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EM SE QUERENDO…SE ATRAI (1ª PARTE)

“A força viva criadora que perflui os seres humanos congrega, pela vontade concentrada de um pensamento realizado, algo de matéria fina e acaba concretizando-a numa forma que expressa a vontade desse pensamento. Portanto, algo real, vivo, que nesse mundo de formas de pensamentos, através da lei de atração da igual espécie, atrai elementos análogos ou por eles se deixa atrair, conforme suas próprias forças.Densamente povoado é esse mundo de pensamentos. Centrais inteiras têm se formado pela força de atração recíproca, das quais, devido às suas forças concentradas, emanam influências sobre os seres humanos.” (ABDRUSCHIN, Na Luz da Verdade Mensagem do Graal, São Paulo: Ordem do Graal na Terra, Vol. II, 2008)

Diz-me com quem andas, e te direi quem és.” A citação atribuída a Johann Wolfgang Von Goethe, escritor Alemão, como muitas outras mais semelhantes, tornaram-se ditos populares que expressam na verdade, uma Lei da Criação: A Lei da Atração das Espécies Iguais.

Inconsciente no Reino do espírito, o germe ou a semente espiritual somente poderá despertar e desenvolver-se com sua primeira resolução: o querer ou a vontade de tornar-se consciente.

Ele permanece inconsciente no Reino Espiritual até que lhe surja a vontade de se conscientizar de sua existência. Enquanto esta vontade primitiva não se manifesta, continua germe inconsciente.

As Leis que regem a Criação, perfeitas por terem emanado do Perfeito Criador, condicionam que o caminho para desenvolvimento e conscientização do germe espiritual é a descida nas materialidades, que se situam abaixo do Reino Espiritual. Aí se inicia para esta semente a conscientização.

As penetrar nas matérias, o germe espiritual recebe um invólucro de matéria fina, conhecido como alma e posteriormente pode encarnar na matéria grosseira e utilizar-se do corpo físico que os seres humanos aqui na Terra possuem.

O espírito humano se desenvolve e evolui durante períodos intermediários no Além, ou matéria fina, antes e após as encarnações terrestres no aquém, através das vivências a todo momento, aprendendo a discernir o retorno de suas ações de acordo com as Leis da Criação, aprendendo e adaptando-se conscientemente às mesmas. Logo no início de sua conscientização, a sua capacidade de livre resolução ou livre arbítrio começa a agir.

Esta capacidade liga cada decisão a uma responsabilidade própria e pessoal, à qual o germe não pode transferir a ninguém. As consequências da livre resolução são, portanto, intransferíveis pelo ser humano. E essas consequências são a forma que o espírito evolui, pois lhe trazem, tanto no livre arbítrio bom como no livre arbítrio mau, a recompensa ou o infortúnio de forma multiplicada, que lhe permite discernir se suas atitudes estão ou não de acordo com a Vontade do Criador. É de seu foro íntimo aprender as Leis que regem a Criação dessa maneira, adaptar-se a elas e assim desenvolver-se.

Cada ser humano segue um determinado caminho que é função de sua vontade. Apesar do caminho da criatura humana ser essencialmente individual, nenhum outro ser humano tem um caminho exatamente igual.

Explorando esta existência, fortificando-se cada vez mais, chega a época de se aproximar da matéria grosseira onde recebe o corpo físico terreno para avançar cada vez mais no seu desenvolvimento, pois foi atraído pelas vivências terrenas. E o livre arbítrio, aqui continua a ser exercido igualmente com as suas consequências.

A vontade do germe que vai se desenvolvendo, escolhe o caminho que quer seguir, provando aquilo que sua vontade preferiu e assim sendo atraído por sua opção.

A existência na matéria grosseira possibilita muito mais a compreensão da Leis Naturais, pois aqui devido a maior densidade de matéria, pode discernir com mais tempo as suas resoluções, ponderando melhores soluções. Como o desenvolvimento do espírito é longo, necessita de muitas vivências alternadas nas matérias fina e na grosseira.

Como uma de suas capacidades, o espírito possui a intuição, que é a expressão como se evidencia.

Todo ato humano, quer seja pensar, falar ou agir, subordina-se integralmente às Leis Naturais, inclusive a Lei da Atração dos Homólogos ou Lei das Iguais Espécies, ou seja, qualquer querer humano atrai a mesma espécie de querer de outros espíritos em desenvolvimento e por eles também este querer é atraído, retornando sempre aos autores os frutos dessa vontade de forma multiplicada, conforme a Lei da Reciprocidade ou Lei do Dar e Receber.

Essas espécies iguais reúnem-se em centrais de pensamentos homólogos e passam a influenciar as espécies semelhantes e também a pessoas que momentaneamente tenham pensado de forma igual, mas que não estenderam esse querer adiante. Se o pensamento for ruim, e houver ligação com a central, o ser humano corre o perigo de enredar-se dessa maneira, passando a agir contra as Leis. Pelo contrário, se o pensamento for bom ou nobre, de acordo com a Lei terá excelentes recompensas.

A responsabilidade da criatura humana é muito grande perante a formação de pensamentos ruins. A força de um desses pensamentos mais a influência das centrais pode levar o ser humano a um estado de querer que não só amarra seu livre arbítrio nessa questão, como também pode levá-lo à loucura.

Nossos sonhos, um dia tornam-se realidade. Por nossos sonhos, entenda-se nosso querer intuitivo.

O ser humano terreno é composto de corpo espiritual, de alma e de corpo físico: o espírito embutido na alma e essa embutida no corpo físico. O corpo físico pertence à Terra, ou seja, à matéria mais grosseira, o aquém. A alma pertence à matéria mais fina, o Além. O espírito, a alma e o corpo físico podem interpenetrar-se dessa maneira, devido às suas diferentes espécies.

Mas a intuição pertence ao espírito, pois ele é realmente a existência do ser humano. Alma e corpo terreno são apenas corpos intermediários para o desenvolvimento espiritual, ambas vestimentas provisórias.

Uma vez que a vivência tenha sido intuída, ela se torna experiência e alimenta o desenvolvimento espiritual. Semelhante em muito maior grau aos ensinamentos puramente terrenos, pois estes só servem para as atividades do corpo material.

Como o espírito humano recebeu do Criador, a capacidade de livre resolução, também de acordo com as Leis, o livre arbítrio condiciona total responsabilidade da decisão. Ai também age a Lei da Reciprocidade, outorgando o retorno inevitável e consequente da vontade humana.

Esta capacidade outorga livre resolução a cada momento sobre todos os assuntos nos quais pensa, fala ou age. Com isso o ser humano escolhe a via ou o caminho que quer percorrer na Criação, com vistas ao seu pleno desenvolvimento como espírito, e uma vez terminado este ciclo, de acordo com a Vontade do Criador e regido por suas perfeitas Leis, poderá regressar ao seu verdadeiro lar de onde partiu inconsciente, retornando com plena consciência de suas vivências. É o retorno do filho pródigo.

Conservai puro o foco dos vossos pensamentos, com isso estabelecereis a paz e sereis felizes! (ABDRUSCHIN, Na Luz da Verdade Mensagem do Graal, São Paulo: Ordem do Graal na Terra, Vol. I, 2011)

Se queremos um melhor futuro, puros e bons pensamentos devemos produzir e atrair.

Observação: As Leis Divinas da Criação emanadas da vontade do Criador, também são conhecidas como leis naturais da Criação, leis da natureza, leis cósmicas.

José Guimarães Duque Filho é Engenheiro Civil, Mestre em Edificações.

A ENCRUZILHADA

“O livre-arbítrio! É algo diante do que até mesmo seres humanos eminentes se detêm pensativamente, porque havendo responsabilidade, segundo as leis da justiça, também deve haver incondicionalmente uma possibilidade de livre resolução.” – Abdruschin, Na Luz da Verdade

Diante de uma encruzilhada, que oferece várias direções, ficamos parados. Parados e pensativos: Qual caminho percorrer? O próximo passo nos levará a certas paisagens, experiências e também às consequências decorrentes do percurso escolhido.

A imagem da encruzilhada é comumente usada como metáfora para um ponto crítico na vida, um cruzamento de caminhos em que é preciso tomar uma decisão. É um encontro com o desconhecido, e esse senhor nos intimida. Mas uma encruzilhada pode também simbolizar esperança, uma nova possibilidade de escolher um caminho bom. “Que suas escolhas reflitam suas esperanças, não seus medos”, dizia o estadista Nelson Mandela.

Diante dos diferentes caminhos, muitos se questionam: O que nos impulsiona a enveredar por uma rota específica? Existe o livre-arbítrio? Qual a sua relevância, se consideradas variáveis como a genética, o destino, o carma e, ainda, os experimentos da neurociência? Pressionado adicionalmente pelo materialismo, pelas artimanhas de todo tipo de marketing e pelas avançadas tecnologias que pretendem determinar impulsos de compra e opiniões, o livre-arbítrio parece bem tolhido no tempo presente.

Podemos tomar como premissa que uma parte das questões que nos afetam no presente já tenha sido determinada por nossa livre vontade em épocas passadas e agora consiste em destino ou carma. Podemos assumir também que somos influenciáveis em muitos aspectos.

Mas, por baixo das camadas materiais, há algo que pulsa no âmago de cada ser humano. Um anseio que, por vezes, brota antes da consciência e pode ir, inclusive, contra sua própria racionalidade. Em situações inusitadas ou exigentes, podemos reagir de formas diferentes daquelas que imaginávamos e chegamos a ficar surpresos com nossa própria maneira de ser. Somos indivíduos.

Talvez só seja possível admitir a existência do livre-arbítrio ao constatar que o ser humano é algo mais do que matéria: “O livre-arbítrio, que sozinho atua tão incisivamente na verdadeira vida, de modo que se estende para longe no mundo do Além, que imprime seu cunho à alma, sendo capaz de moldá-la, é de espécie totalmente diferente. Muito maior para ser tão terrenal. Por isso não está em nenhuma ligação com o corpo terreno de matéria grosseira, portanto, nem com o cérebro. Encontra-se exclusivamente no próprio espírito, na alma do ser humano”, escreve Abdruschin em Na Luz da Verdade.

Atualmente, escutar o livre-arbítrio não é processo instantâneo e nem fácil. Um tanto sufocado por conta de uma longa história de cultivos materiais em detrimento de aprofundado trabalho interior, o arbítrio talvez não esteja tão livre quanto seria desejado. Mas isso não significa que absolutamente tudo seja predeterminado e que somos apenas previsíveis fazedores de coisas.

Questionar-se sobre o alcance do próprio livre-arbítrio é o começo para instigar a forma individual e particular de se expressar e de fazer escolhas. O que nos limita? Correntes criadas por nós mesmos e outras que nos amarram aos outros? Carência e necessidade de aprovação? Imersão demasiada em grupos e na família, causando quase uma dissolução do “eu”? A soberania que ofertamos a um prazer cotidiano até que ele cresça senhor de nós?

Exercer a livre decisão é resgatar uma parcela de liberdade e de responsabilidade para si, cultivando a autonomia. Para tanto é preciso religar as conexões com a voz que vem de dentro. Escutar a voz da alma e libertar o que oprime, oferecendo voo às asas. Cada um como ser único, singular, capaz de frutificar em cada nova encruzilhada que a vida puder ofertar.

Publicado originalmente em O Vagalume, Literatura do Graal
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