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A REAL HISTÓRIA DO PLANO REAL

O Plano Real revolucionou o cenário econômico do país e permitiu mais de uma década de estabilidade de preços. Algo extremamente valorizado após um período de hiperinflação. Mas não o fez sem consequências para o país: o preço foi alto e continua a ser pago até hoje. A nova moeda resolveu a inflação, mas não sua maior causa: o desequilíbrio fiscal.

A jornalista Maria Clara R. M. do Prado, à época assessora do então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, esteve à frente da divulgação das várias etapas do Plano Real e as revela numa uma reportagem de fôlego, repleta de informações até então inéditas. No livro A REAL HISTÓRIA DO REAL, ela mostra os bastidores da concepção do real. As articulações feitas nas frentes políticas, econômica, internacional e de comunicação, além de documentos inéditos dos integrantes da equipe econômica.

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FALTAM RUMOS E METAS

Como explicar a estagnação econômica do Brasil? A China e outros países aproveitaram condições mais favoráveis no câmbio e no custo de fabricação, tudo em favor das exportações. No Brasil, muitos empresários se acomodaram na zona de conforto do conluio com o governo. Outro importante fator negativo é o descalabro nas contas públicas da União, estados e municípios, decorrente da má gestão pública por incompetência ou por más intenções, elevando o custo do dinheiro. Isso tudo evoluiu para a atual estagnação. O país tem de encarar os embaraços existentes com realismo.

Os três poderes se mantiveram acomodados, vivendo no país das maravilhas, enquanto as dificuldades iam crescendo. O atraso é grande e se nada for feito para reequilibrar a situação, o país tenderá ao atraso político-econômico semelhante ao dos países africanos. Mas a turma prefere brigar pelo poder. Juros altos atraem dólares valorizando o real e barateando importados. Foi bom enquanto durou. Não produzimos dólares, mas temos muitas contas na dita moeda.

Economistas experientes cobram mais efetividade do governo no combate à estagnação e na dinamização da atividade econômica, além das correções necessárias na previdência. Mas nas atuais condições de baixa renda e encalhe de manufaturados no mundo, resta saber onde os investidores poderiam alocar os seus recursos com sucesso. As organizações globais permitiram o desarranjo do parque industrial transferido para a região asiática em que há mão de obra e outros fatores bem abaixo do padrão ocidental.

As dificuldades surgiram devido à displicência financeira e administrativa do governo que permitiu acúmulo de juros no montante de dois trilhões de reais de 2012 a 2017. O ajuste fiscal é imperioso, mas há que se reorganizar a produção e comércio global, pois a precarização avança pelos países sem que haja como dar trabalho e renda às respectivas populações.

A dívida chega a 80% do PIB e com isso a desindustrialização avança. A previdência é a casca do problema econômico do Brasil, mas o caroço é a desintegração da economia e o desemprego de milhões. A China aumentou de forma considerável a produção em busca de dólares. O equilíbrio deveria ser o alvo da economia global. Alguns países acumularam ganhos no jogo da globalização; outros, como o Brasil, tiveram perdas. Atualmente o país está endividado e não consegue dar pleno atendimento às necessidades de sua população. Há grande liquidez no mercado global, mas também elevadas dívidas. Se os juros subirem, tudo vai desabar.

A criação de riqueza decorre da produção, a qual gera emprego, renda e consumo. Aqui tivemos o inverso disso na indústria. O real valorizado, em consequência de juros exorbitantes, colocou os manufaturados nacionais em desvantagem competitiva. Com isso perdermos empregos, mas ampliamos o crédito. A dívida pública já chega a cerca de um trilhão de dólares, e a arrecadação não cobre os gastos. Já não é mais a depressão de um ciclo; é um buraco muito grande. Como solucionar? O Brasil ficou com a dívida descontrolada, como reconhecem muitos economistas, devido à dose cavalar de juros com seus efeitos negativos sobre a atividade econômica. É preciso conter a sangria.

Moeda é questão fundamental, mas pouco estudada e entendida. No século 20, ocorreu a grande ascensão do dinheiro papel e daqueles que detém o seu controle. Uma ideia bem estruturada ao lado do Estado, desenvolvida através dos séculos para criar a mercadoria desejada por todos: o dinheiro, em papel ou digital.

O dinheiro passou a ser a mais cobiçada mercadoria e a vida passou a girar em torno dele. A economia atingiu os extremos nas finanças e na produção num novo vale-tudo para acumular dinheiro. Há superprodução de bens e dinheiro gerando desequilíbrios. Na África, falta o que comer apesar de sua riqueza mineral. No Brasil e em outros países, não está dando para produzir e obter lucro. Não surgem empregos, aumenta a precarização.

O globalismo está mais para saco de gatos em que os mais fortes comandam os mais fracos, destruindo a natureza, ampliando a miséria fora da área dominante, sem respeito aos interesses econômicos mútuos para assegurar relações equilibradas. As novas gerações precisam de preparo que as fortaleça interiormente para que estabeleçam metas de vida edificante. O mesmo tem de ocorrer com o país.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

DO OURO AO PAPEL

Originalmente, havia a mercadoria que todos queriam e que era utilizada como a base das trocas, até chegar no uso do ouro e outros metais. Depois veio o papel, que representava o metal. Por fim, o papel desvinculado do metal. O aspecto fundamental é o controle e emissão do papel. O dólar se tornou a moeda mundial dominante, dando origem ao dinheiro que faz dinheiro, e nisso se foi fundamentando a economia real que em dado momento ficou subordinada às finanças. O câmbio se tornou a grande incerteza que trava tudo, pois flutua sem parâmetros, difícil de explicar e entender.

Com a ausência de planejamento em suas contas, os países se tornaram dependentes de dólares, a classe política sempre que pode vai negociando algum para si e fecha os olhos, permitindo que o país caia nas malhas dos financiamentos dos quais o governo acaba ficando refém. São dívidas enormes, com comissões e juros pesados que, na maioria das vezes, não trazem melhorias para a população, embora esta sempre sofra as consequências.

Vemos tanta miséria pelas cidades e percebemos que há algo errado na trajetória do ser humano. O que será? O carma? A desigualdade na apropriação dos recursos naturais? O querer egoístico? É tudo isso, cada fator em decorrência do outro; é a grande semeadura esquecida que apresenta os frutos.

O mundo vive um momento de inquietação e incerteza. Há muito falatório e informações desencontradas. A globalização complicou mais ainda, pois cada povo tem de conduzir o seu destino com as peculiaridades que lhe são próprias para formar raízes. A China está olhando para si e agindo; cobriu os custos internos com sua moeda, exportou em dólares e fez sua reserva. Os outros estão olhando para a China e esperando o quê para dar uma ajustada na economia?

Permanentemente os sanguessugas vão mamando à vontade, as grandes corporações também. Quem não mama nas vantagens e incentivos vai embora. No período Dilma o papagaio da dívida subiu próximo a 5 trilhões de reais. Na luta pelo poder, o país sofre e permanece no declínio. O que vai ser do Brasil? Os gurus econômicos e políticos, nacionais e internacionais, poderiam ajudar mais.

Estamos sendo enrolados desde os anos 1980. O jornalista Luis Nassif fez o diagnóstico: o plano real foi bom, mas o seu alongamento acabou com a energia taurina da indústria. Agora, com a situação econômica agravada pela incompetência, corrupção e endividamento, o atraso ficou enorme, sem que os reais problemas existentes sejam tratados com firmeza. O déficit da previdência precisa ser resolvido, mas e quanto ao resto: produção, empregos, equilíbrio nas contas internas e externas? Nos últimos 25 anos era para tudo isso ter sido equacionado, faltaram estadistas patriotas e bom preparo das novas gerações.

Na educação falimos, não se sabe o que querem os jovens do Brasil. A questão dos jovens é de suma gravidade, pois não aprenderam desde cedo a lei do equilíbrio e pensam que podem tudo, sem esforço nem responsabilidade. A energia da adolescência é dirigida para a licenciosidade sem ter reconhecido a grande responsabilidade do ato de geração. Habilidosos teóricos insuflam o ódio sem querer reconhecer a lei espiritual da reciprocidade. Os teóricos vêm de longa data. Marx começou e vieram outros que foram interpretando a vida ao seu bel-prazer esquecendo que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

O presente resulta de décadas de irresponsabilidade da classe política em conluio com os aproveitadores oportunistas e da indolência dos seres humanos. Por que muitas nações não conseguem alcançar progresso e qualidade de vida similar às nações desenvolvidas? O jornalista científico norte-americano Daniel Goleman diz que, de maneira geral, os pais não conseguiram transferir seus valores para os filhos.

A falência da escola é uma questão que requer aprofundamento. Houve um declínio geral a partir dos anos 1970. A burocracia sucumbiu diante de pressões com interesse em moldar o comportamento das novas gerações resultando em apagão mental, indisciplina e revolta instilada por ideologias socialistas que induzem a ideia de que está tudo errado, não dá para aproveitar nada e a solução é destruir. Quanto pior, melhor. Faltam propósitos nobres. É preciso ser forte e confiar nas leis da Criação.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

COMÉRCIO EM EQUILÍBRIO

Num artigo publicado em 2018 pelo jornal O Estado de S. Paulo, Cláudia Trevisan fez ampla análise da situação econômica da China, cujo primeiro ministro Xi Jinping a está delineando como superpotência. Ele considera o modelo chinês “exportável”, declarando que o sucesso dos últimos 40 anos pode ser um modelo para países em desenvolvimento que buscam progresso econômico.

A manutenção do Partido Comunista no comando e no controle geral da sociedade chinesa visa adaptar o marxismo à realidade atual do mundo. Jinping adotou um tom triunfalista ao lembrar as conquistas das últimas quatro décadas, período no qual seu país se transformou na segunda maior economia, na maior potência comercial e no maior detentor de reservas internacionais do mundo.

Utilizando políticas industriais que colocam o Estado na busca do desenvolvimento das tecnologias que dominarão a economia do Século 21, a China avança na produção de manufaturas para exportar e na tecnologia de ponta, enquanto muitos países, inclusive o Brasil, se encheram de dívidas, enfrentado queda na produção, na arrecadação, no salário e na aposentadoria, embora o custo de vida vá sempre sendo atualizado.

Com a subida dos juros americanos, a dívida externa dobrou nos anos 1980 e o Brasil quebrou. Toda exportação foi usada para pagar juros e resgates, uma vez que o governo emitia para comprar os dólares e inundou o mercado de moeda que se depreciava diariamente. Dívida é a mais crítica questão da gestão pública. Aí a irresponsabilidade novamente levou o país à beira do abismo, sem que tivesse destinado os valores em benfeitorias de real proveito. Muitos Estados quebram porque gastam mal e acima do que arrecadam, se endividam e depois ficam insolventes.

Com a possibilidade de emitir dinheiro do nada, o combustível do comércio se tornou tóxico. Quanto mais moeda em circulação, maior montante passa a ser exigido devido à depreciação do poder de compra, até que num dado momento vem a parada geral; é quando os preços caem, dando chances a quem tiver dinheiro para boas aquisições para recomeçar um novo ciclo.

Ricos ou pobres, em geral os Estados não dão muito apreço à natureza. A exploração de minérios no Brasil mostra a triste realidade de uma civilização que, por sua cobiça por uma riqueza menor, perdeu a visão da beleza e da grande riqueza da natureza que a tudo sustenta. A displicência e irresponsabilidade se observam de modo geral em tudo no país.

Tudo foi sendo deixado ao acaso, cada um agindo como lhe apetecia. Desindustrialização. Uso geral dos computadores restringindo o ser humano e suas capacitações que vão se perdendo. O apagão moral e mental se espalhando. Cada um acha que o problema é do outro e ninguém toma uma atitude para verificar claramente o que está acontecendo. Falta transparência. Pão e circo, despreparo das novas gerações e escandalosa transferência das riquezas estão fazendo do Brasil um abismo de lama.

Na medida em que as novas tecnologias vão sendo utilizadas em larga escala para reduzir custos e ampliar o controle sobre as pessoas, as atividades vão entrando em rígidas rotinas que se resumem em apertar botões. Se as pessoas não se dedicarem a outras atividades como a leitura e estudos sobre o significado da vida acabarão emburrecendo, perdendo o foco e a capacidade de pensar com clareza.

A invenção da moeda e do crédito acabaram estabelecendo o “financeirismo” como a prioridade dos líderes. A China percebeu isso e voltou sua economia para o acúmulo de moeda global e aumento de poder. Triunfante, Xi Jinping oferece o modelo chinês como tipo de governança que está dando resultado. Mas seja qual for o tipo de governança, o aprimoramento da espécie humana não tem sido o alvo prioritário da humanidade.

Por que cerca de um bilhão de chineses permaneceram na miséria por longo tempo? Por que a miséria e a precariedade estão aumentando em várias regiões, inclusive no Brasil? Evidentemente, o bom preparo da população e definição de metas que promovam a continuada melhora das condições contribuiria para impedir a instalação da pobreza e miséria, mas, além disso, para que haja progresso, o intercâmbio entre os países requer equilíbrio livre de cobiça, progredindo a economia em paralelo com a evolução natural da vida.

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br. É autor dos livros: “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”;“2012…e depois?”;“Desenvolvimento Humano”; “O Homem Sábio e os Jovens”; “A trajetória do ser humano na Terra – em busca da verdade e da felicidade”; e “O segredo de Darwin – Uma aventura em busca da origem da vida”(Madras Editora). E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7