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PROCURAI E ACHAREIS

Apesar de todo o esforço Stephen William Hawking (1942-2018), ainda somos pobres sobre o conhecimento do Universo e suas leis, e o que encerra a caixa craniana, um conjunto majestoso de cérebros, neurônios e conexões com todo o corpo e também com o além. O grande destaque vai para capacidade do físico britânico de mobilizar o potencial da determinação e da força de vontade. Mesmo preso numa cadeira de rodas por várias décadas, ele continuou a sua obra de pesquisa a respeito dos grandes enigmas e mistérios que o Universo esconde.

Porém, acomodados e sem disposição para procurar respostas de forma mais intensa, a humanidade ainda se acha distante da compreensão do funcionamento do cérebro e do cerebelo; do raciocínio lúcido e dos insights intuitivos que distinguem o ser humano como a única espécie dotada de livre resolução e responsabilidade por seus atos e consequências. Por isso tudo, não somos uma espécie de macaco, pois somos a espécie espiritual que têm de se movimentar para se tornar efetivamente humana, isto é, um ser no qual o espírito atua conscientemente.

O filme Maria Madalena, de Garth Davis, apresenta um aspecto especial ao desmontar o conceito de Jesus como revolucionário. Mostra que Judas, sim, queria provocar um levante contra Herodes e contra Roma, o que não era a finalidade da vinda do Messias, que trazia Luz para afastar as trevas e alertava para a transitoriedade da vida destinada à evolução do espírito. Mas os seres humanos estavam apegados demais à vidinha material egocêntrica para despertar e buscar intensamente a compreensão do significado da existência. O comodismo e a indolência iam ao encontro do Anticristo que queria manter a humanidade cega, afastada da Luz e da espiritualidade.

Jesus foi severo com os vendilhões do templo: sacerdotes astutos que conspurcavam a Casa do Senhor com negócios e com a mentira de que, desde que se sacrificassem animais vendidos por eles, cada um poderia viver como melhor lhe aprouvesse. O “procurai e achareis” não surtiu o efeito esperado diante da crescente indolência espiritual presente desde a educação infantil pelo exemplo dado pelos pais. Para a correta compreensão, ainda falta a visão geral sem lacunas sobre todos os tempos, desde o começo da humanidade até agora.

É necessário que também haja ampla conscientização sobre a responsabilidade de gerar filhos. É lei natural que havendo a fecundação, haverá um nascimento. O desconhecimento disso não isenta da responsabilidade; no entanto, esse importantíssimo fato tem sido descuidado pela cultura da sexualidade voltada para o rebaixamento do instinto. Por outro lado, sem a respectiva fecundação, não poderá haver a geração de um corpo humano.

Muito já se disse que os conselhos benéficos machucam os ouvidos, mas podem trazer melhorias. As lisonjas, muitas vezes, agradam a mente, mas podem causar danos. Pessoas com discernimento seguem os conselhos benéficos, pois mesmo que estes tenham gosto amargo, podem curar. Pessoas vaidosas gostam de bajulação, mas mesmo adocicadas, as lisonjas poderão destruí-las. Amor é severidade.

Conforto sem disciplina e sem respeito à lei do equilíbrio não produz uma geração forte que se movimenta em busca de respostas, sem se deixar dominar pela indolência. A lei do equilíbrio estabelece que para tudo o que é recebido há necessidade de dar uma retribuição, o que não acontece com muitas crianças que sempre exigem mais, achando que os pais são eternos devedores.

O descuido com as novas gerações ameaça comprometer o futuro numa fase difícil para a vida humana dada a aspereza nas relações e a dependência ao mercado de trabalho. Num mundo com mais de sete bilhões de pessoas e inúmeras decisões imediatistas, a situação está beirando ao caos. Os meios de comunicação, veladamente, anunciam o fim da possibilidade de solucionar de forma condigna os problemas criados pelo ser humano, insensibilizando as crianças desde cedo, enquanto a população fica submetida ao medo, desinformação e desesperança.

As casas onde se fazem as leis dos homens mais se assemelham a um circo das leis, pois falta seriedade. O mundo precisa de homens sábios no comando e de seres humanos que se movimentem sem se deixar dominar pela indolência e pela vaidade. Sem respeitar a lei do equilíbrio, a humanidade não poderá alcançar a convivência pacífica e o progresso real.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7