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ALICE E O PREFEITO

A antiga e bela cidade de Lyon é o cenário desse interessante filme de Nicholas Pariser, “Alice e o Prefeito”, sobre os seres humanos e a política. Alice, professora de filosofia, é convidada a ajudar o prefeito que depois de trinta anos na política está enfrentando dificuldades em organizar os pensamentos e formular ideias criativas.

A proposta é boa, mas Alice tem de se defrontar com o grupo de assessores que rodeia o prefeito e que teme perder a influência que exerce sobre ele, assim como aconteceu com Paulo, que convidado por Nero para dar explicações sobre os ensinamentos de Jesus, acabou enciumando o grupo manipulador próximo ao Imperador.

Na medida em que Alice vai rasgando o verbo, desnudando os acontecimentos e a caótica situação mundial, mostrando as vaidades e incoerências, mais vai impressionando o prefeito e mais vai desagradando o grupo de assessores. Com o passar dos anos, o prefeito acabou deixando enfraquecer a vontade própria, se submetendo aos interesses do grupo socialista do qual faz parte. Mas ao começar a fortalecer as ideias pessoais e ter visão própria, começam a surgir os transtornos para Alice.

Assim é a vida pública, situação semelhante também acontece no mundo empresarial, pois grande parte dos seres humanos se tornou incapaz de dialogar consigo mesma e analisar com o eu interior intuitivo, ficando sujeita aos ditames da vontade mental contaminada pelas influências externas, passando a agir como um ator interpretando um personagem, no caso o de prefeito. (disponível no Telecine)

DA DISCUSSÃO NASCE A LUZ

Da discussão nascia a luz. Bons tempos quando havia empenho em solucionar as questões humanas e perseguir a melhora continuada nas condições gerais de vida e no aprimoramento da humanidade. Isso foi antes. As discussões se tornaram lutas para defender pontos de vista e conservar o poder. Por isso, com a redução da possibilidade de discutir e fazer nascer a solução, os problemas da humanidade só aumentam, sem que surjam discussões sérias sobre como resolve-los. Faltam simplicidade, clareza, naturalidade e raciocínio lúcido. (Benedicto Ismael Camargo Dutra)

Segue texto de Luiz Marins.

É antigo o provérbio “Da discussão nasce a luz”. E o que ele quer dizer? Luz vem do latim lucere que significa “brilhar”.

No sentido figurado quer dizer ideias novas, inovação, criação. Tanto isso é verdade que quando queremos representar graficamente uma ideia, o fazemos através de uma lâmpada, da luz.

Ao nos referirmos a uma ideia que aprovamos, dizemos ser uma “ideia brilhante” que saiu de uma “mente iluminada”. Discussão, também vem do latim tardio discussionem e significa investigação, exame de uma questão em que tomam parte várias pessoas.

Assim, quando dizemos que da discussão nasce a luz, queremos dizer que boas ideias nascem quando compartilhamos nosso ato de pensar, de investigar.

Mas, temos que tomar cuidado para não acreditar que a luz nasce de qualquer discussão. Há discussões que são “estéreis”, o que quer dizer que nada geram.

Quando discutimos um tema sobre o qual pouco sabemos, com pessoas que sabem menos do que nós, a única luz que poderá nascer é de que deveremos buscar pessoas que saibam mais do que nós, para com elas aprender ou, então, que decidamos  estudar a questão antes de discutir.

Assim, o provérbio se aplica a discussões férteis, fecundas que só podem ocorrer com a participação de pessoas “lúcidas”, cuja palavra também vem do latim lucidus que significa “iluminado, claro”. Discutir com pessoas “obscuras” (que quer dizer “sem luz, coberto, escuro”) só nos trará escuridão, dissabores e aborrecimentos.

Veja quantas lições podemos tirar de um provérbio.

Realmente da discussão nasce a luz e devemos sempre procurar dividir nossas ideias e opiniões com pessoas que possam nos “esclarecer” (clarear, tornar claro, pôr à luz).

E, como vimos, devemos evitar as discussões que nada geram, estéreis, pois elas, ao invés da luz, nos trarão mais escuridão.

Discutir não é brigar. Discutir é iluminar as ideias. É por isso que devemos sempre discutir com lucidez.

Pense nisso. Sucesso!

Luiz Almeida Marins Filho é antropólogo. Estudou Antropologia na Austrália (Macquarie University) e na Universidade de São Paulo (USP). É Formado em História, estudou Direito, Ciência Política, Negociação, Planejamento e Marketing em cursos em universidades no Brasil e no exterior. Técnico em Contabilidade.