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PARADOXOS DA ECONOMIA

A economia vive um momento paradoxal. De um lado há grande volume de produção de bens de consumo que não consegue ser absorvido no curto prazo. De outro lado, há uma grande massa ansiosa por consumir, mas que sofrendo os efeitos da precarização geral, com a renda espremida entre a sobrevivência e dívidas contraídas, fica fora do mercado consumidor. Empregos e rendas diminuem.

Criou-se um labirinto que concentra a produção na Ásia onde mais de 400 milhões de pessoas foram integradas na indústria através de uma poderosa máquina de produzir, com equipamentos disponíveis e farta mão de obra, oferecendo produtos de razoável qualidade a preços imbatíveis, aliados a um mecanismo cambial favorável, que vai eliminando a concorrência, a distribuição e comércio nos Estados Unidos. Uma crescente ameaça de recessão vai se desenhando.

Através do modismo criado pela propaganda, as marcas bem-sucedidas conseguem escoar a sua produção. Mas a grande massa de pessoas empregadas mal tem tempo para dormir, quanto mais para estudar e fazer compras. Estamos engrossando o número de seres humanos sem profundidade, sem assunto, sem clareza para pensar no geral da vida, e que como máquinas inertes, não se comunicam com o eu interior.

A situação do comércio poderá se tornar problemática, evoluindo da estagnação para a depressão econômica. Então, como se arranjarão as grandes estruturas de comércio com seu elevado custo fixo? Como os emergentes poderão resistir à queda nas exportações e nas receitas fiscais? Os acordos que permitem a entrada de mercadorias através de empresas montadas em zonas de livre comércio poderão ruir ao alvorecer da era Trump que planeja implantar um novo modelo de comércio internacional mais fechado.

As grandes potências se movimentam para conservar mercados e ampliar o poder, e murmúrios de guerra começam a ser ouvidos pelo mundo. Não se trata apenas de assegurar o ganho em dinheiro, mas como o planeta conta com mais de sete bilhões de almas encarnadas, o drama da limitação dos recursos naturais fica em evidência.

Muitos países utilizam financiamento externo para cobrir o déficit nas contas, pois o usual tem sido transformar o ganho em dólares, a moeda padrão global, cerceando a acumulação fora do mercado financeiro global. Tomar empréstimos com adequado planejamento é fato usual, no entanto, os governos raramente olharam para isso deixando as dívidas crescerem até o ponto que o mercado financeiro corta o crédito e assume as rédeas.

No giro da história, a roda do destino sempre traz o retorno das ações boas ou más, egocêntricas em benefício próprio de quem as praticou. Um problema global cujas consequências se manifestam inexoravelmente porque não há mudança de atitude dos humanos que se julgam donos do planeta, mas começam a perceber a sua impotência diante da força das leis da Criação. Sem a sincera vontade para o bem, os efeitos revelam as reais intenções. Somente com uma nova sintonização a humanidade poderá encontrar o caminho que escapa do abismo.

Preço baixo é bom. Quanto mais libera para importar, mais fecha para a indústria local com mais corte nos empregos. No interior dos outlets internacionais, mesmo convertendo o dólar a R$4,00, os preços são competitivos, mas sem emprego regular poucos podem comprar.

Líderes desconhecedores do significado do dom da vida, em vez de incentivar a busca da Luz da Verdade para uma nova construção em paz, seguindo as leis da Criação, ofereceram as sombras da insatisfação e descontentamento, semeando revoltas e subversão. Os anos 1950/60 assinalaram um momento decisivo para a humanidade. Fidel Castro surgiu como um líder carismático, e que como tantos outros aderiu ao lema “os fins justificam os meios”.

A ausência de espiritualidade pressentida pelo ser humano, de forma consciente ou não, gera a sensação de que algo está faltando na vida vazia sem sentido elevado. A cultura do século 21, criada pelo raciocínio com primazia nas finanças, cuida de preencher essa lacuna através do consumismo e da busca pelo prazer imediato, cerceando a natural visão transcendentalista do futuro. Com o passar do tempo vai surgindo saturação mental e emocional, pois o ser humano anseia naturalmente por algo mais do que o mundo material pode oferecer.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

QUEM SE IMPORTA COM O FUTURO?

O que querem os planejadores da economia 4.0, ou da Quarta Revolução Industrial como também é denominada? Fala-se em globalizar as questões como a do aquecimento e alteração do clima. A chave está no equilíbrio. As ações humanas não podem se contrapor às leis naturais que regulam a física, a química, a biologia, etc. Emprego, ocupação remunerada, educação, sobrevivência condigna, dar ênfase ao aspecto espiritual da vida, seriam as condicionantes para qualquer planejamento global, sem o que, mais e mais, o ser humano tenderá a ser uma peça sem alma e sem conteúdo, mas isso não tem recebido a necessária consideração, permitindo-se a ocorrência de crescentes desequilíbrios sócio-econômicos-ambientais.

O controle monetário e o combate à inflação se sobrepõem a tudo porque há algo errado no sistema que vai provocando distorções. O Brasil surfou na liquidez global que foi entrando pelas portas abertas, mas onde foi parar todo o dinheiro que entrou para aquisições ou especulação? Se esses montantes tivessem permanecido, pelo menos em parte recirculando, teriam evitado a pesada recessão que estamos vivendo, mas essa possibilidade é reduzida dada a estrutura de país exportador de commodities e importador de industrializados. Por isso, as atividades colaterais vão sendo desativadas com o encolhimento da indústria.

O sistema global está destruindo empregos nos países que ficaram para trás. A explicação mais utilizada para o nervosismo que atingiu os mercados globais tem como pano de fundo a expectativa de que as principais economias do mundo comecem a aumentar as taxas de juros, o que deve enxugar a liquidez global, e tornará as economias emergentes menos atraentes para os investidores. Isso tem ocorrido com frequência. Qual é a lógica desse sistema? Por que surge a instabilidade? O sistema tem permitido abusos e operações especulativas sem seriedade que promovem os desequilíbrios geradores de crises.

Qual será o efeito para o Brasil quando o mundo inteiro começar a fugir do risco e saltar para as aplicações de segurança? E para o resto do mundo? Haverá uma paradeira geral com repercussão nas economias da Alemanha, Japão e China? Como eles reagirão?Quais as causas do desequilíbrio nas contas públicas? Em geral, fala-se dos salários e aposentadorias como se isso fosse um acidente esquecendo-se que se trata de um processo cumulativo empurrado com a barriga enquanto havia crédito farto. O que efetivamente está errado no Brasil, quais as causas do nosso atraso, o que temos feito para corrigir as falhas? Como disse o presidente Trump: “Não podemos esperar por outra pessoa, por países distantes ou burocratas distantes, não podemos fazê-lo. Devemos resolver nossos problemas, construir nossa prosperidade, garantir nosso futuro, ou seremos vulneráveis. Ainda somos patriotas?”.

Por mais de um século os Estados Unidos tiveram trânsito livre no Brasil, nos negócios e nos recursos naturais. Poderiam ter contribuído mais para o fortalecimento da nação e do preparo das novas gerações do país. Com sua atitude possibilitaram o avanço da China na esfera econômica, e quiçá na política. Enquanto a China não descuida da boa formação de suas lideranças e do bom aproveitamento das oportunidades econômicas, o Brasil afundou na corrupção, dívidas e despreparo da população. Quem se habilita em contribuir para arrancar o Brasil de sua miséria moral e material?

Quem se importa com o futuro do Brasil que ainda não saiu da condição de país inexpressivo sem propósitos próprios de melhora geral? Isso se deve em grande parte à falta de preparo da população e da classe política que pouco se importou com o futuro do país. Muitas transformações estão ocorrendo no mundo afetando profundamente a vida. Os nervos estão tensos. A inquietação e a ansiedade adentram na mente via cérebro, enquanto a intuição permanece frágil para atuar e auxiliar. Sem teimosia, de forma flexível, o ser humano tem de buscar com simplicidade e naturalidade o equilíbrio-físico-emocional-espiritual para ser feliz.

Os desequilíbriossempre surgem quando se desconhece o funcionamento do todo, o funcionamento das leis naturais que regem a Criação. O homem realizou várias descobertas, mas parou de olhar para o conjunto ao se deixar seduzir pelo ganho imediato. Para tudo existe a solução correta, mas deveria ter pesquisado seriamente com sinceridade, tendo sempre como meta a melhora geral e o beneficiamento do planeta com equilíbrio entre os povos.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Prodigy Berrini Grand Hotel, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7