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HUMANIDADE DISPLICENTE

A humanidade tem sido displicente com a vida. Viver deve ser o aproveitamento da oportunidade para evoluir de forma construtiva e beneficiadora. Se houvesse a união dos povos em torno do objetivo de alcançar o aprimoramento da espécie humana, certamente não estaríamos enfrentando os rigores da mudança climática, a severidade da limitação dos recursos naturais e da sustentabilidade da vida, e com certeza as riquezas que provêm da natureza não estariam sendo partilhadas dessa forma desumana com todos que se esforçam em serem úteis e produtivos neste planeta.

Estamos diante das consequências do modo de vida inadequado, anunciadas há séculos, mas o foco dos mandantes era voltado prioritariamente para poder e dinheiro. Como gado, os humanos foram empurrados da terra para os grandes currais das regiões metropolitanas onde quem falava em manter áreas florestadas era apedrejado. O preço de tudo sobe, mas a renda cai. Não se sabe como lidar com as alterações do clima, nem se reconhece o modo errado de viver.

Muitos políticos tratam o Estado como uma vaca leiteira e há anos mamam no Brasil, mas cobiçosos, sempre querem mais e são capazes de matar a fonte para se beneficiarem. As eleições exigem muito discernimento da parte dos eleitores. Esperemos que o eleitorado se inspire em suas escolhas para que sejam eleitos aqueles que tenham um real empenho na construção de um país digno, tornando-o um lar para que possamos evoluir em paz e alegria.

Homem é homem e mulher é mulher e deveriam se complementar e viverem felizes, auxiliando-se mutuamente, mas a época é fulminante para o bem-querer. A ansiedade, o egoísmo e o orgulho são fatores adversos que prejudicam a boa convivência. Há muita aspereza no ar. Sentimos isso no trânsito congestionado, no transporte precário, nos ambientes de trabalho, nos conflitos pessoais e mundiais que se avolumam. Num mundo em que cada um só pensa em si e em suas vantagens, julgando-se melhor que os demais, os bons pensamentos e a consideração são as melhores formas de estabelecer a mútua cooperação, em que cada um auxilia o outro com pensamentos benéficos.

Houve um tempo em que os seres humanos, hóspedes do planeta Terra, viviam na segurança da regularidade dos acontecimentos e tudo seguia conforme se previa. Mas, de repente, as pessoas passaram a agir com frieza e a vida começou a mudar sem que se pudesse saber como seria o amanhã, e quais problemas e dificuldades surgiriam. Isso gerou inquietação e até revolta. As pessoas perderam a coerência, e mudam de opinião segundo os interesses, medo ou influências externas. Como enfrentar esse novo desafio?

Há uma estrutura de desorientação que visa manter a alma adormecida e, na indolência, acaba acolhendo o lixo das formas de pensamentos maldosos daqueles que se entregaram ao princípio errado. Vivemos sob o império da mentira e da corrosão dos valores que lança os seres humanos na destruição do eu interior consciente.

Quem semeia colhe; a displicência no agir se vinga ferozmente. O que vai, vem. As movimentações de retorno se aceleram, as boas, as más, e aquelas que devido à forte vontade das pessoas de alcançar o bem, se apresentam na forma de resgate simbólico. No livro Fios do Destino, a escritora Roselis von Sass explica: “Os espíritos humanos se reencarnam constantemente em diversos povos e países. Essas repetidas vidas terrenas tornam-se necessárias, a fim de que as criaturas possam desenvolver todas as faculdades latentes no espírito humano.”

O sofrimento reconhecido como retorno se torna menos traumático pela certeza que terá um fim. O que causa mais abalos são ataques morais e emocionais com sua carga nociva, que surgem de repente para agredir a alma. Por isso é preciso manter puro o foco dos pensamentos, pensar no bem, e humildemente confiar na força das leis da Luz do Todo-Poderoso, e ir em frente com firmeza e coragem.

*Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

CAOS ORGANIZADO

Os seres humanos, em sua indolência, se deixaram alienar da vida real. Seduzidos pelas atraentes ilusões do materialismo, foram caindo no enrijecimento, bloqueando sua essência espiritual. Com o avanço da corrupção e da cobiça pelo poder, as nações foram perdendo as condições de se autossustentarem e poderão ser riscadas do mapa e suas riquezas naturais absorvidas na geoeconomia.

É lei da Criação que o ser humano tenha a livre vontade; uma imposição contra isso é antinatural. Poderão ser criados robôs com inteligência artificial, mas jamais serão as criaturas humanas às quais foi dada a oportunidade de evoluir e beneficiar o planeta, encarnadas num perecível corpo de carne e sangue, pois o ser humano real é o espírito que foi posto para dormir, e se não despertar para a vida real, cavará o seu abismo final.

Tudo que uma pessoa trouxe em sua alma, integrado com tudo que ela viu e vivenciou na infância, na família, na escola, pela televisão e no convívio em geral, modelou o seu caráter e a sua forma de agir. Aí também entra a lei da atração da igual espécie, seja do bem ou não. A pessoa generosa e compreensiva, que viu essas atitudes na sua infância, tende a agir de forma nobre, a menos que deixe o egoísmo prevalecer atraindo formas de pensamentos mais escuras. Deverá estar atenta à sua voz interior, à intuição, que dará avisos para que saia desse labirinto trevoso.

Porém, se ao contrário, trouxer na alma marcas da desconfiança e cobiça, e viu muito disso na infância, a tendência será a de se abrir ao egoísmo, atraindo a igual espécie maléfica. O egoísmo atinge o cérebro dominando-o, mas pode ser um espírito decaído que perdeu a ligação com o mundo espiritual e se deixa atrair pelo mal.

As baixarias atacam a todos. A inveja, a cobiça, a vaidade, a desconfiança, a luxuria, querem encobrir a bondade e a nobreza da alma para que o ego possa se satisfazer. Para não afundar, cada ser humano tem de lutar para conservar puro o foco dos pensamentos e repelir e se libertar das influências das formas de pensamentos escurecidas pelo mal.

O Brasil tem sido conduzido para caminhos sem Luz. O materialismo mantém as pessoas afastadas da real finalidade da vida. Os jovens desaprenderam a pesquisar e investigar objetivamente os fatos com lógica, clareza e o bom senso intuitivo; precisam de incentivos para que pesquisem seriamente o significado da vida e as leis da Criação. Por que e para que nascemos na Terra? Para aprimorar-nos e beneficiar o solo onde nascemos.

A classe média está encolhendo. O medo que possa faltar comida e outros recursos naturais está mexendo com os preços. Os artificialismos do sistema econômico imediatista estão caindo, mas as nações perderam as condições de se autossustentarem. Se não as recuperarem, correm o risco de sumir do mapa.

A questão essencial é que o mundo está mergulhado em crise profunda. Como os indivíduos e as nações poderão encontrar um caminho salutar? No passado, vários países e indivíduos conseguiram reunir forças para uma reviravolta, como escreveu Jared Diamond, professor da Universidade da Califórnia, autor de vários livros. A crise de agora é mais grave por encontrar os países despreparados, e tudo pode ficar travado pela grande interdependência criada e aumento da corrupção que visa riqueza e poder.

A vida se torna uma arena policiada. As ideias divergentes são atacadas para que sejam esquecidas e jamais debatidas, mas por trás desse cenário de caos organizado está o atuar da lei do semear e colher. Uma nova força está impulsionando os fios do destino dos seres humanos. O pós-guerra insinuou melhoras gerais nas condições de vida. Porém muitas pessoas nascidas após a guerra se deixaram prender pelas tentadoras ilusões materialistas, caindo na indolência.

As pessoas perderam a sensibilidade para perceber que são as causadoras de seu próprio destino. O mundo se acha diante da grande colheita, e vão desfilar pelos povos os frutos da mesma espécie que semearam. Fazemos parte do povo dos seres humanos; cada povo tem de se adaptar às condições do solo onde nasceu, mas todos estão sujeitos às leis da Criação que regem a vida e os astros.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. E-mail: bicdutra@library.com.br

A INDOLÊNCIA DA CLASSE MÉDIA

Em 25 de janeiro de 1554, um grupo de padres da Companhia de Jesus, da qual faziam parte José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, escalou a Serra do Mar e chegou ao planalto de Piratininga onde encontrou “ares frios e temperados como os de Espanha” e “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas”. Foi construído um colégio, o Pateo do Collegio, onde o povoado começou a se desenvolver e se transformou na cidade dinâmica e acolhedora que atraiu pessoas de todas as raças e povos. Apesar do brasão: “Não sou conduzido, conduzo”, São Paulo ainda não alcançou a posição que lhe cabe no caminho do progresso e continuada melhora das condições gerais de vida.

De longa data, as riquezas da América do Sul têm sido alvo de cobiças. Hugo Chávez (1954/2013), ex-presidente da Venezuela, quis controlar a riqueza, mas embriagou-se com o poder e o povo continuou sufocado sem oportunidade para evoluir. Agora a geopolítica é outra, mas o povo venezuelano permanece no abandono.

A Constituição Venezuela, a lei máxima para defender os interesses do povo e da nação, atende aos princípios democráticos? Como sair do impasse gerado pelo direito da força? Quem deveria assumir interinamente o governo para realizar eleições livres, de forma imparcial, honesta e democrática num prazo bem curto? A imprensa livre deveria acompanhar tudo atentamente e informar ao mundo o que estiver se passando. Poderão concorrer candidatos com ficha limpa, entregando-se a decisão ao voto consciente do povo, sem coação e sem temores.

No Brasil, estamos passando por dificuldades desde a crise da dívida externa nos anos 1980, mas a situação se foi agravando com a ausência de estadistas e com a classe política agindo sempre em função da próxima eleição, adotando medidas paliativas para favorecer a poucos, deixando passivos enormes aos sucessores. A população precisa ser advertida sobre as dificuldades, embora não tenha criado todos esses problemas de déficits nas contas e o colossal aumento da dívida com a capitalização de juros sobre juros.

A situação geral do mundo tende para o amadurecimento, para a colheita de tudo que tem sido semeado. Já temos muitos problemas para resolver. A prioridade deve ser corrigir os estragos no país que vem decaindo há décadas e resgatar seu povo, o qual precisa se mover na direção do aprimoramento humano. O Brasil não cobiça as riquezas da Venezuela, não tem porque se envolver nessa briga, sede de riqueza e poder da nova geopolítica.

Muito apropriado que se definam os rumos da previdência nesta fase de revolução industrial 4.0 e grandes transformações. No caso de países endividados como o Brasil, também é importante traçar o perfil da dívida que deve ser contida para que a economia de um setor não venha a ser absorvida por outro sem que haja uma real melhora geral.

O otimismo de cidadãos esclarecidos resulta da ruptura do sistema que desserviu o Brasil desde 1985 com a posse do vice-presidente José Sarney pelo PMDB, que assumiu o governo devido ao falecimento de Tancredo Neves, ambos eleitos indiretamente por um Colégio Eleitoral. Seguiram-se PSDB e PT que pouco fizeram, e após um breve período de euforia com o Real valorizado e juros elevados o país foi perdendo várias indústrias, não educou a população e se endividou. Revoltados, os eleitores escolheram Jair Bolsonaro, do PSL.

Os perdedores estão esperneando, criando dificuldades para o progresso e para a melhora das condições gerais de vida. A situação é difícil, agravada com a desordem global. O sonho do homem de classe média de obter sucesso profissional para que possa atender às necessidades básicas de sua família, com padrão de vida que lhe permita conforto, lazer e educar os filhos vai se tornando difícil, mas, como criatura de essência espiritual, também deveria desejar conhecer o significado da vida, assim como essa também deveria ser a aspiração da classe rica e daqueles com menor renda.

O que faz a massa ser influenciável é a indolência. O apagão mental e a indolência estão avançando no Brasil e no mundo, o oposto do que o ser humano deve ter: clareza, simplicidade e naturalidade no pensar, falar e agir. Agilidade para perceber os problemas e buscar soluções sem o comodismo paralisante.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7