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FALSOS AMIGOS

A diplomacia internacional faz lembrar antigos filmes de faroeste, em que o banqueiro emprestava dinheiro para o fazendeiro, mas próximo ao vencimento, bandoleiros parceiros do banqueiro roubavam a produção da fazenda e o proprietário ficava impossibilitado de efetuar o pagamento; ao tentar negociar, recebia um pequeno prazo e ao final tinha de entregar a propriedade. Na moderna diplomacia, os países emprestam, investem, se fazem de amigos, mas, se puderem, lá estarão farejando sangue. Se o país devedor tiver recursos naturais valiosos, então não se incomodará se o caos se instalar, incentivando a divisão política, pois em conluio com as oposições buscará o resgate em espécie.

Por isso não é de seu interesse que o país se torne forte com população bem preparada. Pobre Brasil, com essas estrelas vaidosas e loucas por poder, está afundando, fazendo o jogo dos inimigos que só têm interesse pelas riquezas naturais do país. As pessoas faziam uso do bom senso, como na fábula dos pequenos porcos-espinhos, que nas noites de muito frio ficavam juntinhos para se aquecerem tomando todo o cuidado para não se espetarem mutuamente.

No Brasil, tudo se torna mais difícil pela falta de união pelo bem geral. Os partidos e seus representantes se aglutinam por interesses; em primeira linha está a conquista do poder. Se o que é bom para o país não é bom para a eleição dos pretendentes, o país e sua população ficam em segundo plano. E seja em que país, for se digladiam pela conquista do poder e controle das riquezas.

O dinheiro público do Brasil tem sido gerido com displicência há décadas, gerando a pior situação da história, exigindo sacrifícios enormes de todos, embora a classe política não mostre interesse em abandonar os seus privilégios. Com a invasão do coronavírus, surgiram novas dificuldades que põem em risco a autonomia do país. Daí as grandes preocupações com a paralisação das atividades em geral, atingindo fortemente o desemprego.

Em algum momento as pessoas precisarão voltar ao trabalho para garantir a subsistência. O tema começa a ganhar espaço em todo o mundo mesmo sem o vírus da covid-19 estar neutralizado, pois isso talvez demore. Então, trata-se de planejar e executar o retorno à atividade essencial tomando as providências necessárias, ou possíveis, para reduzir a transmissão do vírus através do convívio profissional.

A atual crise global mostra o resultado de anos de descaso com o futuro que já se apresenta sombrio com a escassez de recursos naturais e aumento da miséria. As empresas têm de se tornar mais responsáveis pelo progresso da humanidade, reduzindo as interferências dos governantes na economia, mas há um processo inverso que visa a centralização crescente do poder. Ao permitir ao Capitalismo de Estado as mesmas possibilidades comerciais, a OMC contribuiu para o fechamento das portas de muitas indústrias na área do livre mercado.

No Brasil, além de pouca ética, há um grande atraso na educação e preparo das novas gerações. Durante o período escolar os estudantes têm de ser orientados a se esforçarem para ler e compreender os textos e, com isso, aprenderem a pensar com clareza, o que resulta do aprendizado do significado das palavras e sua correta utilização.

Um cenário caótico se acha em desenvolvimento. As novas gerações precisam ser preparadas para forjar um futuro melhor. É preciso impedir a decadência. Precisamos de governança incorruptível que busque o progresso de forma continuada. A segurança do país está na saúde, na capacidade de produzir alimentos, nos minerais, na reserva internacional. Tudo isso tem de ser bem administrado, ou daremos ganhos para aqueles que só cobiçam as riquezas.

Enfim, tudo que a humanidade faz ficou impregnado da ânsia pelo dinheiro, retirando a naturalidade e o sentido de suas atividades. Em vez de atuar naturalmente para atender às próprias necessidades de forma condigna, as pessoas estão se tornando meros fatores de atividades econômicas para o acúmulo de dinheiro e poder nas mãos da classe que se comporta como se fosse dona do planeta, deixando de lado a amplitude da vida e da Criação. Sem conhecer o significado da vida, a humanidade acabou se distanciado da sua finalidade, deixando de beneficiar tudo através de alegres atividades e de evoluir em paz.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

HIPOCRISIA E FALSIDADE GLOBAL

Um sentimento de desapontamento começa a se expandir de forma incontida, gerando revoltas, mas ainda estamos longe da busca efetiva de melhora das condições gerais de vida e do aprimoramento da decaída espécie humana. A América Latina ainda sofre o efeito Pizarro, o conquistador que sufocou a civilização Inca com sua cobiça por ouro. Esse acontecimento norteou, explicitamente, por longo período, as intervenções na região, onde a prioridade era a pilhagem dos recursos naturais, enviando-os para o exterior, sem que resultasse em melhora nas condições de vida da população que acabou se acomodando aos ditames dos políticos demagogos, não raro subservientes a interesses externos.

Nesta Terra desolada e cercada de asperezas, uma sensação de tristeza invade os corações. Falta um sentido elevado para a vida e a espontânea alegria de viver. As massas estão confusas, envolvidas por um sentimento de frustração diante das crescentes dificuldades e da enxurrada de informações contraditórias. Na indolência, a força de vontade de buscar a Luz da Verdade sobre o significado da vida é fraca. O perigo é se deixar influenciar pelos oportunistas mal-intencionados que se aproveitam disso para implantar o caos para que a humanidade se perca nas brumas do descontentamento, sem um olhar sincero de gratidão para o Alto pelo dom da vida. Hoje, na Terra, nos ambientes de trabalho em geral, há falta da coesão e do pensamento homogêneo, todos juntos seguindo na direção do progresso com propósitos nobres e edificantes.

Uma característica que encontramos com frequência é a hipocrisia, o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa, na verdade, não possui, mas quer que os outros pensem que estão tratando com uma pessoa honesta, que exige que os outros tenham uma conduta correta, a qual no íntimo desdenha, e que ocultamente deixa de adotar. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, ambos significando a representação de um ator e seu fingimento na interpretação de um papel. Atualmente, essa palavra designa pessoas que se comportam de forma enganosa e falsa para atingir seus fins.

Como o dinamismo da economia brasileira poderá ser despertado após longo período de gestão monetária e cambial contrária aos interesses do país? Qual é a verdade sobre a alta do dólar? Guerra comercial? Ameaça de recessão global? Déficit na balança de pagamentos? Se o Brasil não produz dólar, como mantê-lo barato? Durante décadas atraímos o dólar oportunista que vinha pelos juros mais altos do mundo, e pelas jogadas especulativas na Bolsa e no câmbio. A consequência foi a elevação da dívida e a estagnação da indústria. O dólar se tornou um fator geopolítico financeiro.

Os países se estruturaram para serem deficitários e cobrir seus déficits com financiamento, e tudo foi se tornando sem base, agravando-se com a corrupção. O dinheiro e os bens em geral não representam um mal em si; o mal está na cobiça que se instalou entre os humanos no “vale tudo” para acumular dinheiro. Enquanto isso, o drama do desequilíbrio econômico, financeiro, cambial e social domina o planeta, ampliando a desigualdade, precarização geral, destruição da natureza e o baixo nível educacional.

O governo está deixando o câmbio flutuar mais livremente utilizando a reserva internacional. Quais serão as consequências da alta do dólar para o Brasil e o mundo? Países como o Brasil deveriam cuidar de seu povo e de sua economia, mas a dependência de dólares travou tudo e seus governantes não souberam como deveriam ter agido. A dependência de financiamento externo se tornou a grande armadilha para os países dependentes que se acomodaram com paliativos e juros elevados. O mercado financeiro global é implacável. Se a economia não for estruturada de forma equilibrada, o caos se alastrará.

A questão do dólar já era complicada no tempo do acordo de Bretton Woods. Com a ruptura, o governo americano perdeu o controle da moeda global da qual a maioria dos países se tornou dependente. Déficits, valorização do câmbio ou sua desvalorização se tornaram os fantasmas de muitos governantes. No Brasil a baixa dos juros pode estar afetando a cotação do dólar, mas, além disso, será que há outros fatores desconhecidos pelo público em geral? O país tem de ultrapassar essa ameaça com realismo.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7