os maus governantes possibilitaram e eclosão do drama do inaudito crescimento da miséria que se alastra pelo planeta. No mundo econômico a importante variável câmbio exerce poderosa influência nas relações de comércio de importação e exportação entre os povos como também possibilita manobras escusas para ganhos especulativos.

A guerra comercial se reveste de acirrada batalha econômica pelo poder. A crise econômica se alastra. A Argentina abriu o bico demonstrando sua incapacidade de saldar os compromissos financeiros assumidos. Na Venezuela, rica em petróleo, falta tudo e sua população foge apavorada. O cenário econômico mundial tende para o salve-se quem puder.

No Brasil, impera a discórdia, a luta daqueles que tendo colhido muitos benefícios querem manter seus privilégios. As reformas são necessárias. A política de juros elevados e a displicência fiscal criaram esse monstro da dívida que exige mais e mais impostos complicados de administrar. Mas têm de ser examinadas todas as causas que levaram à paradeira e à estagnação da produção industrial, dos empregos e da renda.

O endividamento público atravessa descomunal crescimento, a falta de pagamento já é ameaça; se os juros não baixarem, a bola de neve vai rolar. Os detentores de reservas financeiras não terão mais o acréscimo de juros cujo peso os governos transferem para toda a população.

Há muito dinheiro encalhado, mas falta trabalho. É preciso encontrar a forma de distribuição que não seja as aviltantes bolsas para desempregados. O ser humano requer trabalho para se sentir útil à sociedade. É como no canto de Gonzaguinha: “Seu sonho é sua vida e vida é trabalho. E sem o seu trabalho, o homem não tem honra”.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

A CORRETA DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA

Benedicto Ismael Camargo Dutra*

Há sempre, no mundo, uma densa cortina que não permite a visão clara do que está se passando. No Brasil, temos sofrido com a falta de seriedade e de políticas sadias de desenvolvimento. Com o descontentamento geral, veio o populismo, mas acabou sendo rejeitado pelos abusos, e o país endividado caiu na inflação. A elevada taxa de juros composta arrasa as contas já estouradas. A tendência é que a dívida alcance 90 % do PIB. A elite pensante e empresarial tem de se debruçar sobre isso de forma objetiva visando colocar nos eixos o país estagnado desde a proclamação da república devido ao predomínio de corruptos e falsos estadistas.

A inflação faz parte dos enigmas do dinheiro. Com juros elevados, o empresário não aceita retorno inferior. O efeito economia movida a bolhas cria ciranda de preços, até a próxima crise. Está certo manipular o câmbio com elevado custo embutido para conter a inflação? Quanto disso não interfere na autonomia produtiva do país? Quanto mais se cria necessidade de importar e fazer remessas de dólares, mais a exportação deveria estar acompanhando, caso contrário lá estaremos de pires na mão implorando para cobrir o déficit externo.

Na fase inicial da república, a maioria das crianças das famílias libertadas do trabalho escravo não tinha escola. Atualmente, 75 % das crianças na primeira infância estão fora das creches. Isso não seria problema se os pais dessem a adequada assistência aos filhos. É na primeira infância que se formam as bases do ser no cérebro; se isso não for feito no tempo certo, surgirão muitas dificuldades posteriores.

A miséria no Brasil é antiga; vem desde a época do Império que se desmanchou com a aprovação da Lei Áurea. Temos tido dificuldades em fazer a reversão: despreparo, poucas oportunidades, reduzida circulação monetária. Juros elevados, câmbio manipulado, desindustrialização, desaceleração, criaram novos entraves. Temos de encontrar a saída da miséria humana e econômica.

O Brasil ficou à margem da cadeia global de insumos. Será viável essa integração? Enquanto isso não se resolve, devido aos fatores limitantes, vamos perdendo terreno. São problemas de um país mal administrado. A desaceleração econômica atingiu a administração pública displicente nas contas, nas obras, na seriedade e nas contratações eleitoreiras de pessoal. Há várias décadas temos vivido de improvisos e com o aperto da corda, todas as deficiências vieram à tona. O protecionismo criou uma casta privilegiada. A abertura quebrou a indústria. O câmbio exportou empregos. Como crescer com sustentabilidade? Qual o ponto de equilíbrio entre deixar o real valorizar ou não? Proteger as empresas locais que acabam abusando, ou abrir e deixar desindustrializar? O equilíbrio tem de estar presente nas contas internas e externas.

O montante a ser liberado pelas contas inativas do FGTS pode ultrapassar a R$35 bilhões. Algum movimento deverá ocorrer no comércio nesta fase de desemprego e ajustamento das contas do governo. Para muitos indivíduos será uma gota de água; menos de mil reais a serem usados em dívidas vencidas. Pelo menos há algum movimento na máquina governamental tão propensa à letargia.
O Brasil e o mundo precisam de soluções duradouras que restabeleçam o equilíbrio nas relações econômicas e financeiras entre os países para que a economia possa seguir um ritmo constante e natural em vez do ritmo de economia de bolhas, com ganhos de alguns e perdas de muitos.

A lei do movimento é para todas as pessoas. Como diz a lenda, cobra que não anda, não engole sapo. Andar é se atualizar aprendendo sempre, fazendo o trabalho bem feito e procurando melhorar. Mas a estrutura econômica contém alguns vícios que criaram impasses no mundo atual superpovoado, globalizado, automatizado, com diferentes tratamentos para contratar mão de obra, encargos tributários, câmbio e juros. Acrescenta-se ainda a incompetência de falsos estadistas e a má fé na gestão do dinheiro público. Isso tudo complicou, criando um clima em que os desfavorecidos precisam da assistência do Estado. No entanto, o que todos necessitam é ter a oportunidade de se preparar, trabalhar de forma eficiente, e ter uma vida condigna, como a grande forma de assegurar equidade na distribuição da riqueza ofertada pela natureza que acabou ficando concentrada em poucas mãos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7